O síndrome do carnaval

Carlos Gonçalves

O PSD é o maior partido do Governo do pacto de agressão das troikas estrangeira e nacional, em que a primeira tem na segunda o capataz da «projecção operacional» das suas decisões, com PSD e CDS no governo formal e PS no informal, mascarado de oposição à sua política, de que prepara laboratorialmente a continuidade na perspectiva de 2024(!).

Talvez por uma relação causa-efeito entre ser, conjunturalmente, o maior dos partidos da política de direita e o rei da farsa e do fingimento, o PSD tem o hábito de embrulhar o Carnaval nas suas trapalhadas e «aldrabilhices». No Carnaval, em 1995, o «tabu» levou Nogueira ao «eclipse» e Cavaco a 10 anos no «deserto»; em 98, a «vichyssoise» levou a «Alternativa Democrática» ao aborto e Marcelo a comentarista; em 2004, Durão «mandou calar Santana», perdeu as «europeias» e foi para a «Europa»; depois entrou (e logo saiu) o «menino de ouro», etc..

O entrudo de 2012 fica marcado, como o de Cavaco em 1993, pelo decreto da suspensão do entrudo e por assim se ter posto a jeito da chacota e do protesto popular, tornando os festejos numa significativa derrota política, relevada ainda pela ameaça «piegas» do ministro Relvas – para o ano é que é! – provavelmente outro enterro de carnaval para este Governo, se por cá andar.

Mas o primeiro-ministro não ficou por aqui nas suas blagues de entrudo e disse do seu «moderado optimismo» com a evolução da economia e que vai «dar a volta» à situação, isto no preciso momento em que os índices oficiais o desmentem e comprovam a recessão e o desemprego incontroláveis e o afundamento dramático do país, por este caminho assumida e inevitavelmente condenado a mais uma «operação de resgate» (em preparação), para garantir os juros especulativos do capital financeiro internacional, a «recapitalização» dos bancos «nacionais» e os dividendos dos seus grandes accionistas, para ir ainda mais fundo no saque e na miséria dos trabalhadores e do povo.

Em face do síndrome de carnaval do PSD e, neste caso, do Governo das troikas, sobram rábulas e tolices de entrudo, mas que expressam, desgraçadamente, um estado patológico de profunda obsessão pela opressão, exploração e roubalheira.

Vamos ter de lhes dar o devido «tratamento».



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