A incerteza da emigração
Apesar do primeiro-ministro Passos Coelho, e outros membros do elenco governativo, insistirem que a emigração é uma solução para os que em Portugal vêem negado o direito ao emprego com direitos, a realidade enfrentada pelos portugueses que procuram noutros países o que não encontram no seu parece desmentir Passos Coelho.
Segundo informações divulgadas pela Lusa, com base nas estatísticas do Ministério do Emprego e Segurança Social, só em Espanha a percentagem de cidadãos nacionais desempregados pode ascender a 26 por cento do total.
Oficialmente, a taxa situa-se nos 17,8 por cento, mas a agência de notícias portuguesa acresce a estes 9767 indivíduos que recebem subsídio de desemprego, outros seis mil (mais 37 por cento) que o não recebem, usando, aliás, o mesmo método que as autoridades espanholas para calcularem a diferença entre desemprego oficial e real.
Por outro lado, a Lusa noticiava anteontem que a Santa Casa da Misericórdia de Paris (SCMP) organiza, a partir de hoje, dia 4, um serviço de permanência gratuita. O objectivo, esclareceu a entidade, é responder ao aumento de solicitações de emigrantes na reforma, mas, também, de portugueses recém-chegados, ambos em situação de carência.
No mesmo sentido, a Associação Lusófona de Montpellier revelou que o número de casos de trabalhadores portugueses enfrentando situações de sequestro da família, pressão sobre os filhos, ou sequestro dos documentos por parte de patrões tem vindo a crescer.
«Não quer dizer que não haja franceses [envolvidos em episódios deste género], mas a maior parte dos casos é [da responsabilidade de] patrões portugueses», disse um responsável da Associação, citado pela Lusa.