Ofensiva reaccionária em Espanha

PP ataca lei do aborto

Após a primeira reunião do conselho de ministros, dia 23, a vice-presidente do governo espanhol, Soraya Saénz de Santamaria, anunciou a intenção de alterar a lei do aborto como uma das prioridades do executivo conservador.

Governo espanhol safisfaz sectores retrógrados

A alteração da lei do aborto, que entrou em vigor em Julho de 2010, surge à cabeça de um calendário de «medidas urgentes», onde se incluem duras restrições orçamentais para as administrações públicas, bem como o congelamento das admissões de pessoal, exceptuando «forças de segurança e alguns serviços essenciais». Na calha está ainda mais uma reforma da legislação laboral, cujo projecto deverá ficar concluído no primeiro trimestre do próximo ano.

A lei sobre a interrupção voluntária da gravidez permite que as jovens maiores de 16 anos possam abortar sem informar os pais, e estabelece ainda que a gravidez pode ser interrompida livremente até às 14 semanas, ou até às 22 em caso de risco de vida para a mãe ou anomalias graves no feto. A lei anterior só permitia a realização do aborto em casos de violação, risco para a mãe ou malformação do feto.

Embora Saénz de Santamaria não tenha revelado que tipo de alterações o governo pretende fazer, o diário El País admite que poderão ser revistos os prazos, bem como restringido o acesso à interrupção voluntária da gravidez por parte de menores. De qualquer modo, o anúncio constitui um sinal claro de que o governo conservador pretende satisfazer as reivindicações dos sectores mais retrógrados da sociedade, que há muito clamam pelo alegado «direito à vida».

 

Um ex-Lehman

e um fabricante de armas

 

A composição do executivo espanhol é, aliás, reveladora da sua natureza. No cargo de ministro da Economia está Luís de Guindos, a quem caberá executar um duro plano de cortes, de um mínimo de 20 mil milhões de euros. O seu passado de banqueiro oferece garantias de que o fará sem o menor escrúpulo. Em 2008, Guindos era o responsável da Lehman Brothers por Portugal e Espanha. Estava com as mãos na massa quando o colosso financeiro abriu falência na sequência do escândalo do subprime. Guindos, que já no governo de Aznar tinha exercido o cargo de secretário de Estado da Economia (2002-04), saltou do Lehman para a PricewaterhouseCoopers, a firma britânica de consultadoria.

Outra figura controversa do governo de Mariano Rajoy é o ministro da Defesa, Pedro Morenés Eulate. Até há um mês era representante da empresa Instalaza SA, fabricante de bombas de fragmentação e é actualmente director executivo da empresa MBDA, que desenvolve, fabrica e vende mísseis.



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