A grande força da alternativa
O XIX Congresso do PCP, que teve lugar entre sexta-feira e domingo em Almada, elegeu o novo Comité Central, definiu as orientações para os próximos quatro anos e aprovou as alterações ao Programa do Partido. Como afirmou, no encerramento, Jerónimo de Sousa, «importa agora prosseguir a edificação da obra: reforçar o Partido, alargar e intensificar a luta, afirmar a necessidade e a possibilidade da política alternativa patriótica e de esquerda, cimentar e construir uma alternativa política capaz de a concretizar.»
Do Congresso saiu a afirmação do PCP como grande força da alternativa
«O que os trabalhadores e o povo esperam deste Congresso é que o Partido saia daqui mais forte, em todos os planos. Estaremos mais uma vez à altura das nossas responsabilidades.» Esta convicção, expressa por Margarida Botelho, da Comissão Política, na sessão de abertura, seria confirmada durante os três dias de intenso trabalho do XIX Congresso do Partido.
Em muitas dezenas de intervenções – do Secretário-geral, de membros do Comité Central ou de militantes que desempenham as suas tarefas nas empresas ou nas localidades – surgiram magníficos testemunhos de reforço da organização e influência do Partido, de que é apenas um exemplo o recrutamento de 5800 militantes desde o XVIII Congresso (dos quais 161 foram agora delegados).
Mas nessas intervenções falou-se também dos avanços na luta dos trabalhadores e do povo e dos passos em frente na necessária convergência com outros que, não sendo comunistas, se juntam em número crescente à luta e às causas do PCP. Ao referirem tudo isto, era já da política patriótica e de esquerda que falavam, do combate diário pela Democracia Avançada e pelo socialismo. Pode não ser para amanhã – certamente não o será – mas todas as lutas contam para atingir estes objectivos.
Todos estes temas, e muitos outros, estão profusamente consagrados e explicitados no Programa do Partido (com as alterações efectuadas no Congresso) e na Resolução Política. Ao Comité Central eleito caberá uma grande responsabilidade no cumprimento das linhas políticas definidas em tempos que se avizinham duros.
Álvaro Cunhal presente!
O XIX Congresso do Partido teve muitos momentos de emoção, daquela que se sente e se vive de forma colectiva e que, portanto, é normal encontrar em realizações do PCP. Uma delas foi a homenagem a Álvaro Cunhal, na tarde de sábado, a propósito das comemorações do centenário do seu nascimento. Num filme projectado no ecrã gigante por trás da mesa da presidência, destacou-se o seu papel na construção do Partido, na luta pela liberdade e contra o fascismo, e nas transformações revolucionárias de Abril.
Mas nem seria necessário ter passado o filme para que Álvaro Cunhal tivesse estado presente no Congresso, pois a sua marca permanece indelével no Partido que nos legou, no seu exemplo de militante e na sua vasta e rica obra teórica, na qual se inclui o programa de uma Democracia Avançada que, embora actualizado no Congresso, não perdeu a sua matriz essencial.
Para além de Álvaro Cunhal, o Congresso prestou ainda uma sentida homenagem a dois outros históricos dirigentes do Partido que desapareceram nos últimos anos, Joaquim Gomes e António Dias Lourenço, com a promessa gritada a plenos pulmões de que «a luta continua».
As intervenções dos representantes de Cuba, Timor-Leste, Palestina e Venezuela foram saudadas com entusiasmo pelos milhares de pessoas que encheram o recinto do Congresso durante os três dias, revelando o carácter profundamente internacionalista do PCP.
Emotivo foi também o encerramento do Congresso, com delegados, convidados e todos aqueles militantes que, de forma discreta mas profundamente dedicada, asseguraram os serviços essenciais ao funcionamento do Congresso, se abraçaram para cantar A Internacional, o Avante, Camarada e A Portuguesa, num inequívoco sinal de unidade, determinação e combatividade.
Agora, como sublinhou Jerónimo de Sousa, é tempo de «prosseguir a edificação da obra», com a força imensa que o Congresso deixa no coração e nas convicções de todos quantos nele participaram. Que foram muitos mais do que os que couberam no pavilhão de Almada.
O Congresso em números
- Estiveram presentes no Congresso 1241 delegados. Destes, 1030 delegados efectivos (e 992 suplentes) foram eleitos em 517 assembleias electivas.
- Dos delegados eleitos, 883 foram propostos pelos organismos de direcção, 102 pelas assembleias e 45 por fusão de propostas.
- Os delegados por inerência representavam 18,5 por cento do total.
- Procedeu-se à substituição de 53 delegados efectivos pelos respectivos suplentes, eleitos nas mesmas assembleias.
- Ao nível etário, 34,3 por cento dos delegados tinham menos de 40 anos, sendo a idade média de 48,2 anos (tendo o delegado mais novo 15 anos e o mais velho 86).
- Dos delegados presentes, 30,1 por cento eram mulheres e 69,9 por cento homens.
- 161 delegados tinham aderido ao Partido desde o XVIII Congresso, realizado em 2008.
- 86 eram simultaneamente membros do Partido e da JCP e 191 eram funcionários do Partido.
- 65 por cento dos delegados eram dirigentes de movimentos e organizações de massas (22,7 por cento dos quais membros de Comissões de Trabalhadores ou activistas sindicais) e 39,9 por cento eram eleitos em diversos órgãos do poder local e central.
- Realizaram-se, em toda a organização do Partido, 1257 reuniões, debates e assembleias electivas, nas quais participam mais de 18 mil militantes.
- Chegaram à Comissão de Redacção mais de 1900 propostas para o Projecto de Resolução Política e mais de 600 relativas ao Programa do Partido.
Fotógrafos do XIX Congresso
- Da Maia Nogueira
- Daniel Azevedo
- Inês Seixas
- João Casanova
- Jorge Cabral
- Jorge Caria
- Rogério Pedro
- Rui Henriques