Banca afunda a Espanha
Ao mesmo tempo que o governo conservador de Mariano Rajoy inflige pesados sacrifícios ao povo, os maiores bancos do país estendem a mão e recebem milhares de milhões do Estado.
Governo espanhol admite pedir ajuda externa
O Bankia, quarto maior banco de Espanha, anunciou, dia 25, que necessita de mais 19 mil milhões de euros para sanear as suas contas, depois de já ter recebido, no início do mês, uma ajuda no valor de 4,5 milhões de euros.
Ao todo o Estado deverá assegurar um financiamento ao Bankia na ordem dos 23,5 mil milhões, valor que constitui um recorde histórico e coloca o país numa periclitante situação financeira.
O pior é que, segundo o jornal El Mundo (28.05), outros bancos precisam igualmente de fundos, estimando que o Estado será chamado a injectar mais 30 mil milhões em pelo menos mais três instituições privadas: CatalunyaCaixa, NovacaixaGalicia e Banco de Valencia, já antes intervencionadas.
O mesmo diário afirma, citando fontes governamentais, que dada a dificuldade de se financiar nos mercados, o governo deverá pedir ajuda ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) ou mesmo ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Todas estas intervenções, que somadas ascendem a 53,5 mil milhões de euros, representam na prática a nacionalização de boa parte da banca espanhola.
Banco público
para sair da crise
Para o coordenador da Esquerda Unida, Cayo Lara, caso se confirme a criação de um grande banco público, que integre as entidades falidas e nacionalizadas, então o Estado deverá manter nas suas mãos o sector, de modo a garantir segurança aos depositantes e melhorar o acesso ao crédito às famílias e pequenas e médias empresas.
Em conferência de imprensa, dia 27, Lara lembrou que a sua formação sempre defendeu uma «banca pública, afastada de acções especulativas e que sirva para uma saída social da crise, propiciando um novo modelo de desenvolvimento produtivo».
Cayo Lara revelou ainda que nem o Partido Popular, no governo, nem o Partido Socialista se mostram dispostos a aprovar uma comissão de inquérito sobre a crise do sistema financeiro em Espanha, e mais concretamente sobre o que aconteceu no Bankia. E insistiu que «há uma cadeia de responsabilidades, também políticas, por que foram as políticas governamentais» que levaram à actual situação.