Silva Pais não tem bom nome
Avolumam-se as reacções de repúdio e indignação pelo processo movido por sobrinhos do último director da PIDE, Silva Pais, contra os autores da peça A Filha Rebelde, que conta a história de Annie Silva Pais, filha daquele sanguinário.
Em tribunal «defende-se o bom nome de uma pessoa que tem bom nome. Ele não tem bom nome», considerou na passada semana em declarações à Lusa o professor catedrático José Manuel Tengarrinha.
O fundador do MDP/CDE sublinha que Silva Pais teve um comportamento «cruel, opressivo e repressivo» e lembra a propósito a sua própria experiência enquanto preso: «sei bem o que passei e qual era a opinião dele sobre os presos políticos e como deviam ser "apertados" para denunciar"».
O historiador António Borges Coelho, por seu lado, não esconde a sua perplexidade pelo julgamento dos que levaram em 2007 a peça ao palco do D. Maria II, e que são agora acusados de «difamação e ofensa à memória» de Silva Pais, considerando que se trata de «um triste sinal da nossa pobre democracia».
Para Borges Coelho, também ele preso político na ditadura fascista, este julgamento traduz ainda «uma grande falta de pudor e de respeito pelos milhares e milhares de vítimas às mãos da PIDE».