Bancos com as mãos livres para agravar taxas de juro e spreads às famílias e empresas

O Estado ao serviço dos banqueiros

O PCP classifica de ilegais e injustas as orientações contidas no chamado «Código de conduta» sobre cláusulas bancárias redigido pelo Banco de Portugal, advertindo que subjacente à iniciativa está o propósito de «abrir as portas à banca para alterar unilateralmente os contratos de acordo com os seus interesses».

Image 7636

Quando seria de esperar um conjunto de medidas de apoio que aliviassem um pouco o sufoco a que estão sujeitas as famílias e empresas - a braços com um forte endividamento que é em si um factor de agravamento da situação económica e social -, o que se assiste, ao invés, é a uma iniciativa (luz verde para mexer unilateralmente nas taxas de juro e nos spreeds) da qual resultarão ainda mais benefícios para a banca e um agravar das fragilidades dos clientes, designadamente dos que têm créditos para a habitação e o consumo.

Mas o PCP vai mais longe e, na nota sobre o assunto emitida pelo seu Gabinete de Imprensa, dia 18, considera que esta é uma matéria que não cabe no poder de decisão da entidade reguladora. E por isso, depois de recordar a ausência no passado recente do papel regulador e fiscalizador do Banco de Portugal (casos do BPN e do BPP, por exemplo), critica o facto de este aparecer agora «tão empenhado nesta cedência aos interesses do capital financeiro».

Daí a exigência para que haja uma intervenção clara do Governo, mesmo estando este em gestão, no sentido de impedir que esta medida vá por diante e que os bancos continuem «a usar os clientes com o único objectivo de manter taxas de lucro elevadas» e, por esta via, continuem «a acumular riqueza à custa dos sacrifícios e da deterioração das condições de vida das famílias portuguesas».

 

Agiotas à solta

 

A justificar a reacção do PCP, noutro plano, está a possibilidade, segundo notícias vindas a público, de três bancos (CGD, BES e BCP) pedirem o aval do Estado para se financiar com o objectivo de reforçarem os capitais dos respectivos bancos. O que revela bem, ma opinião do PCP, «a quem se destina o empréstimo do FMI/UE».

No comunicado enviado às redacções é lembrado ainda que estes são exactamente os mesmos banqueiros que, recentemente, «exigiram ao Governo o pedido de intervenção externa e simultaneamente deixaram o aviso de que não estavam disponíveis para continuar a “ajudar” o País, nomeadamente na compra de dívida pública».

Sem reparo crítico não passou ainda o facto de os dividendos obtidos nos últimos quatro anos pelos quatro maiores bancos privados (mais de 4,5 mil milhões de euros) ter ido para os bolsos dos seus accionistas (na maioria estrangeiros) em vez de ter sido usado para a respectiva recapitalização.

Daí que, tudo visto e ponderado, o pedido de aval por parte destes bancos, a par da cedência do Banco de Portugal às pressões dos banqueiros, bem como da anunciada venda de posições da CGD no BCP, só venha confirmar a razão do PCP quando este afirma que a aceitação pelo PS, PSD e CDS do «Memorando de entendimento» imposto pela troika beneficia claramente a banca e os banqueiros e penaliza o País e os portugueses».



Mais artigos de: PCP

Urge superar carências

O PCP defende o reforço do quadro de pessoal da Divisão de Arqueologia Náutica e Subaquática (DANS), entendendo que essa é uma condição indispensável para garantir o bom funcionamento daquele organismo com um papel único na salvaguarda, estudo e...

XVII Bienal de Artes Plásticas

Encontram-se já abertas as inscrições para a XVII Bienal de Artes Plásticas da Festa do Avante! A ficha de inscrição e o regulamento estão disponíveis no sítio do PCP na internet. As inscrições devem ser enviadas...