JCP

Solidariedade com a luta do povo egípcio

A JCP participou numa brigada de solidariedade com a luta do povo egípcio, organizada pela Federação Mundial da Juventude Democrática.

As expectativas daquele povo estão a ser defraudadas

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A acção decorreu entre os dias 13 e 18 de Abril e contou com a presença de 12 organizações de vários países, nomeadamente de Portugal, Espanha (CJC), Grécia (KNE), Sudão (DFSS), Líbano (ULDY) e Palestina (YPPP).

Os participantes tiveram oportunidade de contactar com activistas e organizações dinamizadoras das lutas, nomeadamente com o Partido Comunista do Egipto. A brigada visitou os locais mais emblemáticos dos protestos no Cairo, Alexandria e Suez (cidade onde o levantamento popular teve início, a 21 de Janeiro), e participou numa manifestação na Praça Tahrir, no dia 15 de Abril.

«“Em todas as ruas do meu país; O som da liberdade está a chamar”, é a música que se ouve e se canta nas ruas de todo o Egipto», contou-nos Helena Barbosa, da JCP, salientando que esta é já «um hino à luta dos povos», cantada «em todo o mundo árabe».

«Durante anos o povo egípcio viveu sob a opressão de Mubarak. Anos de miséria, injustiça e exploração. Anos em que, no plano da política externa, o Egipto se assumiu como mais um peão ao serviço do imperialismo norte-americano, ao lado de Israel. O segundo maior beneficiário, depois de Israel, da ajuda externa dos EUA», salientou a jovem comunista, frisando: «Durante anos, o regime de Mubarak foi considerado inabalável. Porém, o povo egípcio demonstrou que a sua heróica luta ao longo dos anos é de uma força e de uma determinação capazes de derrubar o mais vil e poderoso regime». «E foi essa luta, essa convicção, que levou milhões de pessoas às ruas e fez cair o regime a 11 de Fevereiro», acrescentou.

Helena Barbosa deu ainda a conhecer que pelas ruas do Cairo e de outras cidades egípcias existem muitas «inscrições nas paredes» que assinalam o 25 de Janeiro, «o primeiro dia das sucessivas manifestações que, durante 18 dias consecutivos, puseram milhões de pessoas nas ruas, em várias cidades – considerada a data mais importante do levantamento popular».

«Mensagem de protesto ou simplesmente desabafos de alegria estão por todo o lado, pintadas nas paredes, em cartazes ou faixas afixadas pelas cidades. As pessoas estão nas ruas, há alegria e esperança nos seus rostos», afirmou.

 

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«Levantamentos populares»

 

A jovem comunista recordou, de igual forma, que foi a revolta da Tunísia que impulsionou «os levantamentos populares» no Egipto e que «deram esperança e confiança na luta».

No entanto, adiantou Helena Barbosa, «este era um processo que há muito tempo estava em construção, sendo de assinalar as contínuas greves e protestos de trabalhadores, que se intensificaram a partir de 2006 nas cidades mais industrializadas, como Suez e Mahalla, e que não se viviam há 50 anos».

Para a jovem comunista são ainda de assinalar os protestos contra Israel, desde 2000, ou contra a guerra no Iraque, desde 2003. «Protestos contra o apoio e a ligação que o regime mantinha com os EUA e Israel», informou, não esquecendo as lutas dos estudantes, desde 2009. «Lutas organizadas em que o movimento sindical e de juventude assumiram um papel de destaque. Lutas contra o regime, contra a exploração, pela justiça e democracia, por melhores salários e melhores condições de vida e de trabalho», frisou.

 

A luta vai continuar!

 

Segundo nos contou Helena Barbosa, mesmo depois da detenção de Mubarak «as pessoas continuam a manifestar-se nas ruas». «Apesar do sentimento de vitória, há um profundo descontentamento com a actual situação que se vive, o que leva as pessoas a sentir necessidade de prosseguir a luta e dar continuidade aos protestos», valorizou, explicando que «as expectativas daquele povo estão a ser defraudadas e traídas pelo Conselho Militar, que apesar de se declarar ao lado do povo e contra o regime, a verdade é que já proibiu as manifestações e pretende manter a Constituição, com ligeiras alterações».

«O Conselho Militar aprovou também uma Lei dos Partidos, profundamente anti-democrática, que exige a divulgação dos nomes dos membros dos partidos, e proíbe aqueles que defendem a luta de classes», criticou, sublinhando: «o povo egípcio sabe que tem um longo caminho a percorrer para efectivar as suas reivindicações e parece disposto a prosseguir o caminho de luta». «Sente-se um novo vigor, esperança e confiança na luta. São muitas as incógnitas sobre o futuro, a certeza é a de que a luta vai continuar!», destacou.

 



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