Jubileu do Pravda

100 anos de história plenos de futuro

No ga­bi­nete de Boris Ko­motskiy, chefe de re­dacção do Pravda, dois ele­mentos atraem o olhar dos vi­si­tantes: a re­pro­dução da co­nhe­cida fo­to­grafia de Lé­nine lendo o jornal que fundou a 5 de Maio de 1912, e um gi­gan­tesco globo ter­restre. De ambos emana uma men­sagem que mantém toda a sua ac­tu­a­li­dade – Pro­le­tá­rios de todos os países UNI-VOS!

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Ao dar as boas-vindas aos re­pre­sen­tantes de mais de 25 jor­nais de par­tidos co­mu­nistas e ope­rá­rios que se des­lo­caram a Mos­covo para par­ti­cipar nas co­me­mo­ra­ções do cen­te­nário do Pravda, Boris Ko­motskiy fez questão de su­bli­nhar que esta foi a pri­meira vez, nos úl­timos 20 anos, que os co­mu­nistas russos le­varam a cabo uma ini­ci­a­tiva desta en­ver­ga­dura. Sem es­ca­mo­tear as di­fi­cul­dades so­fridas no pe­ríodo pós-so­vié­tico e lem­brando as vi­cis­si­tudes por que passou o jornal – «foi um tempo de trai­ções, de ata­ques às nossas sedes, de es­bulho do pa­tri­mónio do par­tido...» –, Ko­motskiy en­fa­tizou o sig­ni­fi­cado do ju­bileu de um jornal que já teve 300 jor­na­listas e que hoje fun­ciona apenas com 15, seis co­la­bo­ra­dores ex­ternos e três cor­res­pon­dentes in­ter­na­ci­o­nais. «É tempo de falar de tra­balho, do sig­ni­fi­cado de con­ti­nuar a pu­blicar o jornal nas novas con­di­ções po­lí­ticas, do que re­pre­senta estar na opo­sição, da im­por­tância de levar a ver­dade (o sig­ni­fi­cado de Pravda) aos lei­tores numa so­ci­e­dade ca­pi­ta­lista, da ne­ces­si­dade sempre ac­tual de apro­fundar a co­o­pe­ração in­ter­na­ci­onal».

Esta foi a tó­nica das in­ter­ven­ções no en­contro com os vi­si­tantes, onde não faltou o tes­te­munho pleno de con­fi­ança no fu­turo de Ni­kolai Dmi­tro­vitch Si­mokov, o de­cano da re­dacção, onde tra­balha há 58 anos, e o alerta de Yury Eme­li­anov, emé­rito aca­dé­mico, sobre a im­por­tância cru­cial de repor a ver­dade his­tó­rica re­la­ti­va­mente à União So­vié­tica, porque «só quem en­tende o pas­sado ganha pers­pec­tivas de fu­turo».

Uma gala po­lí­tico-cul­tural no Salão das Co­lunas da an­tiga Casa dos So­vi­etes foi o ponto alto das ce­le­bra­ções do ju­bileu do Pravda. Fa­lando aos mi­li­tantes e con­vi­dados es­tran­geiros que en­chiam o em­ble­má­tico es­paço, Guen­nadi Ziu­ganov, di­ri­gente do Par­tido Co­mu­nista da Fe­de­ração Russa (PCFR), su­bli­nhou o papel de­sem­pe­nhado pelo jornal criado por Lé­nine ao longo da sua his­tória até se con­verter no órgão ofi­cial do Par­tido após a Re­vo­lução de Ou­tubro.

Fi­nan­ciado nos pri­meiros tempos com os do­na­tivos dos tra­ba­lha­dores, o Pravda – que se pu­blicou pela pri­meira vez numa ti­po­grafia da rua Moika, em S. Pe­ters­burgo – foi sempre um es­paço aberto à classe ope­rária, sendo len­dária a cor­res­pon­dência que re­cebia, e pu­bli­cava, de todos os cantos da an­tiga União So­vié­tica, bem como as co­la­bo­ra­ções com que sempre contou das mais ilus­tres per­so­na­li­dades da URSS.

Hoje, nas novas con­di­ções em que é pu­bli­cado, o Pravda, com uma ti­ragem de cerca de cem mil exem­plares, só não está a «re­nascer das cinzas» porque em boa ver­dade nunca se ex­tin­guiu para os que sempre lhe deram vida. Está, isso sim, como afirmou Boris Ko­motskiy, com «muita energia e re­cursos» para «se­guir em frente por muitos anos».

