Cresce o descontentamento dos utentes da saúde

«A nossa luta não vai parar»

A luta dos utentes está a crescer um pouco por todo o País. Só no distrito de Évora já se manifestaram mais de cinco mil pessoas contra a degradação dos serviços de saúde pública, situação agravada com o corte nos transportes para os doentes.

Milhares de pessoas estão a morrer por falta de assistência

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Face a esta situação de descontentamento, foi criado o Movimento de Utentes de Saúde Pública que, entre outras acções, lançou um abaixo-assinado que já conta com mais de 20 mil assinaturas. João Oliveira, deputado do PCP na Assembleia da República, eleito pelo distrito de Évora, tem acompanhado os protestos das populações e já reuniu com associações de bombeiros e outras instituições, a quem reafirmou a oposição dos comunistas face à política de desprezo pelo direito à saúde por parte do Governo PS.

Para além da questão dos cortes nos transportes para doentes, os utentes contestam ainda o encerramento de postos médicos e de Serviços de Atendimento Permanente, como o de Montemor-o-Novo e Vendas Novas e a institucionalização da chamada consulta aberta. «A nossa luta não vai parar enquanto o Governo continuar a desprezar as populações e os seus direitos», defende, em nota de imprensa, o movimento de utentes, que promete «continuar a lutar com mais acções de rua e com organização de vigílias».

 

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Defender a saúde

 

A Assembleia Municipal de Vendas Novas aprovou, há dias, por maioria, com os votos a favor da CDU e contra do PSD e do PS, uma moção onde se recorda o artigo 64.º da Constituição da República Portuguesa (CRP), onde se lê: «Todos os portugueses têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover». «É pois dever de todos quantos juram cumprir e fazer cumprir a CRP cumprirem esse juramento e é um direito e um dever de todos os cidadãos exigi-lo», afirma o documento, onde se condena o facto de «milhares de pessoas estarem a morrer por falta de assistência, devido ao corte drástico na emissão de credenciais de transporte aos doentes que dele necessitam para realizarem consultas ou tratamentos».

No concelho de Vendas Novas esta medida do Governo já afectou muitos doentes, «muitos deles com dificuldades de locomoção devido à idade ou tipo de patologia e os que não têm recursos financeiros para se deslocarem». «Esta medida vem também pôr em causa o futuro das estruturas criadas para prestar o serviço de transporte de doentes, designadamente as associações humanitárias de bombeiros, que se viram já na contingência de despedir pessoal, diminuindo a capacidade de resposta nas intervenções de protecção civil, colocando em risco pessoas e bens», adverte a moção apresentada pelos eleitos do PCP.

 

Viver com dignidade

 

Porque as luta das populações não pode parar, as Comissões de Utentes de Saúde da Cidade de Lisboa estiveram, segunda-feira, à porta de vários centros de saúde da capital e distribuíram um comunicado exigindo o «direito à saúde», denunciando os «graves problemas que existem» e apelando às «acções de luta» por parte das populações afectadas.

«Na cidade de Lisboa mais de 100 mil pessoas não têm médico de família e cada médico chega a ter mais de dois mil utentes a seu cargo, o que causa muito tempo de espera nas consultas e nos cuidados primários», advertem as comissões de utentes, que exigem «medicamentos com preços de acordo com os rendimentos das famílias», a «abolição das taxas moderadoras» e o «alargamento das consultas de especialidade».



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