«Tempo de defender e afirmar Abril»
Antes de se juntar às massas populares que na Avenida da Liberdade assinalaram o aniversário da Revolução dos Cravos, Jerónimo de Sousa participou num almoço comemorativo do 37.º aniversário do 25 de Abril de 1974.
Perante uma sala repleta, o Secretário-geral do PCP sublinhou que «é com confiança que o PCP comemora esse acontecimento maior da história da luta libertadora do povo português».
Confiança, salientou, que não ilude «o momento particularmente grave da actual situação nacional» no quadro da «maior ofensiva contra os interesses do povo e do País desde os tempos do fascismo», mas que se funda «na luta dos trabalhadores e do povo português, na sua capacidade e energia transformadora, no seu papel insubstituível na defesa da liberdade e da democracia, de uma pátria soberana, livre e independente».
Durante quase meio século de opressão fascista, o povo português construiu a revolução, e, depois de alcançada a liberdade e a democracia, deu firme combate à reacção ao mesmo tempo que consolidava conquistas que, lembrou Jerónimo de Sousa, «deixaram marca indelével na Constituição da República Portuguesa».
E ainda que a Revolução de Abril seja uma revolução inacabada, as suas realizações, «embora em larga medida destruídas e golpeadas, não podem deixar de ser valorizadas pelo que representam de experiência, de valores e ideais que se mantêm vivos e actuais, e são uma referência para a luta presente e para construção do futuro democrático e independente de Portugal».
Retomar o caminho do progresso
«Está hoje à vista o resultado do longo processo de recuperação capitalista que durante todos estes anos temos denunciado e combatido e que acabou por agravar de forma brutal todos os problemas nacionais e dos portugueses», considerou o Secretário-geral do PCP.
É neste contexto que nos vemos confrontados com uma profunda crise económica e social, ao que se soma o definhamento do aparelho produtivo e «as políticas de capitulação nacional com consequências desastrosas para o futuro do País».
Para Jerónimo de Sousa, os «espoliadores que se instalaram com armas e bagagens arvorados em mandantes», organizam, «no meio da mais aviltante submissão» dos que nos têm governado, «o esbulho do nosso povo e promove, como se fossem o governo, esse simulacro de negociação». O objectivo do «processo de efectiva imposição de condições por parte de uma troika mandante a uma troika obediente – PS/PSD/CDS», frisou, é «garantir os interesses do sistema financeiro e dos grandes fundos de investimentos e dos especuladores», facto que para os comunistas portugueses é inaceitável e ilegítimo.
Nesse sentido, insistiu, «este é cada vez mais o tempo de defender e afirmar Abril, recusando a ingerência externa! É tempo de respeitar, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República, e não de a subverter».
«Num momento em que a pressão e a chantagem sobre o povo português assumem proporções gigantescas; quando uma poderosa ofensiva ideológica procura impor a aceitação de mais sacrifícios e a continuação do rumo de desastre, é preciso dizer Basta!», exigindo «uma ruptura e mudança na vida política nacional que abra caminho a uma política patriótica e de esquerda», concluiu o Secretário-geral do PCP.