Falando do analfabetismo político

Aurélio Santos

Dizia Bertold Brechet que «não há pior analfabeto que o analfabeto político». Pois bem: vejamos como reduzir esse analfabetismo político, que gera o político vigarista…

Eu diria que uma das preocupações do PCP ao longo dos seus 90 anos de vida tem sido combater esse analfabetismo político. Muitas vezes em condições bem difíceis e em circunstâncias adversas.

Um analfabeto político está em geral credulamente condicionado pelas ideologias dominantes que o desenformam desde a escola aos órgãos de grande tiragem e audiência, impondo esquemas mentais que fazem doutrina, desde o «toda a gente diz» ou «vem nos jornais» ao solene «disse na TV».

Mérito do PCP tem sido fazer a alfabetização a partir dos conceitos e objectivos concretos e imediatos da esmagadora maioria dos cidadãos. Mas os fenómenos que regulam as sociedades humanas são muito complexos porque neles interferem os interesses contraditórios das várias classes sociais.

Claro que as classes exploradoras que dominam o poder político pretendem fazer crer que os seus interesses são os «interesses gerais». Mas esse verniz estala nos momentos de crise. Como aquele que agora vivemos.

Salta à vista que «a crise» está servindo não para recair naqueles que a provocaram mas sim naqueles que eles espoliaram. E as medidas «para resolver a crise» estão a ser usadas para uma ofensiva do capitalismo mais selvagem, numa política que está batendo à porta de toda a gente. Nuns, porque com essa política se apoderam da prodigiosa riqueza que os homens são hoje capazes de produzir. Noutros porque são as vítimas directas deste sistema; e noutros ainda porque não compreendem que estão simplesmente em lista de espera para se juntarem ao exército dos já sacrificados.

Mas terminemos com uma nota mais optimista, ainda com recurso a Brecht: «Nossos inimigos dizem: A luta terminou. Mas nos dizemos: «Não. Ela apenas começou».



Mais artigos de: Opinião

O sistema a funcionar

O gabinete de estatísticas da União Europeia reviu em alta a taxa de desemprego em Portugal. De acordo com o Eurostat, no último mês de Janeiro, o índice ascendia a 11,2 por cento, valor igual ao do final de Dezembro de 2010. Como não podia deixar de ser, o secretário de...

<i>O amor ao povo Líbio</i>

No quadro de uma grave situação interna na Líbia marcada pela repressão e pelo enfrentamento entre opositores e apoiantes do regime de Khadafi, a NATO e as suas principais potências parecem querer lançar-se numa nova aventura militar contra o país que detém as...

Notas sobre a greve dos ferroviários

Está a decorrer uma greve dos ferroviários ao trabalho prestado em horas extraordinárias e dias de folga. Decorre esta forma de luta das medidas que estão a ser aplicadas na CP e CP Carga, decorrentes do Acordo PS/PSD sobre o OE2011, que suspendeu unilateralmente um vasto conjunto de regras da...

Ventos de guerra

As revoltas no mundo árabe reflectem, e por sua vez agravam, a grande crise do capitalismo global. Um dos pilares do imperialismo norte-americano – o seu controlo dos recursos energéticos do Médio Oriente – está a ser abalado em profundidade. O imperialismo investe todo o seu...