O Avante! de Março de 1972 noticiava na primeira página a criação, em Janeiro desse ano, da União dos Estudantes Comunistas (UEC). Nessa notícia dava-se ainda conta da primeira declaração política da nova organização, onde se reconhecia o «papel dirigente do proletariado na revolução socialista e o PCP como vanguarda revolucionária do proletariado de Portugal e força política determinante no movimento antifascista».

Nessa declaração, a UEC propunha-se «desenvolver o movimento dos estudantes pelos seus objectivos específicos, unir, organizar e mobilizar os estudantes em torno dos grandes objectivos do povo português, estreitar a ligação da luta estudantil com a luta da classe operária e das massas populares e dar-lhe uma perspectiva revolucionária». Os seus quatro «grandes objectivos políticos» surgiam também na declaração: «contra a ditadura fascista e pelas liberdades democráticas, contra a guerra colonial e contra o colonialismo, contra o imperialismo e pela verdadeira independência de Portugal, pelo socialismo e o comunismo, grandes ideais da juventude.»

Esta notícia surgia dois meses depois de uma outra, também com honras de primeira página do Avante!, que reproduzia uma resolução do Comité Central de Novembro de 1971, em que se considerava estarem «preenchidas as condições objectivas e subjectivas essenciais para a criação de uma tal organização [de estudantes comunistas]». Esta, acreditava-se, contribuiria «decididamente para ganhar a juventude das escolas para as ideias do marxismo-leninismo e educá-las no espírito de fidelidade aos interesses da classe operária e do seu partido; para dar à luta dos estudantes uma orientação correcta e abrir-lhe uma verdadeira perspectiva revolucionária».

No seu percurso até ao 25 de Abril, acidentado como não poderia deixar de ser numa organização clandestina, a UEC (que viu elementos seus serem presos e torturados) afirmou-se como uma grande organização de juventude – que emergiria à luz do dia, e com toda a sua força, em Abril de 1974. No processo revolucionário, os estudantes comunistas, organizados na UEC, estiveram à frente da luta pela conquista da democracia nas escolas e universidades, combatendo forças que pretendiam dividir os estudantes, e deram um forte contributo ao próprio avanço da Revolução.

O seu I Congresso, realizado nos dias 21 e 22 de Janeiro de 1978, revelou toda a força e implantação desta organização. Só nos meses que antecederam a sua realização, mais exactamente entre princípios de Novembro e o dia do Congresso, aderiram à UEC mais de 2600 novos membros. Unir a juventude estudantil foi aí definida como a tarefa maior que se colocava à organização.

No dia 10 de Novembro do ano seguinte, a UEC funde-se com a União da Juventude Comunista, que agregava jovens operários, empregados e camponeses, e nasce a Juventude Comunista Portuguesa – herdeira das tradições revolucionárias das organizações juvenis do PCP.