Assembleia da ORL dá prioridade ao reforço orgânico

Tarefas de todo o Partido

Das múltiplas tarefas colocadas aos comunistas do distrito de Lisboa nos tempos mais próximos, uma ganha especial importância: o reforço da organização e intervenção do Partido nas empresas e locais de trabalho.

O local de trabalho deve ser o centro da actividade do Partido

Image 9023

Em todo o processo preparatório da VII Assembleia da Organização Regional de Lisboa do PCP – e na própria assembleia – o debate centrou-se, em grande parte, nas medidas a tomar para elevar consideravelmente a organização e a acção do Partido. A resolução política aprovada, que recebeu dezenas de contributos, adendas correcções e precisões, reserva a maior parte das suas páginas à definição dos caminhos para cumprir este objectivo.

Logo na abertura dos trabalhos, Armindo Miranda, da Comissão Política, considerou que a necessidade de dar resposta à brutal ofensiva que está em curso contra direitos e garantias cria às organizações e militantes do Partido «responsabilidades e necessidades no que respeita ao seu reforço orgânico e à sua ligação aos trabalhadores e às populações, de forma a alargar e a intensificar a luta de massas no distrito». Uma luta que, «pelo esclarecimento e elevação das consciências que proporciona, pela confiança que induz, pelas contradições que gera e pela ruptura que provoca, é um poderoso instrumento, e de extraordinária eficácia, na transformação da realidade».

Sendo no local de trabalho que se «materializa a exploração, o confronto entre trabalhador e patrão, a primeira instância da luta de classes», é nele que se deve centrar a atenção dos comunistas, a atenção «de todo o Partido», salientou Paula Henriques, do Comité Central. Valorizando o facto de se ter avançado colectivamente na «compreensão da importância de criar Partido nos locais de trabalho», a dirigente realçou que a prioridade deve ser dada ao «fortalecimento e criação de células, mesmo se ela for constituída só por dois camaradas».

Mesmo a existência de apenas um membro do Partido num determinado local de trabalho pode ser de «importância determinante», assinalou Paula Henriques. Mas para tal há que trabalhar «com ele no sentido de intervir junto dos companheiros de trabalho, tendo presente a necessidade de defesa do próprio camarada».

 

Construir a greve geral

 

Coube ainda a Paula Henriques partilhar o essencial da reflexão – vertida na resolução política – sobre o conteúdo da intervenção das células do Partido. Antes de mais, adiantou, há que conhecer o local de trabalho em que se intervém e os problemas dos seus trabalhadores.

Depois, trata-se de «sindicalizar, eleger delegados sindicais, comissões de trabalhadores, comissões de higiene e segurança, dinamizar reivindicações e lutas por mais simples que possam ser». De recrutar para o Partido, recolher fundos, tomar posições, intervir no plano ideológico, mobilizar para a luta, «não só por reivindicações económicas imediatas mas também por exigências políticas aos governos do capital, indicar o caminho da emancipação da exploração, o socialismo».

A intervenção unitária dos comunistas nas empresas foi abordada por Luís Caixeiro, igualmente do CC, que chamou a atenção para as suas responsabilidades na constituição e reforço da organização sindical e na intensificação da acção reivindicativa. Para este dirigente, cabe ainda aos comunistas, em cada local de trabalho, dar combate às múltiplas formas «através das quais se procura fragilizar a capacidade de resistência e luta dos trabalhadores».

Luís Caixeiro não esqueceu a realização da greve geral a 24 de Novembro e considerou-a uma «tarefa de todos os comunistas e de todas as organizações do Partido no distrito». Estando certo de que a resposta dos trabalhadores será «fortíssima», o membro do CC destacou, porém, que o «essencial do seu resultado está ainda por construir e que as forças do capital usarão de todos os meios para desmobilizar e condicionar os trabalhadores». Como salientara já Paula Henriques, a greve geral «vai reflectir o que todo o Partido conseguir fazer. Vai ser um aferidor das nossas capacidades e um momento de rara importância para o reforço da organização partidária e unitária dos trabalhadores, para a aprendizagem da luta – um momento em que novos quadros se vão revelar».



Barrar o caminho à ideologia do capital

 

«Os comunistas precisam de ler o Avante! e O Militante porque precisam de estar preparados, informados, para sermos cada um de nós um esclarecedor, um agitador, um mobilizador», afirmou Adelaide Alves, do CC, na tribuna da assembleia. Em sua opinião, a leitura da imprensa do Partido ganha ainda mais premência neste quadro de «intensíssima ofensiva do capitalismo, em que o anticomunismo, a deturpação e o silenciamento das nossas posições são uma constante».