Na gala, que contou com a par­ti­ci­pação de inú­meros ar­tistas po­pu­lares e com o coro, corpo de baile e or­questra do Mi­nis­tério do In­te­rior da Fe­de­ração Russa, foram lidas as men­sa­gens de fe­li­ci­ta­ções do PCP (ver caixa) e do Par­tido Co­mu­nista da Ucrânia, bem como de di­versas per­so­na­li­dades russas, in­cluindo do pre­si­dente russo ces­sante, Dmitri Med­vedev.

Nas co­me­mo­ra­ções do 100.º ani­ver­sário do Jornal Pravda, Ana­bela Fino, Chefe de Re­dacção do Avante!, cuja in­ter­venção nas co­me­mo­ra­ções pu­bli­camos na ín­tegra, re­pre­sentou o PCP.

 

In­ter­venção de Ana­bela Fino

«O Avante! está ao ser­viço
dos tra­ba­lha­dores e do povo»

 

A si­tu­ação da im­prensa em Por­tugal não pode ser dis­so­ciada da si­tu­ação po­lí­tica e eco­nó­mica que se vive no País.

Im­porta ter pre­sente que a crise eco­nó­mica em que Por­tugal está mer­gu­lhado de­corre não apenas da crise mais geral do ca­pi­ta­lismo mas também de mais de três dé­cadas de contra-re­vo­lução. Na ver­dade pode mesmo dizer-se que o ac­tual Go­verno – to­tal­mente ao ser­viço do ca­pital – está a levar a cabo, com o apoio do Pre­si­dente da Re­pú­blica e a co­ni­vência do Par­tido So­ci­a­lista, um ajuste de contas com a re­vo­lução de Abril e tudo o que ela re­pre­sentou de pro­gresso e de­sen­vol­vi­mento para os tra­ba­lha­dores e o povo por­tu­guês.

Estão em curso al­te­ra­ções às leis la­bo­rais, às pres­ta­ções so­ciais, aos di­reitos mais ele­men­tares como a saúde, a edu­cação, a ha­bi­tação, a re­forma..., e as con­sequên­cias já se fazem sentir de forma dra­má­tica. Por­tugal está hoje mais pobre, mais de­si­gual, mais de­pen­dente. O de­sem­prego e a ex­clusão so­cial alas­tram de dia para dia.

O Par­tido Co­mu­nista Por­tu­guês, que este ano co­me­morou o seu 91.º ani­ver­sário e que no final do ano vai re­a­lizar o seu XIX Con­gresso, trava uma dura ba­talha para criar con­di­ções para a rup­tura com a po­lí­tica de di­reita, a rup­tura com os in­te­resses do grande ca­pital mo­no­po­lista, com o pro­cesso de in­te­gração ca­pi­ta­lista da União Eu­ro­peia, pro­pondo como al­ter­na­tiva uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda.

In­ter­vindo in­tensa e de­ci­si­va­mente na luta de massas que se trava no País, o co­lec­tivo par­ti­dário de­sen­volve si­mul­ta­ne­a­mente um es­forço cons­tante para tornar o Par­tido mais forte, con­dição de­ter­mi­nante para impor outro rumo para o País, que que­remos de­mo­crá­tico e so­ci­a­lista.

O Avante! – órgão cen­tral do nosso Par­tido – é um ins­tru­mento desta luta. Com os seus 81 anos de vida (43 dos quais na mais ri­go­rosa clan­des­ti­ni­dade), o Avante! é hoje o único jornal de es­querda que se pu­blica em Por­tugal.

Com efeito, a co­mu­ni­cação so­cial exis­tente no País está nas mãos de quatro grandes grupos – Co­fina, Im­presa, Media Ca­pital e Con­tro­lin­veste –, a que acresce ainda a Igreja ca­tó­lica e o Es­tado.

