Saque e barbárie
Os EUA e dezenas de países europeus e do Médio Oriente reconheceram formalmente o Conselho Nacional de Transição como «legítimo» representante da Líbia. A decisão, tomada numa conferência realizada esta semana na Turquia, abre caminho ao que a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, chamou de «acesso a fontes adicionais de financiamento».
Dito de outra forma, os amotinados de Bengasi já haviam esgotado os montantes doados, entre outros, pelas petro-monarquias árabes no início e no decurso da insurreição, diz o Los Angeles Times, e necessitavam de dinheiro fresco para pagar o combustível, as armas e as munições fornecidas pelas potências imperialistas.
Ora as «fontes adicionais de financiamento» de que fala Hillary Clinton são os mais de 130 mil milhões de dólares em fundos soberanos da Líbia que as potências capitalistas congelaram, sem qualquer legitimidade, e ao arrepio da vontade do povo líbio.
Saqueados e agredidos por intensos bombardeamentos da NATO, os líbios continuam a não ceder face à pressão imperialista e a manifestar-se pela soberania e a independência nacionais, como a concentração de mais de dez mil pessoas em Zawiyah, a meia centena de quilómetros da capital, Tripoli, ilustra.
No campo militar, os rebeldes reclamam o controlo de Brega, avanço desmentido pelo governo líbio. Seja qual for o desfecho transitório da batalha em torno da cidade petrolífera, o facto é que os insurrectos terão desistido de avançar para Tripoli, mas deixaram, no caminho, um rasto de destruição.
De acordo com a Humans Right Watch (HRW), na região montanhosa de Djebel Nafusa, os grupos rebeldes dedicaram-se, nos últimos meses, a «saquear e incendiar casas, lojas ou hospitais», e a maltratarem supostos apoiantes de Muammar Khadafi.
Se não tivéssemos dado ordens específicas, [os grupos armados] tinham queimado as aldeias uma por uma, admitiu um comandante rebelde citado pela HRW.