Tínhamos razão…

Ângelo Alves

O Mundo Árabe vive tempos de convulsão e de profunda luta dos seus povos pela mudança, mas a análise mais detalhada dos acontecimentos demonstra-nos também que o imperialismo – o norte-americano e o europeu – não recuaram na sua intenção de domínio económico e geo-estratégico desta importantíssima região. Está em curso uma sofisticada e complexa operação política, ideológica e mediática do imperialismo que visa conter dentro dos limites do «aceitável» o alcance das revoltas populares – o que significa afastar alguns protagonistas, apontar bodes expiatórios, encontrar novas gerações de serventuários (de preferência mais capazes e «civilizados»), «regenerar» os sistemas políticos mantendo as estruturas de poder e cadeias de comando, reafirmar «os compromissos internacionais» (leia-se a submissão à estratégia do imperialismo) e, no fim, em festa, afirmar que isso foi uma «Revolução».

A região está a ser «sacudida» do ponto de vista geoestratégico e isso implica por um lado mais acção, novas manobras de ingerência e alguns «reajustes» do imperialismo, e por outro, maior necessidade de resistência, vigilância e organização dos povos em luta. Mas atenção! Que não se desviem todas as atenções para o Magrebe. No coração do Médio Oriente, Israel reage violentamente aos desenvolvimentos e lança-se mais uma vez em sérias provocações contra o Líbano e em novos crimes contra o povo da Palestina.

Se há facto recente que desmente o hipócrita discurso de Obama em torno do Mundo Árabe, esse passou-se no Conselho de Segurança da ONU há poucos dias. Os EUA vetaram isolados uma resolução que exigia o desmantelamento dos colonatos israelitas, dando assim cobertura aos crimes de Israel e abrindo campo à sua estratégia de guerra e genocídio, tal como no tempo de Bush.

Fica assim mais uma vez demonstrada a justeza da afirmação do PCP em Novembro de 2008 de que a vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais norte-americanas estaria «longe de corresponder às expectativas de que haverá uma mudança de fundo na política norte-americana». No Médio Oriente, no Magrebe e em todo o Mundo.



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