Estudantes e professores paralisam hoje
Estudantes e professores chilenos consideram que as propostas do governo são meros paliativos para um sector que necessita de reformas estruturais. Para hoje estava convocada uma nova greve geral.
«O governo de Piñera faz propostas vagas e parciais»
Depois de reunir com o ministro da Educação, Joaquín Lavín, a Confederação dos Estudantes do Chile (Confech) concluiu que o executivo apenas aceita mudanças cosméticas no sector.
O governo liderado pelo empresário Sebastian Piñera, acusa a Confech, faz propostas vagas e parciais, rejeitando a desmunicipalização do ensino promovida pela ditadura de Augusto Pinochet – forma encapotada de privatização que ainda persiste perpetuando a degradação das unidades públicas e a elitização do ensino e negando-se a promover as alterações constitucionais necessárias ao reconhecimento do ensino público, gratuito e de qualidade como um direito fundamental, e a responsabilidade do Estado no seu financiamento.
Actualmente, o Estado chileno apenas financia 14 por cento dos estabelecimentos públicos, mas transfere avultadas somas para as escolas privadas que operam nos diversos níveis, facto que gera a revolta de milhares de jovens, excluídos por falta de condições económicas de um circuito onde impera a lógica do lucro.
A luta é o caminho
Ao lado dos estudantes do Superior e Secundário, também os professores e investigadores universitários defendem mudanças profundas. Para a estrutura representativa dos docentes, o ministro Lavín «não vai ao substancial, que é a recuperação da educação pública no Chile».
Jaime Gajardo, presidente do Colégio dos Professores, sublinhou que do Palácio de La Moneda «só saem respostas epidérmicas para um problema de fundo».
«O ministro deve definir se segue com esta educação de mercado ou se porá fim ao lucro que define e regula o sistema», acrescentou. «Se me pergunta quem é o responsável pelo prolongamento das paralisações e ocupações, e da irregularidade do ano escolar, é o senhor Lavín», disse ainda.
Neste contexto, os professores confirmaram a sua adesão à paralisação agendada para hoje pelos estudantes. Ambos estimavam que o protesto fosse maior que o ocorrido a 16 de Junho, quando mais de 200 mil pessoas marcharam em todo o País em defesa do carácter público, gratuito, democrático e de qualidade do ensino.
À luta de massas que estudantes e professores desenvolvem nas últimas semanas, tem respondido o governo com repressão. Ainda na passada quinta-feira, 23, a marcha pacífica de cerca de dez mil estudantes do Secundário foi interrompida quando a polícia de choque arremeteu contra os manifestantes com granadas de gás lacrimogéneo e canhões de água.
Trabalhadores antecipam greve
Respondendo à crescente contestação de estudantes, professores e outros sectores que no Chile se opõem à política seguida pelo governo de direita, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) decidiu antecipar para o próximo dia 24 de Agosto uma greve geral de 48 horas.
A jornada de luta, inicialmente prevista para o final de Outubro, tem como reivindicações centrais a melhoria dos salários e das condições laborais, propostas que contrastam com o que a CUT qualifica como uma ofensiva cujo alvo principal são os trabalhadores e as camadas populares empobrecidas.
A estrutura sindical apelou ainda aos profissionais não-docentes e a todos os trabalhadores para que se somem aos protestos ou demonstrem solidariedade.
«São os trabalhadores que pagam a educação dos seus filhos», lembra a CUT