De su­bli­nhar que no sector pú­blico resta a Rádio e Te­le­visão de Por­tugal (RTP) e a Agência Lusa. Sobre a RTP paira a ameaça de pri­va­ti­zação de um canal ge­ne­ra­lista, o que na prá­tica se tra­du­ziria na li­qui­dação do Ser­viço Pú­blico de Rádio e Te­le­visão, com todas as con­sequên­cias ine­rentes no di­reito cons­ti­tu­ci­onal dos por­tu­gueses à in­for­mação. Um di­reito que impõe ao Es­tado o dever de as­se­gurar a todos os ci­da­dãos o acesso a pro­gra­ma­ções e ser­viços in­for­ma­tivos de rádio e te­le­visão di­ver­si­fi­cados e de qua­li­dade, pres­tados através de en­ti­dades que não visam o lucro como ob­jec­tivo es­sen­cial e que dis­põem de uma gama de ca­nais e de es­tru­turas que cu­bram ade­qua­da­mente o ter­ri­tório por­tu­guês e onde quer que se en­con­trem co­mu­ni­dades de por­tu­gueses.

Por isso con­si­de­ramos que a pri­va­ti­zação de um canal de te­le­visão, anun­ciada pelo Go­verno para o final deste ano, pre­ju­dica a missão global que com­pete ao Ser­viço Pú­blico e visa li­quidar um pilar es­sen­cial da De­mo­cracia.

Quanto à Agência Lusa, que ac­tu­al­mente já é uma em­presa mista em­bora o Es­tado de­tenha a mai­oria de ca­pi­tais, a sua pri­va­ti­zação – para além do que re­pre­senta em termos de em­po­bre­ci­mento no di­reito à in­for­mação – dei­xaria Por­tugal na ca­ri­cata si­tu­ação de ser pra­ti­ca­mente o único país da União Eu­ro­peia sem um ser­viço de Agência ofi­cial.

É neste con­texto que o Avante! – órgão cen­tral do nosso Par­tido do PCP, re­pito – de­sen­volve a sua acção, que se pauta pelos prin­cí­pios ba­si­lares da im­prensa co­mu­nista: in­formar, es­cla­recer, mo­bi­lizar, formar, como lhe com­pete en­quanto or­ga­ni­zador co­lec­tivo que deve ser.

Com uma pe­quena re­dacção de jor­na­listas pro­fis­si­o­nais, o Avante! conta com um im­por­tante nú­mero de co­la­bo­ra­dores e, so­bre­tudo, com o apoio de toda a or­ga­ni­zação do Par­tido, que ca­na­liza para o jornal a in­for­mação da ac­ti­vi­dade par­ti­dária de­sen­vol­vida nos mais di­versos sec­tores de ac­ti­vi­dade em todo o País.

Mas o Avante! não é – nem é su­posto que seja – um mero bo­letim par­ti­dário. Por isso as ma­té­rias tra­tadas nas nossas pá­ginas vão para além da ac­ti­vi­dade par­ti­dária, dando des­taque ao que se passa a nível na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal, dando conta das lutas dos tra­ba­lha­dores, da or­ga­ni­zação sin­dical, dos mo­vi­mentos so­ciais, da ju­ven­tude, das mu­lheres, dos re­for­mados, dos agri­cul­tores, dos pe­quenos e mé­dios em­pre­sá­rios, dos in­te­lec­tuais...

Todos sa­bemos que in­formar – na co­mu­ni­cação so­cial – é antes do mais es­co­lher. E na es­colha que fa­zemos do que no­ti­ci­amos ou dei­xamos de no­ti­ciar está o traço dis­tin­tivo do Avante!.

O que os ou­tros calam, ou de­turpam, porque não in­te­ressa ao ca­pital, o nosso jornal no­ticia. O que os ou­tros omitem, para mais fa­cil­mente ma­ni­pular a cha­mada opi­nião pú­blica, o nosso jornal re­vela. O que os ou­tros apre­sentam como ver­dade única e ab­so­luta, nós ques­ti­o­namos, apre­sen­tando ou­tros pontos de vista, assim con­tri­buindo para a for­mação de uma opi­nião es­cla­re­cida, quer se trate das po­lí­ticas do Go­verno, das ra­zões de uma greve, da in­ter­venção na Líbia ou das ame­aças à Síria...

E neste per­ma­nente tra­balho de in­for­mação e es­cla­re­ci­mento não es­que­cemos as lutas que se travam em todo o mundo, con­tri­buindo com a nossa so­li­da­ri­e­dade in­ter­na­ci­o­na­lista.

Num mundo em que a im­prensa está cada vez mais ao ser­viço do pen­sa­mento único, o Avante! é a voz livre, as­su­mi­da­mente co­mu­nista, que con­voca à re­flexão e à to­mada de cons­ci­ência para a luta por uma so­ci­e­dade que pode e deve ser mais justa, mais so­li­dária, mais fra­terna, sem ex­plo­ração do homem pelo homem, de paz e pro­gresso: a so­ci­e­dade so­ci­a­lista e co­mu­nista que que­remos cons­truir.

