Espalhar a fome e a miséria
Em sérias dificuldades económicas e sociais vão ficar muitos dos trabalhadores da Hydro Building Systems, sediada em Pombal, distrito de Leiria, agora que esta decidiu fechar portas no final do ano. Para a grande maioria deles o despedimento está já anunciado para 17 de Setembro, data em que termina o período de férias decidido pela administração. A laborar até 31 de Dezembro ficam oito trabalhadores, apenas para assegurar as encomendas.
Alega a administração da empresa para a sua decisão de fechar portas a diminuição das vendas e de clientes, fruto da crise no sector da construção civil. Ora o que se sabe é que o grupo austríaco Hydro Building Systems é um dos líderes mundiais na área de sistemas de alumínio para a construção, com empresas em mais de 40 países, não sendo por isso aceitável que ao mínimo sinal de dificuldade a opção do patronato seja tomar o caminho fácil do despedimento.
A acompanhar com preocupação a situação destes trabalhadores (entre os quais vários casais) está o Grupo Parlamentar do PCP, que diligenciou já junto do Governo no sentido de saber qual o seu conhecimento sobre mais esta liquidação de postos de trabalho que vai ensombrar o futuro de muitas famílias.
Em requerimento dirigido ao Ministério da Economia e Emprego, o deputado comunista Bruno Dias indaga concretamente sobre as medidas adoptadas pelas autoridades competentes relativamente a este processo que, a manter-se, significará o despedimento de 79 trabalhadores.
Futuro incerto na Jaulino
Razões para descontentamento e para temer pelo futuro têm também os trabalhadores da empresa transportadora Jaulino, em Meirinhas de Cima, Pombal. É que vários deles continuam sem receber 50 por cento dos subsídios de Natal e de férias, além de dois meses e meio de salários em atraso, sem falar da decisão do patrão de aplicar unilateralmente a outros trabalhadores uma «redução salarial». Situação esta que levou inclusivamente os trabalhadores a realizar uma greve de dois dias em Junho. A resposta do patrão, essa, diz bem do seu quilate: aos trabalhadores que aderiram à greve, manteve os salários em atraso; aos demais, pagou uma parte.
Para cúmulo, fala-se na suspensão intencional das relações comerciais do empresário com vários clientes, como forma de legitimar a sua ulterior decisão de antecipadamente «mandar para férias» os trabalhadores. Por trás destes expedientes pode estar ainda a eminente dissolução da empresa, o que seria uma tragédia para os seus cerca de 50 trabalhadores.
Daí a pergunta igualmente formulada pela bancada comunista ao Governo com vista a saber que medidas foram já tomadas no âmbito deste processo. No texto, o deputado comunista Bruno Dias exige, nomeadamente, que o Ministério da Economia e Emprego esclareça se tem conhecimento da prática discriminatória e perseguição exercida sobre trabalhadores que exercem o seu legítimo direito à greve, e que informe sobre as medidas por si adoptadas para pôr cobro a tais ilegalidades.