Porto

Um banho de povo

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Um banho de povo no Porto respondeu ao apelo da CGTP-IN. Dezenas de milhares de trabalhadores compareceram para um retumbante Não! ao empobrecimento e às injustiças, aos despedimentos baratos, às privatizações, ao aumento do custo de vida, à submissão – como se podia ler nos muitos panos e pancartas visíveis por toda a manifestação. Enunciava-se também a defesa da contratação colectiva, do aumento dos salários, do aumento da produção nacional, nomeadamente com a viabilização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e de outras empresas em risco, contra o despedimento colectivo na CNB-Camac.

Sábado foi um dia quente, na temperatura, e muito temperado, na força e determinação com que mais de cinquenta mil pessoas se manifestaram por um futuro melhor, mais justo e mais solidário, e na firme recusa de todas as ultrajantes medidas a que o povo português tem sido sujeito.

Partindo da Praça dos Leões, os manifestantes do distrito do Porto desceram a Rua dos Clérigos, enquanto os que vieram dos distritos a Norte de Coimbra desceram a Rua 31 de Janeiro, vindos da Praça da Batalha. Todos desembocaram numa avenida que depressa encheu, com entusiasmo visível em todos os rostos. Duas sólidas e grandiosas massas humanas convergiram na Praça da Liberdade, nome mais do que apropriado para a ocasião. O ambiente aqueceu à medida que se juntavam os sons dos carros, à frente dos dois desfiles, e o som do palco montado ao cimo da Avenida dos Aliados, dando mais força às palavras de ordem, prontamente acompanhadas por milhares de vozes e que se faziam ouvir muito para além da zona da manifestação.

Já se via a Avenida dos Aliados cheia, e ainda muitos manifestantes não tinham iniciado o desfile. Do palco, por diversas vezes se pediu, com uma satisfação indisfarçável, que todos se chegassem mais à frente. O ambiente geral era de grande determinação, expressa nos panos e nas pancartas, no agitar das bandeiras, na uníssona resposta entusiástica às palavras de ordem, traduzindo plenamente o sentido da luta organizada e contrariando aqueles que usam «incêndios» e «tumultos» imaginários e provocatórios, para tentarem afastar o povo da sua justa luta. Ao lado das trabalhadoras e dos trabalhadores organizados nos sindicatos da CGTP-IN, muitas organizações não sindicais fizeram questão de estar presentes. Foi possível ver faixas identificando freguesias do Porto e de concelhos vizinhos (como Santo Tirso, há muito tempo devastado pelo desemprego), associações de agricultores e outras.

A continuidade da luta foi tema de todas as conversas, enquanto camaradas arrancavam para tomarem o seu lugar nos mais de cem autocarros que, naquele dia, trouxeram ao Porto milhares de manifestantes. Quem por ali circulava, no fim da manifestação, podia perceber a sensação de uma enorme Avenida, preenchida com dezenas de milhares de trabalhadores, onde muitos diálogos se repetiam, acompanhando os abraços de despedida com a alegre promessa de «Vemo-nos nas próximas lutas!», dando força ao compromisso colectivo pouco antes assumido.



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