O memorável comício no Theatro Circo de Braga teve, é conhecido, a particularidade de exigir ao Secretário-geral do Partido a realização não de uma, mas de três intervenções – uma à porta daquela casa de espectáculos ainda antes de entrar, para as centenas de pessoas que ali estavam e que já não podiam entrar por a sala estar cheia; uma para as mais de mil pessoas que esgotavam o recinto; e uma outra no final, da varanda do Teatro, onde fez uma breve mas emocionante alocução para as centenas que ali acabaram por se concentrar.

Memorável e emocionante serão as palavras certas, embora curtas.

Quem entrasse naquela bela sala e ouvisse os vibrantes vivas à CDU, apenas estava a viver uma parte de um longo episódio que obrigou a CDU a recorrer ao Tribunal Constitucional para vergar a teimosia da Administração do Teatro e do Governador Civil de Braga que, por todos os meios, tentaram impedir a sua realização, com as manobras mais indignas.

Para os que ali estiveram, uma boa parte dos quais tinham estado em outros comícios no Teatro Circo, antes da sua remodelação, viveu-se uma noite extraordinária. Alegria, confiança, determinação, camaradagem eram partilhadas por todos, os que entraram e os que não entraram, os que aguardaram à porta ou os que foram para casa com o sentimento do dever cumprido.

Novos e velhos, membros do PCP e dos Verdes e muitos outros que foram (fizeram questão de nos dizer isso mesmo) celebrar a devolução do Theatro Circo ao povo e à cidade.

Nuno Sá Lourenço, a criatura a quem o Público encarregou de dizer mal da CDU ao longo das duas semanas de campanha – e que depressa percebeu que a chuva que em diversas ocasiões se abateu sobre a nossa campanha era um sinal claro das dificuldades da CDU – não foi isso que viu. De imediato ensaiou um trocadilho para fazer passar a ideia de que afinal nada daquilo tinha acontecido. Que a CDU usou «o argumento da lotação esgotada», para montar o número dos que ficaram lá fora. E, alegremente, na manhã seguinte, em coerência com o que fez em toda a campanha, publicou um vómito onde decretou que, na campanha da CDU, tudo foi mau.

Foi também contra isto que, na CDU, construímos o nosso notável resultado. Que bem lhes custa a engolir!