Realçando que o Avante! e O Militante não devem interessar só aos militantes do Partido, mas aos trabalhadores, aos jovens, aos reformados – que nas suas páginas encontram os seus problemas e as suas causas – Adelaide Alves apelou a que se dê uma maior importância à promoção e difusão da imprensa do PCP: estas deverão ser consideradas «tarefas permanentes de todo o colectivo partidário».

Responsabilizar, em cada organismo, militantes pela difusão da imprensa; criar e reforçar os colectivos de distribuição do Avante!; realizar bancas de rua junto a empresas e noutros locais – são algumas das medidas a intensificar para aumentar a difusão do Avante! e d’ O Militante.

Manuel Gouveia, também do Comité Central, considerou a propaganda não como um «fim em si mesmo» ou uma rotina, mas como uma «resposta que surge da necessidade de transformar, de agitar, de informar, de organizar».

Hoje existem «vastos e diversificados meios de propaganda», salientou o dirigente do Partido, afirmando que deve ser a realidade a impor os meios a usar: «se numa empresa a repressão impede a livre propaganda, que se faça clandestinamente. Se noutra empresa existe uma página de facebook, que se tente aí intervir. Se numa freguesia é mais útil colar as tarjetas nas paragens de autocarro, siga-se esse caminho. Se noutra freguesia é possível realizar uma exposição na colectividade, organize-se.»

O que é preciso é que cada organização partidária, «medindo as forças de que dispõe e os efeitos concretos do que realiza, alargue a sua acção de propaganda».
 

Alargar e crescer

 

O trabalho político unitário é uma «realidade do quotidiano» do PCP em Lisboa, salientou Antónia Dimas, da Direcção da Organização Regional. Nos sindicatos e comissões de trabalhadores, no movimento associativo popular ou nas comissões de utentes os comunistas interagem diariamente com muitos homens e mulheres sem partido ou membros de outros partidos, lutando lado a lado pela resolução dos problemas dos trabalhadores e das populações.

Realçando que a «agressividade da política de direita e dos seus mentores e executores empurra um conjunto de sectores da pequena e média burguesia e da intelectualidade para uma proximidade de pontos de vista e objectivos com o PCP», Antónia Dimas constatou que as organizações do Partido têm perante si um «vasto campo unitário».

É também de alargamento da influência e do prestígio do Partido que se fala quando o assunto é a participação activa do PCP nas lutas das populações em defesa dos serviços públicos, defendeu Miguel Soares, do Comité Central: os comunistas estão presentes na sua dinamização e organização e os eleitos da CDU tornam-se os seus porta-vozes nas instituições. A lutas das populações, afirmou Miguel Soares, «será um elemento decisivo para o alargamento da frente social de luta contra este Governo e a sua política».

Também nas instituições, os comunistas e o seu Partido «têm um património único de seriedade, coerência, trabalho e luta», realçou a deputada Rita Rato. Foram os comunistas, lembrou, que desde a primeira hora denunciaram as imensas carências verificadas ao nível da Saúde e da Educação; como foram eles que defenderam os trabalhadores da Brasileira do Chiado, do call-center da EDP em Odivelas, da TNC, das grandes superfícies, os enfermeiros e os professores. Outros, por não ser «sonante» ou por estarem comprometidos, não falaram nestes assuntos, acusou.



Mais artigos de: Em Foco

Preparar o Partido para todos os combates

Os tempos que vivemos reclamam «muita capacidade de organização e um Partido determinado e combativo», afirmou, sábado, Jerónimo de Sousa no final da VII Assembleia da Organização Regional de Lisboa do PCP, onde foram definidas medidas para reforçar o Partido e a sua ligação às massas e intensificar a luta.

<font color=0093dd>Justa indignação pública</font>

No próximo sábado, dia 12, a partir das 14.30 horas, muitos milhares de trabalhadoras e trabalhadores da Administração Pública vão manifestar-se em Lisboa, respondendo ao apelo da Frente Comum e dos seus sindicatos, a que se associaram várias outras estruturas, tanto da CGTP-IN, como da UGT ou sem filiação. É uma acção de grande importância, face ao ataque brutal que está em curso, e que vai ter continuação na greve geral de dia 24, como apelam as organizações sindicais.