Portugal não é um país pobre!
Jerónimo de Sousa participou, sábado, nas iniciativas de apresentação dos candidatos da CDU pelos círculos eleitorais de Bragança e Vila Real. O combate à desertificação e a aposta na produção estiveram em primeiro plano.
O PCP e o PEV levaram os problemas dos transmontanos ao Parlamento
Bragança e Vila Real são duas das regiões mais pobres do País e da União Europeia, uma espécie de periferia da periferia. Ao longo das últimas décadas, nomeadamente nos últimos anos, a situação agravou-se com o encerramento de escolas e centros de saúde e o recuo do investimento público a mínimos históricos. Em resultado das políticas seguidas, quer pelos sucessivos governos quer pelas instituições europeias com a concordância daqueles, muitos agricultores, vitivinicultores e produtores de gado abandonaram as suas produções. Outros resistem ainda, fazendo de cada dia um combate pela sobrevivência. Resta saber por quanto tempo...
A situação é tão grave que levou a primeira candidata da coligação PCP-PEV por Bragança, Manuela Cunha, a afirmar, no almoço de apresentação dos candidatos, que a população do distrito já perdeu quase tudo, só lhe faltando perder uma coisa: o preconceito na hora do voto. Os deputados dos dois partidos que até agora elegeram deputados por aquele círculo eleitoral, o PS e o PSD, já mostraram que não servem e que nada fazem em defesa dos interesses da região. O mesmo sucede em Vila Real, como foi afirmado, ao jantar, por Jerónimo de Sousa: «se um dia houvesse prestação de contas dos deputados que foram eleitos por este distrito, de certeza que esse nosso grande sonho de um dia ter eleitos na Assembleia da República por Vila Real iria concretizar-se.»
Nas visitas que efectuou a associações de agricultores, a candidata por Bragança e dirigente do PEV salientou que em todas lhe dizem que os deputados nunca lá vão. Excepção feita para dois: Agostinho Lopes e Ilda Figueiredo, ambos do PCP, e eleitos respectivamente na Assembleia da República (pelo círculo de Braga) e no Parlamento Europeu.
Sem resignação
Conscientes como nenhuns outros da real situação que afectam os trabalhadores e as populações de Bragança e Vila Real, os candidatos da CDU não se deixam esmagar por ela. Não que não seja gravíssima, que é, mas porque sabem que não resulta de qualquer falta de recursos ou incapacidade das suas gentes – mas antes da política de direita seguida há 35 anos por sucessivos governos do PS e PSD, com ou sem o CDS-PP.
Em Vila Real, Jerónimo de Sousa rejeitou que Portugal seja um país pobre. Tem, sim, «um povo empobrecido, mas tem capacidades e possibilidades de desenvolvimento». Horas antes, em Bragança, tinha já realçado que «temos campos mas proíbem-nos de semear; temos potencialidades agrícolas mas o que vemos é o crescente empobrecimento das populações que vivem da agricultura; temos um território com grandes potencialidades mas é desertificação humana que alastra e o vazio humano que se instala; temos minérios, jazidas importantes também aqui em Trás-os-Montes, de ferro e de ouro, mas tal como no resto do País não lhes tiramos partido.»
Nas duas acções, o dirigente do PCP afirmou que a CDU não se resigna perante os «inquietantes processos de desertificação humana, de abandono e declínio social, de estagnação e declínio das actividades económicas, nomeadamente da agricultura, pecuária e floresta». A política patriótica e de esquerda que propõe prevê o desenvolvimento da agricultura e o apoio aos pequenos e médios produtores, a industrialização do País e a defesa dos serviços públicos e do investimento.