Não é ta­refa fácil ser uma voz iso­lada numa so­ci­e­dade em que toda a co­mu­ni­cação so­cial está nas mãos e ao ser­viço do ca­pital. E mais di­fícil ainda isso se torna quando – como su­cede agora – vi­vemos um pe­ríodo de brutal ataque às grandes con­quistas so­ciais e la­bo­rais al­can­çadas ao longo de ge­ra­ções – e em grande parte fruto da in­fluência da grande Re­vo­lução So­ci­a­lista de Ou­tubro le­vada a cabo no país dos so­vi­etes –, que se tra­duzem no em­po­bre­ci­mento ge­ne­ra­li­zado da po­pu­lação, no au­mento da ex­plo­ração dos tra­ba­lha­dores, no acen­tuar das de­si­gual­dades e na des­ca­rac­te­ri­zação dos pró­prios va­lores ditos es­tru­tu­rantes da de­mo­cracia bur­guesa.

Os jor­na­listas não es­capam a esta si­tu­ação. Na minha qua­li­dade de di­ri­gente sin­dical do único Sin­di­cato de Jor­na­listas exis­tente em Por­tugal, um sin­di­cato com uma di­recção uni­tária que in­tegro há vá­rios anos, tenho tes­te­mu­nhado a cres­cente e acen­tuada pro­le­ta­ri­zação de uma ca­mada so­cial tão im­por­tante para a de­mo­cracia.

O medo reina nas re­dac­ções: medo de perder o em­prego, medo de perder a po­sição, medo de não pro­gredir na car­reira, medo de ser posto de lado. Mais do que um pro­blema pes­soal dos jor­na­listas, este é um pro­blema que deve pre­o­cupar toda a so­ci­e­dade, já que a de­ser­ti­fi­cação das re­dac­ções com a saída dos se­ni­ores, a ex­clusão dos mais ex­pe­ri­entes, a des­va­lo­ri­zação do papel so­cial do jor­na­lista, a di­mi­nuição da massa crí­tica e da me­mória his­tó­rica nas re­dac­ções é o ca­minho certo para um jor­na­lismo de baixa qua­li­dade, e uma ver­da­deira ameaça à de­mo­cracia.

O Avante!, com os seus 81 anos, está como sempre es­teve o Par­tido de que nos or­gu­lhamos de ser o órgão cen­tral: ao ser­viço dos tra­ba­lha­dores e do povo, pela paz, pela de­mo­cracia, pelo so­ci­a­lismo, pelo co­mu­nismo.

 

Sau­dação do Co­mité Cen­tral do PCP

 

«Ao Co­mité Cen­tral do Par­tido Co­mu­nista da Fe­de­ração Russa

«À Re­dacção do jornal Pravda

«Que­ridos ca­ma­radas,

«Em nome dos co­mu­nistas por­tu­gueses trans­mito-vos as mais ca­lo­rosas sau­da­ções por mo­tivo do cen­te­nário do len­dário jornal Pravda que agora se cumpre.

As­si­nalar estes 100 anos do Pravda equi­vale, antes de mais, à evo­cação do jornal fun­dado por ini­ci­a­tiva de Lé­nine, órgão cen­tral do par­tido dos bol­che­vi­ques russos, mais tarde o Par­tido Co­mu­nista da União So­vié­tica. É lem­brar a pers­pec­tiva le­ni­nista do es­tilo e missão do jornal cen­tral dos co­mu­nistas en­quanto ins­tru­mento in­subs­ti­tuível ao ser­viço da luta re­vo­lu­ci­o­nária, da cons­trução do par­tido e da edi­fi­cação da nova so­ci­e­dade.

Tendo ao mesmo tempo sempre pre­sente a pre­o­cu­pação vital em estar mais perto da vida em cons­tante fluxo e mu­dança, em estar mais perto do sim­ples homem e mu­lher tra­ba­lha­dores, dos an­seios, pro­blemas e acção das massas la­bo­ri­osas e po­pu­lares.

