Rejeitado na rua

Milhares de pessoas encheram o largo frente à escadaria do Palácio de São Bento, na manhã da votação, gritando justos motivos de rejeição do Orçamento do Estado para 2012 e da política a que ele pretende dar seguimento.

A concentração foi inicialmente convocada, dias antes da greve geral de 24 de Novembro, pelas uniões de sindicatos de Lisboa e de Setúbal, da CGTP-IN, que colocaram o ênfase nos conteúdos laborais e sociais do OE. Outro apelo formal, para a comparência de autarcas, de trabalhadores das autarquias, de representantes do movimento associativo e comissões de utentes e da população em geral, na mesma data e local, saiu do encontro regional de eleitos de autarquias do distrito de Setúbal, a 19 de Novembro, «contra a liquidação de freguesias, pela manutenção da autonomia administrativa e financeira do poder local e pela melhoria das condições de vida das nossas populações». Posteriormente, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Autarquias Locais integrou a participação nesta luta numa acção a nível europeu. A mobilização envolveu várias outras estruturas e instituições, com destaque para juntas de freguesia, e estiveram presentes representações de outros distritos, como Évora e Beja.

Para a concentração, desde cerca das 9.30 horas, confluíram três desfiles, com partidas do Largo do Rato, da Basílica da Estrela e do Largo de Santos.

Nas palavras de ordem, cartazes e faixas, destacaram-se os protestos contra os ataques aos direitos e à remuneração dos trabalhadores, designadamente por via do assalto aos subsídios de Natal e de férias e através do aumento da semana de trabalho em duas horas e meia por semana. Muitos manifestantes transportavam igualmente mensagens contra a extinção de freguesias, contra o encerramento de serviços de Saúde e contra o aumento dos encargos dos utentes, em defesa dos serviços públicos.

A convergência de tão diferentes como justos motivos de rejeição do OE reflectiu-se nas intervenções feitas da tribuna: Francisco Braz, presidente do STAL/CGTP-IN; Carlos Braga, dirigente do Movimento de Utentes de Serviços Públicos; Carlos Humberto, presidente da CM do Barreiro e da Junta Metropolitana de Lisboa; António Danado, presidente da JF de Nossa Senhora da Vila (Montemor-o-Novo), em representação dos eleitos das freguesias do Alentejo; e Arménio Carlos, membro da Comissão Executiva da CGTP-IN.

Foi afirmada a determinação de prosseguir a luta, designadamente na «semana de luta» que a CGTP-IN promove a partir da próxima segunda-feira.



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