A cavalgada «triunfal» do capitalismo…

Jorge Messias

«Opomo-nos a uma conspiração monolítica e impiedosa ao redor do mundo, que se baseie principalmente na forma encoberta de que se serve para expandir a sua influência: infiltrações em vez de invasão, subversão em vez de eleições, intimidação em vez de livre escolha, guerrilhas durante a noite, em vez de exércitos à luz do dia...» (John F. Kennedy, presidente dos EUA, “Alocução sobre sociedades secretas”, 27.4.61).

«Em 27.11.83, João Paulo II promulgou uma bula que legalizou a participação dos católicos nas sociedades secretas. João Paulo II costumava algumas vezes mostrar-se em público com o ceptro de metal de ponta vergada, esculpido com uma imagem desvirtuada de Cristo, um símbolo sinistro usado pelos satanistas do século VI que foi novamente colocado em uso pelo Concílio Vaticano II… Os illuminati, a Maçonaria e o Vaticano actuam conjuntamente para implementarem a Nova Ordem Mundial capitalista» (René Chendelle, “Os illuminati e a grande conspiração mundial”, Edições Estampa).

«A estatística permite ver a rapidez com que cresce a espessa malha que abarca todo o país, centraliza todos os capitais e receitas monetárias, converte milhares e milhares de empresas numa só empresa capitalista – nacional, a princípio; e, depois, mundial» (V. I. Lenine, “O imperialismo, fase superior do capitalismo”, 1917).

A dolce vita, a recordar as loucuras de 1929, quando a Bolsa de Nova Iorque «estoirou», resistiu uns anos mas pouco tempo durou nesta nova crise do capitalismo. Antes, a decadência financeira do sistema tinha-se ocultado do grande público através de histórias da carochinha bem montadas mas, em 2008, a verdade veio implacavelmente à superfície. Os estados capitalistas tinham acumulado dívidas públicas brutais. E não fora o pequeno despesismo dos cidadãos que conduzira as nações a tal situação de desespero. Nem sequer o fatalismo da globalização ou do euro tinha tido aceitação popular. O grande culpado destas vergonhas era o Capitalismo. E assim continua a ser.

Em Portugal e em Espanha, a crise é real e produz o desemprego, a pobreza, o desespero e um enorme fosso que não cessa de crescer entre ricos e pobres, filhos e afilhados. Mas torna-se evidente que à crise real se junta secretamente um plano destinado a permitir a ocupação do poder pelas grandes fortunas politicamente organizadas. Na Península Ibérica e em todo o mundo desenha-se os cenários de uma fase suprema da luta de classes.

Para tentarmos retomar a linha de exposição da última semana, no Avante!, observemos que as grandes linhas de expansão e concentração de capitais da Igreja já se encontravam em fase avançada nos princípios de 1960, há mais de cinquenta anos. O grupo do Opus Dei (e havia vários outros, católicos, no mercado) estava já então presente nos serviços, seguros, construção civil, publicidade, equipamentos e financiamentos privados, sector editorial e da comunicação, cinema, audiovisual, indústrias metalúrgicas, químicas, cimenteiras, mineiras, farmacêuticas, etc., etc.

Esta «ponta de lança» funcionava como as actuais troikas: infiltrava-se, subvertia, e alimentava «guerrilhas durante a noite, em vez de exércitos à luz do dia».

As ligações ibéricas entre a cruz e o cifrão eram notórias.

Desde a década de 60 que a primeira figura do Opus Dei, um illuminati, era o prof. de Coimbra, Gregório Ortega Prado. Todo o mercado português parecia então dominado pelo grupo CUF. O que não era totalmente verdade. Em parte, a CUF era uma fachada por trás da qual dominavam os bancos espanhóis liderados pelo Opus Dei, empresa-mãe do Vaticano, pela Cofisa e pelo Banco Hispano-Americano, todos ligados à Sociedade Portuguesa-Americana de Fomento Industrial, o mais importante financiador do Estado fascista português nas guerras coloniais.

Esta fase terminou ingloriamente para a Igreja, com um fenomenal desfalque e a fuga de Ortega Prado para a Venezuela… A verdade, porém, é que muitas raízes essenciais tinham sido lançadas à terra. Centralizou-se os bancos. Modernizou-se os circuitos financeiros. Instalou-se a noção de formação em rede. Progrediu o conceito de globalização, já então existente nas mentes de uma élite.

Foi nesta fase que a Igreja consolidou uma frente interna destinada a apoiar o mito de que a religião não é o ópio do povo. Posição absurda e insensata.

(continua)



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