Isto não vai lá com milagres
Reina o espanto no país que faz-de-conta: para espanto de mortais e imortais, aconteceu o que sempre se soube que ia acontecer. Quem não nos vinha salvar não nos salvou, os défices que não iam descer subiram, as dívidas que não iam ser pagas aumentaram com o dinheiro que nunca esteve para ser oferecido mas simplesmente foi emprestado a juros de agiota, o desemprego disparou quando sempre se soube que ia subir muito, e os sacrifícios que nunca foram temporários nem sacrifícios somam-se uns aos outros nas costas dos trabalhadores e do povo.
Em tempo de crise e de milagres, «os portugueses» compram mais casas de luxo, mais iates, mais topos de gama, mais aviões particulares, mais jóias de luxo, assim se comprovando que a política de direita traz resultados positivos para quem é desenhada e que «os portugueses» é uma realidade estatística onde se esconde a secular luta entre exploradores e explorados.
E os bandalhos todos, os que estão no seu turno de governo e aqueles a quem toca agora violentamente se absterem ou cordatamente votarem contra, os bandalhos todos dizem-nos a mesma coisa: é preciso mais sacrifícios ou sacrifícios mais inteligentes. E preparam-se para fazer exactamente o que sempre fizeram prometendo que desta vez, por milagre, o resultado vai ser diferente.
Dos donos dos bandalhos, as forças ocupantes, depois de mais um ano a roubar-nos, não escutamos um «obrigado» ou mesmo um «até já», apenas o permanente «queremos mais». Querem o resto das nossas empresas públicas enquanto espalham uns milhões em comissões qual milho para ministro debicar. Querem os nossos salários mais baixos e a nossa precariedade mais alta. Querem decidir o que produzimos e principalmente o que não produzimos, o que vendemos e principalmente o que lhes compramos. Querem mais, sempre mais. Querem tudo, e ainda querem que lhes fiquemos a dever tudo o que têm.
Na Festa e com a Festa afirmamos a mensagem de confiança do Partido nos trabalhadores e no povo português: Isto vai, mas não vai lá com milagres. Vai lá com o trabalho e os trabalhadores. Vai lá com determinação e organização. Vai lá com luta e pela luta. Vai lá com o PCP e no PCP!