Ambições da UE são «inaceitáveis»

O Parlamento Europeu aprovou, dia 8, uma recomendação ao Conselho (composto por chefes de Estado e de Governo), na qual, evocando a «personalidade jurídica» da União Europeia «com concomitantes direitos e responsabilidades ao abrigo do direito internacional», exorta os líderes europeus «a assumir um papel internacional proporcional ao seu estatuto de potência económica proeminente e às suas ambições e a desempenhar o papel de actor mundial».

Com a 66.ª Sessão da Assembleia Geral da ONU no horizonte, o texto considera que os Estados-membros devem exigir um assento na Assembleia Geral e um «lugar permanente» no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

Manifestando-se contra a recomendação, que foi aprovada sem votação ao abrigo de uma norma regimental, a deputada do PCP, Ilda Figueiredo, qualificou de «inaceitável» a exigência de um lugar na Assembleia Geral da ONU e um lugar permanente no Conselho de Segurança.

Como salientou na sua declaração de voto, o objectivo da maioria do PE não é «tornar mais democrático o funcionamento de ambos os órgãos da ONU ou criar uma nova ordem mundial mais justa».

De resto, interrogou a deputada do PCP, «que contributo pode dar a uma maior democraticidade da ONU e para a paz e o progresso da humanidade uma UE que, em aliança com a NATO e com os EUA, promovem a guerra, a violação do Direito Internacional e da Carta das Nações Unidas na Líbia? Que contributo pode a UE dar para a não ingerência nos assuntos internos dos Estados, para o respeito da sua soberania e independência e para o seu direito ao desenvolvimento – direitos consagrados pela Carta da ONU e pelo Direito Internacional –, quando, em parceria com o FMI, impõe um programa de agressão sem precedentes contra os trabalhadores e o povo de Portugal e a usurpação dos seus recursos? Nenhum.

«A soberania decorre do povo. E os povos da Europa não conferiram soberania a uma UE cada vez mais anti-social e antidemocrática.»



Mais artigos de: Europa

Vitória popular

Duas semanas após a derrota nas eleições municipais, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, volta a sofrer uma derrota demolidora ao perder nos quatro referendos promovidos no domingo e segunda-feira.

PE recusa congelamento

Rejeitando as exigências designadamente da Grã-Bretanha, França e Alemanha, o Parlamento Europeu pronunciou-se contra o congelamento do orçamento para o período de 2014-2020.

China ultrapassará Europa

O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, advertiu, no dia 10, que as dificuldades orçamentais na generalidade dos estados-membros ameaçam o investimento na inovação, que considerou uma das principais vias para ultrapassar a crise. Rehn, que falava numa...

Greve na imprensa alemã

Cerca de três mil jornalistas e outros trabalhadores da imprensa concentraram-se, dia 9, em Frankfurt, em defesa das 35 horas semanais, contra a redução de salários e pelo fim do trabalho temporário. Desde finais de Abril já se realizaram mais de 170 greves no sector,...

As crises e a União Europeia

Estamos em vésperas de mais um Conselho Europeu, o último durante a Presidência que a Hungria assumiu, nessa partilha com um presidente criado pelo tratado de Lisboa, mas de que raramente se ouve falar. Quem conhece o belga Van Rumpoy, além dos próprios...