Sejam bem-vindos

Manuel Gouveia

Ainda não havia troika, andavam Sócrates e Coelho a negociar os PEC, e já denunciávamos que essa política «não resolveria um problema do País, antes os iria agravar a todos». Quando chegou a troika ocupante, e tantos fizeram bicha para lhe prestar vassalagem, fomos recebê-la com concentrações de protesto e gritámos «O FMI não manda aqui!». Quando disseram que tudo era inevitável, apontámos alternativas. Quando postularam a inutilidade de resistir, nós resistimos. Quando falaram em sacrifícios nós denunciámos o roubo.

Estivemos com os trabalhadores dos transportes, que há mais de dois anos resistem ao brutal ataque lançado contra os seus direitos e as suas empresas, enfrentando ainda um imundo mar de calúnias e infâmias. Estivemos em três greves gerais. Estivemos com os professores, com os médicos, com os profissionais das forças de segurança, com os trabalhadores da TNC, da Valadares e dos Estaleiros de Viana, com cada sector, cada empresa que se levantou e resistiu.

Estivemos e estamos onde escolhemos estar desde sempre: na vanguarda da resistência e da luta.

No dia 15, à massa que connosco resiste a esta ofensiva somaram-se muitos milhares que pela primeira vez estiveram numa manifestação, que pela primeira vez disseram não a este Governo e a esta política. Uns, dando passos hesitantes mas alegres, como quem corre a recuperar de um atraso. Outros, os ainda analfabetos políticos, afirmando arrogantemente o seu atraso em slogans contra «os» partidos e «a» política.

A todos dizemos bem-vindos à luta. Mas tomai a luta pelo que ela é: a necessidade de retirar do poder os grandes capitalistas e de colocar no poder os trabalhadores e o povo; a necessidade de reforçar, construir, organizar, unificar as forças que poderão concretizar essa mudança de poder. Política com P grande. Lutando sempre e por cada reivindicação, não lutamos por menos, porque por menos ficará tudo como está e nós queremos que isto mude!

 

 



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