Um ano após o terremoto no Chile

Povo exige reconstrução e séria

Milhares de pessoas assinalaram em luta, no passado fim-de-semana, a passagem do primeiro aniversário sobre o violento terremoto que devastou o Centro e o Sul do Chile, em Fevereiro de 2010. A maior acção de massas ocorreu em Concepcíon, onde duas marchas elevaram o tom dos protestos contra o governo, o qual acusam de não ser nem sério nem célere na tomada de medidas, e exigiram a participação popular e das instituições locais no processo de reconstrução do território.

Convocados por organizações sindicais e sociais, milhares de pessoas percorreram o centro da cidade capital da província de Concepcíon, uma das quatro que constituem a região de Biobío, das mais atingidas pelo sismo seguido de maremoto.

Para os manifestantes, um ano após a tragédia, o executivo liderado por Sebastian Piñera está muito longe de efectivar as respostas necessárias, ao que se soma a propaganda e a mentira com objectivo de falsear o curso da reconstrução.

Exemplo disso mesmo é a divulgação de fotografias de uma infra-estrutura, tiradas antes do sismo, mas apresentadas publicamente como sendo recentes e ilustrativas do bom andamento dos trabalhos conduzidos pelo governo. Para o presidente do Partido Comunista do Chile, Guillermo Teillier, que participou nos protestos em Concepcíon, este episódio demonstra «a forma como as autoridades estão a agir».

Acresce que as populações e muitos autarcas contestam a expropriação abusiva de terras, a ausência de auscultação local em todas as fases do processo, a rejeição das propostas feitas por organizações e partidos da oposição, a extrema lentidão da reconstrução e os cortes de 33 por cento nos subsídios atribuídos aos desalojados, ou os casos de alegados desvio de fundos destinados à construção de habitações e apoio às vítimas.

 

Propaganda e realidade

 

O presidente Sebastian Piñera argumenta que cerca de 50 por cento da reconstrução está concluída, mas responsáveis como o presidente da câmara de Dichato, a 40 quilómetros do epicentro do terremoto, afirmam mesmo que «não houve qualquer reconstrução».

No mesmo sentido, organizações sociais alertam para a perpetuação de estruturas precárias no fornecimento saneamento básico, e a Telesur divulgou dados que indicam a existência de 127 acampamentos provisórios albergando quase cinco mil famílias em todas as zonas afectadas.

Ainda de acordo com as informações apuradas pela cadeia de televisão, apenas 7 por cento das 300 mil casas destruídas foram reerguidas. Oito mil escolas continuam por edificar e 42 mil trabalhadores perderam o emprego na sequência da catástrofe. Quase 26 por cento dos fogos destruídos encontravam-se em bairros pobres, contra apenas oito por cento em bairros ricos.

Os movimentos telúricos nas regiões Centro e Sul do Chile não têm cessado desde o sismo de 8,8 na escala de Richter ocorrido a 27 de Fevereiro do ano passado. O abalo foi o quinto maior da história mundial desde de que existem registos e, segundo os especialistas, pode mesmo ter provocado um desvio no eixo terrestre.



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