Faltam meios humanos e materiais

Segurança à deriva

O sin­di­cato re­pre­sen­ta­tivo dos ofi­ciais de ma­rinha mer­cante veio de­nun­ciar pu­bli­ca­mente e alertar as au­to­ri­dades para graves fa­lhas nos ser­viços ma­rí­timos e por­tuá­rios.

Quase não há ins­pecção de na­vios nos portos

«A falta de meios hu­manos e ma­te­riais na ad­mi­nis­tração ma­rí­tima e por­tuária por­tu­guesa está a co­locar em causa a ne­ces­sária exe­cução dos ser­viços de re­gu­lação, cer­ti­fi­cação, pi­lo­tagem, ser­viço de con­trolo de trá­fego ma­rí­timo por­tuário e cos­teiro, ins­pecção de na­vios, re­boque de as­sis­tência e sal­va­mento, ope­ra­ções por­tuá­rias» – afirmou a di­recção do Sin­di­cato dos Ca­pi­tães, Ofi­ciais Pi­lotos, Co­mis­sá­rios e En­ge­nheiros da Ma­rinha Mer­cante (Ofi­ci­aismar).

Em cinco pontos, o sin­di­cato ali­nhou factos que de­mons­tram «a pre­sente si­tu­ação de re­dução e de­gra­dação dos meios hu­manos e ope­ra­ci­o­nais, que põe em causa a se­gu­rança da na­ve­gação, a sal­va­guarda da vida hu­mana no mar, a se­gu­rança das po­pu­la­ções ri­bei­ri­nhas, os re­cursos ma­ri­nhos e a pro­tecção do am­bi­ente». O co­mu­ni­cado foi di­vul­gado a 16 de Março, pouco antes da greve geral, que o Ofi­ci­aismar apoiou ac­ti­va­mente, mas não são co­nhe­cidas até agora re­ac­ções dos res­pon­sá­veis po­lí­ticos.

Na costa con­ti­nental na­ci­onal en­con­tram-se os dois Es­quemas de Se­pa­ração de Trá­fego (EST) mais com­plexos do mundo, com cinco cor­re­dores. Mas a or­ga­ni­zação do trá­fego ma­rí­timo «não está, neste mo­mento, do­tada de meios hu­manos em nú­mero su­fi­ci­ente que ga­rantam a mo­ni­to­ri­zação per­ma­nente da to­ta­li­dade da área de con­trolo ma­rí­timo».

O Centro de Con­trolo de Trá­fego Ma­rí­timo Cos­teiro tem 15 con­tro­la­dores, em vez dos 18 pro­fis­si­o­nais que os cri­té­rios in­ter­na­ci­o­nais exigem. Não há um gestor ope­ra­ci­onal.

Mais de um terço dos turnos de es­cala são as­se­gu­rados por dois ofi­ciais, no lugar de três (como su­cedeu no ar­ranque do ser­viço, em 2008, e de acordo com as normas da As­so­ci­ação In­ter­na­ci­onal de Si­na­li­zação Ma­rí­tima – IALA). «Sig­ni­fica isto que, du­rante os breves pe­ríodos de pausa de um dos con­tro­la­dores, as 400 mi­lhas náu­ticas da orla cos­teira por­tu­guesa, os cor­re­dores de trá­fego ma­rí­timo, a área eco­lo­gi­ca­mente pro­te­gida das Ber­lengas, os três sis­temas de no­ti­fi­cação de na­vios, o sis­tema de alerta de pi­ra­taria, e as quatro áreas por­tuá­rias são mo­ni­to­ri­zados por apenas um pro­fis­si­onal, o que é ma­ni­fes­ta­mente in­su­fi­ci­ente e co­loca em risco a se­gu­rança da na­ve­gação», ex­plica o Ofi­ci­aismar.

Com re­du­zido nú­mero de ins­pec­tores de na­vios de Con­trolo do Es­tado do Porto (Port State Con­trol – PSC), não é cum­prido o ob­jec­tivo, a que o País está in­ter­na­ci­o­nal­mente obri­gado, de ins­pec­ci­onar pelo menos 25 por cento dos na­vios. O nú­mero de na­vios ins­pec­ci­o­nados não ul­tra­passa um por cento das es­calas nos portos por­tu­gueses.

A equipa de pi­lotos de barra e portos tem 110 ofi­ciais da ma­rinha mer­cante, um nú­mero in­su­fi­ci­ente, e a sua média etária ronda os 50 anos. O sin­di­cato fala na cró­nica falta de efec­tivos, agra­vada por re­centes saídas de pi­lotos des­mo­ti­vados, mas re­fere também a falta de se­gu­rança no tra­balho, pelo pre­cário es­tado de equi­pa­mentos, como as lan­chas ou os apa­re­lhos de co­mu­ni­cação.

A ten­ta­tiva do ac­tual Mi­nis­tério de Eco­nomia de des­va­lo­rizar o tra­balho qua­li­fi­cado do pes­soal das ad­mi­nis­tra­ções por­tuá­rias e dos pro­fis­si­o­nais de es­tiva, ge­ne­ra­li­zando o re­curso a mão-de-obra pre­cária, também viria agravar dras­ti­ca­mente a in­se­gu­rança das ope­ra­ções por­tuá­rias e dos na­vios em vi­agem.

Por fim, o Ofi­ci­aismar avisa que «não existe um único re­bo­cador de alto mar para as­sis­tência e sal­va­mento, numa pres­tação de apoio aos cerca de 140 na­vios que di­a­ri­a­mente na­vegam ao largo da costa ma­rí­tima con­ti­nental».



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