Diálogo sem frutos nos transportes

O factor de conflito

O Governo, com mais ou menos reuniões com os sindicatos, vai tentar persistir nos objectivos definidos no Plano Estratégico dos Transportes e isso vai ser um factor de conflito.

A estratégia de privatização e exploração merece firme combate

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O comentário foi feito pelo coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, no final de uma reunião com o secretário de Estado, Sérgio Monteiro, anteontem à tarde.

Solicitada por 28 organizações representativas de trabalhadores, que têm participado na organização das lutas no sector, desde a apresentação formal do PET, no início de Outubro, a reunião deveria servir para averiguar os contornos concretos das medidas do Governo para o sector, designadamente quanto a postos de trabalho, serviço público e os problemas originados pelos elevados custos com a dívida das empresas.

«Ouvimos falar em redução de trabalhadores, em extinção dos acordos de empresa, em aumento dos custos para os utentes, mas o problema central continua por resolver e resulta do facto de estas empresas se terem substituído ao Estado, nomeadamente num conjunto de investimentos que foram feitos, quer no alargamento da rede quer na manutenção do serviço público», explicou José Manuel Oliveira à agência Lusa, horas antes da reunião.

No final, o coordenador da Fectrans/CGTP-IN disse que «não trazemos nada de novo, que nos possa dizer que vamos ter uma paz social daqui para a frente, antes pelo contrário», pois a reunião foi «muito genérica» e as questões colocadas pelos representantes dos trabalhadores «não tiveram resposta». Pela forma como a reunião decorreu, «achamos que o Governo vai procurar persistir –

Nas empresas vê-se que a política se mantém. Às zero horas de terça-feira, começou no Metropolitano uma greve às horas extra, porque o Governo persiste em impor a redução a metade do seu pagamento, contra o que estipula o Acordo de Empresa, embora a administração já tenha reconhecido respeitar o AE quanto ao pagamento dos feriados.

Na Carris, a administração decidiu na semana passada despedir um delegado sindical e membro da Comissão de Trabalhadores, com fundamentos falsos e até caricatos, como ter a gravata mal colocada. Uma acção pública de denúncia foi convocada para ontem pela Fectrans.

Na TAP, um plenário com cerca de 1500 trabalhadores aprovou, no dia 17, uma moção em que é admitida a próxima realização de uma concentração no Ministério das Finanças ou no Ministério da Economia, no prosseguimento da luta contra os cortes salariais e dos subsídios de férias e de Natal. O coordenador da CT salientou à Lusa que a transportadora aérea nacional é uma importante fonte de receitas para o Estado. Correm na empresa, para subscrição dos trabalhadores, cartas-abertas ao primeiro-ministro e ao Provedor de Justiça, alertando para o descontentamento e instabilidade que geram aquelas medidas ilegais e inconstitucionais.

 

Partida de Carnaval

 

A própria marcação da reunião acaba por dar razão ao cepticismo do coordenador da Fectrans/CGTP-IN quanto aos efeitos do diálogo na acção do Governo. No dia 13, foi comunicado aos representantes dos trabalhadores que o governante os receberia na terça-feira de Carnaval. «Esperamos que seja uma reunião com conteúdo, em que o Ministério tenha respostas para os problemas que as organizações de trabalhadores vêm colocando e não apenas uma reunião para mostrar que o Governo trabalha em dia de Carnaval, que é considerado feriado na maioria das empresas», advertiu a Fectrans, ao dar a notícia no seu sítio na Internet. No dia seguinte, a secretaria de Estado comunicou a antecipação da reunião, para segunda-feira. Passou outro dia, e a data foi outra vez alterada para terça-feira.

«Sérgio Monteiro saudou ainda as organizações pela disponibilidade para reunir no dia de Carnaval que, na maioria das empresas públicas de transportes, é considerado feriado pelos acordos de empresa e, “noutras, é dia de greve”, referindo-se à paralisação de hoje dos maquinistas da CP e à greve às horas extraordinárias dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa» – noticiava a Lusa, reportando às declarações do secretário de Estado no fim da reunião.



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