Os 100 anos do Pravda cons­ti­tuem tes­te­munho vivo de toda uma época cor­res­pon­dente a um pe­ríodo his­tó­rico he­roico e dra­má­tico, de re­sis­tência e luta eman­ci­pa­dora vi­to­riosa que é in­se­pa­rável do pro­fundo im­pacto no mundo re­sul­tante dos avanços da causa do pro­le­ta­riado e da li­ber­tação dos povos, da paz e do so­ci­a­lismo al­can­çados com o triunfo da Re­vo­lução de Ou­tubro e a cons­trução so­ci­a­lista da União So­vié­tica, num per­curso tor­nado lu­mi­nosa marca im­pres­siva da his­tória uni­versal do sé­culo XX.

O exemplo de te­na­ci­dade e ab­ne­gação e as con­quistas dos co­mu­nistas russos e so­vié­ticos, plas­mados nas pá­ginas do seu órgão cen­tral, o Pravda, ser­viram de ins­pi­ração para mi­lhões e mi­lhões de co­mu­nistas, re­vo­lu­ci­o­ná­rios e pa­tri­otas no mundo na luta pelos seus di­reitos e um fu­turo me­lhor de li­ber­dade e pro­gresso so­cial. Neste con­texto é justo re­cordar aqui, o exemplo do órgão cen­tral do PCP, Avante!, o jornal co­mu­nista que mais tempo inin­ter­rup­ta­mente foi pu­bli­cado e di­fun­dido em con­di­ções de clan­des­ti­ni­dade.

A ce­le­bração destes cem anos do Pravda está longe, con­tudo, de se es­gotar nas pá­ginas densas de um pas­sado re­pleto de grandes feitos. Em con­di­ções ne­ces­sa­ri­a­mente dis­tintas da­quelas que mar­caram o nas­ci­mento de há cem anos, esta data cons­titui acima de tudo um tri­buto à luta pre­sente, e cer­ta­mente vi­rada para o fu­turo, dos co­mu­nistas e tra­ba­lha­dores da Rússia e de­mais povos e países da ou­trora URSS. Apesar da sombra da gra­vi­dade das der­rotas do so­ci­a­lismo e do de­sa­pa­re­ci­mento da URSS, o Pravda re­sistiu às de­si­lu­sões e in­tem­pé­ries do tempo e, so­bre­tudo, à acção re­pres­siva e cri­mi­nosa da­queles que as cen­trais de in­for­mação e pro­pa­ganda da bur­guesia e do im­pe­ri­a­lismo não he­si­taram em erigir em ba­lu­artes da de­mo­cracia e dos di­reitos hu­manos.

É também por estas ra­zões que, neste mo­mento pau­tado pela mais grave e abran­gente crise do ca­pi­ta­lismo desde os anos da Grande De­pressão com a de­sen­freada ofen­siva anti-tra­balho e os sé­rios pe­rigos que en­cerra para a paz mun­dial, aqui que­remos deixar uma men­sagem de con­fi­ança e so­li­da­ri­e­dade.

De­se­jamos-vos, que­ridos ca­ma­radas – ao Pravda e a todos os prav­disty, ao PCFR e a todos os co­mu­nistas russos –, os me­lhores votos de su­cesso na vossa acção e ta­refas no in­te­resse su­premo da luta pela causa da jus­tiça e o pro­gresso so­cial, a co­o­pe­ração e ami­zade entre os povos e o so­ci­a­lismo».



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A «surpresa» com a escalada do desemprego

Nos úl­timos dias, após a di­vul­gação pelo Eu­rostat dos dados sobre o de­sem­prego que re­ve­laram que, em Março de 2012, o de­sem­prego em Por­tugal tinha su­bido de novo sig­ni­fi­ca­ti­va­mente, o Go­verno e os seus «amigos» da troika, assim como os de­fen­sores do pen­sa­mento eco­nó­mico ne­o­li­beral do­mi­nante nos media, mul­ti­pli­caram-se em de­cla­ra­ções ma­ni­fes­tando a sua sur­presa pelo au­mento do de­sem­prego, como se isso não fosse o re­sul­tado ine­vi­tável da po­lí­tica de aus­te­ri­dade vi­o­lenta e de cortes bru­tais na des­pesa pú­blica que estão a impor ao País. Um au­tên­tico coro de «lá­grimas de cro­co­dilo» com o ob­jec­tivo de se des­res­pon­sa­bi­li­zarem e de en­ganar os por­tu­gueses. É mais um exemplo de uma cam­panha gi­gan­tesca de ma­ni­pu­lação da opi­nião pú­blica a que, in­fe­liz­mente, muitos jor­na­listas e os mai­ores media se pres­taram não di­vul­gando opi­niões con­trá­rias.