No Seixal, Jerónimo de Sousa apela à participação na greve geral

Um passo em frente no caminho da luta

Perto de um milhar de pessoas comemorou domingo, no Seixal, os 91 anos do PCP. No Pavilhão da Siderurgia, Jerónimo de Sousa apelou à participação de todos na greve geral de amanhã, que «dá expressão a um forte sentimento de indignação, protesto e descontentamento com o actual rumo do País».

É preciso uma ruptura nesta marcha de cega submissão

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«Uma greve geral que será mais um decisivo passo em frente no caminho da luta pela derrota do pacto de agressão e das suas políticas», afirmou o Secretário-geral do PCP, apelando a todos os trabalhadores e ao povo português para que «participem nesta grande jornada», e transformem a greve geral «num dia de afirmação do direito de todos ao trabalho, a uma justa remuneração e a uma vida digna».

Jerónimo de Sousa alertou, ainda, para o «rumo preocupante» que o País segue e para o «agravamento dos problemas», como é o caso do desemprego, com mais de um milhão e 200 mil portugueses sem trabalho. Falou também da «degradação acelerada do poder de compra das populações e das suas condições de vida com a política de corte e congelamento dos salários, das reformas e pensões», do «aumento dos impostos e dos preços de todos os serviços e bens essenciais» e da «privatização, encerramento e degradação dos serviços públicos». «Uma realidade que se agravará com a lei dos despejos que se traduzirá em aumentos dos custos da habitação e lançará na rua milhares de famílias», alertou.

Na sua intervenção, o Secretário-geral do PCP criticou, de igual forma, as alterações ao Código do Trabalho, a que se associam as medidas dirigidas aos trabalhadores da Administração Pública, que significam «mais despedimentos, mais desemprego, mais precariedade, mais redução do valor dos salários e reformas, degradação das condições de trabalho, um enorme retrocesso social e civilizacional». Em suma, um novo e qualitativo salto na ofensiva do Governo contra o mundo do trabalho, com o patrocínio do Presidente da República e o apoio cúmplice do PS, que é preciso derrotar, dando força à luta e à greve geral.

 

Defender as populações

 

No distrito em que o PCP e os seus aliados assumem grandes responsabilidades nas autarquias e têm uma obra notável ao serviço das populações, Jerónimo de Sousa condenou, mais adiante, a ofensiva contra o Poder Local democrático, que pretende «reduzir o seu papel e desvalorizar o seu lugar no quadro da organização política e da administração do Estado». Sacrifícios que não são para todos, como o Secretário-geral do PCP enumerou. Só os 35 mil milhões de euros que os portugueses vão pagar de juros pelo empréstimo à troika davam para pagar todos os salários dos trabalhadores da Administração Pública durante quatro anos. Já os 12 mil milhões de euros disponibilizados à banca são mais do que todas as pensões pagas pela Segurança Social aos reformados portugueses. De igual forma, os oito mil milhões de euros enterrados pelo Estado ao BPN chegariam para pagar, durante quatro anos, a comparticipação a cem por cento de todos os medicamentos receitados em ambulatório em todos os hospitais e centros de saúde do Serviço Nacional de Saúde. Os 450 milhões de euros já gastos no processo do BPP são, aproximadamente, a mesma verba retirada desde 2010 no abono de família e no rendimento social de inserção, em conjunto.

Estes são exemplos que dão razão ao PCP. «É preciso uma ruptura nesta marcha de cega submissão aos grandes interesses económicos e financeiros. Não há saída desta grave situação sem crescimento económico, sem restruturação da dívida e com uma significativa anulação do seu montante e redução dos juros», defendeu Jerónimo de Sousa.

 

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Dar resposta aos problemas
dos portugueses

Referindo-se ao XIX Congresso do PCP, Jerónimo de Sousa lembrou que agora é preciso prepará-lo com a «máxima atenção», e, ao mesmo tempo, «dar resposta aos múltiplos problemas que uma situação política exigente como a que vivemos nos está a colocar». «Vamos assim iniciar um período em que todos nós vamos ser chamados a fazer o balanço do trabalho, proceder à análise, ao debate e a tomar decisões da mais alta importância para a vida do PCP e para a sua intervenção em todos os domínios», destacou. Até ao dia 30 de Novembro, terá lugar um processo com várias fases que levarão ao apuramento das propostas a serem submetidas à apreciação e aprovação dos delegados ao XIX Congresso, que analisará a situação nacional, os desenvolvimentos do processo de integração capitalista na União Europeia e a situação internacional.

«Colocando o reforço do PCP, da sua organização, da sua acção e iniciativa, da sua influência política e ideológica, como objectivo essencial, o XIX Congresso assume um grande significado e projecção na análise e resposta à situação para a defesa dos interesses e aspirações dos trabalhadores e do povo, para a rejeição do pacto de agressão, para a ruptura com a política de direita, por uma política patriótica e de esquerda, pela democracia avançada e o socialismo, numa afirmação confiante dos valores, ideal e projecto do PCP», frisou Jerónimo de Sousa.

No quadro de preparação do Congresso e da intensa actividade para dar resposta à luta do povo e do País, Antónia Lopes, membro dos Organismos Executivos da Direcção Regional de Organização de Setúbal (DORS) e responsável pela Organização Concelhia do Seixal, afirmou, por seu lado, que «o reforço do Partido continua a ser uma prioridade» através da «responsabilização de novos quadros, com a dinamização das organizações de base, dando particular atenção às empresas e aos locais de trabalho, com o reforço da ligação aos trabalhadores e às populações, com a intensificação da agitação e propaganda, divulgação do Avante! e do Militante, com a recolha de fundos e o recrutamento de novos militantes». «Por um Partido cada vez mais forte, sempre com os trabalhadores e o povo, a luta continua», sublinhou Antónia Lopes, que, no palco, se fez ainda acompanhar, entre outros, por Ana Cláudia Tristão, da JCP, por Alfredo Monteiro e Joaquim Judas, presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal do Seixal, respectivamente, por Laurentino Barbosa, do Executivo da Comissão Concelhia do Seixal, por Margarida Botelho, da Comissão Política e responsável pela DORS, e por José Capucho, do Secretariado do Comité Central.



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