A Igreja como reflexo da sofreguidão do lucro
«Quanto às acusações que são lançadas contra o comunismo em nome da religião, da filosofia e da ideologia, elas nem merecem um exame profundo. Será preciso grande perspicácia para compreender que as ideias, as noções e as concepções dos homens – numa palavra, a sua consciência – mudam com qualquer transformação das suas concepções de vida, das suas relações sociais e dos conteúdos concretos dessas relações? Que demonstra a história das ideias, senão que a produção intelectual se transforma com a produção material? As ideias dominantes de uma época foram sempre as ideias da classe dominante».
Marx/Engels , «Obras completas», Tomo IV.
«Bem aventurados os pobres... Bem aventurada a Igreja pobre, bem aventurada a Igreja dos pobres - disse Cristo. Este título de Igreja dos Pobres, devemos reconhecê-lo, a nossa comunidade cristã não o merece. Nós, os cristãos dos países ricos, temos o primeiro lugar na igreja ; e nas igrejas dos nossos países são os ricos que impõem o seu estilo, de tal modo que os trabalhadores modestos não se sentem em sua casa. Para que amanhã a Igreja de Cristo represente a Igreja dos Pobres, não bastará de forma alguma que seja composta de ricos dotados de compaixão pelos pobres e que os ajudem; nem chegará que a Igreja seja formada por uma mistura (aliás impossível) de ricos e de pobres, com uma certa prioridade para estes últimos. É preciso que ela seja essencialmente constituída por pobres e que os pobres nela se sintam em sua casa, como donos».
Felicidade Alves, Helder da Câmara, Camilo Torres e outros, «Cadernos D. Quixote», Lisboa, 1969.
Voltemos ao ponto em que ficámos anteriormente. Existe claramente, ainda em formação mas já autorizado a intervir em situações de ponta da política internacional, um Gabinete Oculto constituído por uma elite das estruturas representativas dos interesses transnacionais. Os portugueses vão sentir em breve o peso esmagador do seu «punho de aço».
Como não podia deixar de ser, este megalómano sonho do imperialismo mobilizou já várias gerações de banqueiros multimilionários, de políticos a quem a fortuna sorri e a tirania obceca e de sacerdotes com os olhos postos em Deus e as sôfregas mãos unidas ao cifrão e ao chicote.
Como é evidente, a orgânica deste «governo mundial» permanece no segredo dos deuses. Frequentemente, é referido como «cérebro» do sistema o Conselho das Relações com o Estrangeiro (CFR), centro nevrálgico norte-americano com sede em Nova Iorque. Outras fontes, porém, são da opinião de que não existe no sentido físico uma sede centralizada de onde emanem ordens e imposições do grande capital. Os inimagináveis avanços das tecnologias da comunicação já tornam possível transformar a realidade universal num só Estado sem estados, numa única Religião dominante sem igrejas, numa Democracia mundial sem liberdades, numa rede de poderes públicos impotentes e numa esfera científica e militar que imponha, com a desumanidade necessária e sem a limitação dos direitos humanos, a todos os povos o império das elites faraonicamente ricas. É o delírio imperialista mil vezes potenciado e retomando as perspectivas das ambições romanas, coloniais e nazis.
O Vaticano está a par de tudo isto e sabe acerca destas matérias criminosas muito mais. Mas tudo encobre. E apoia activamente a intriga capitalista. Por exemplo, em 1983 (27 de Novembro), João Paulo II fez publicar uma bula que legalizou a participação dos católicos em sociedades secretas. No mesmo ano, a diplomacia da Santa Sé ouviu com agrado as declarações do então Vice-presidente dos EUA, Dan Quayle, perante o senado norte-americano: «Sob a corajosa liderança do Papa João Paulo II, o Estado do Vaticano tem assumido o lugar que lhe corresponde no mundo como uma voz internacional. É apenas correcto que este país (os EUA) mostre o seu respeito pelo Vaticano».
Poucos anos depois, em 1991, dois teólogos franceses da total confiança do papa e do presidente Bush, escreviam na obra «The Most Council» então publicada: «Nós definimos que a Santa Sé e o Pontífice Romano têm supremacia sobre todo o mundo!».
O governo oculto constrói-se a partir das sociedades secretas, dos grupos de reflexão e das seitas religiosas e organizações não-lucrativas estabelecidas «em rede». Visa elaborar uma nova ordem mundial. Todo este complexo esquema assenta ou passa pelo Vaticano.