Sobre-exploração da terra ameaça milhões
Mil milhões de seres humanos numa centena de países estão ameaçados pela desertificação provocada pelo modo de produção capitalista baseado na maximização do lucro.
De acordo com os dados divulgados pelas Nações Unidas no âmbito do lançamento do decénio dos desertos e do combate à desertificação, que decorre entre 2010 e 2020, um em cada três habitantes do planeta vive em terras desérticas ou em risco de desertificação, autênticos santuários de biodiversidade – supõe-se que uma em cada três espécies cultivadas actualmente tenha origem neles, e que o sustento de metade dos animais do mundo dependa do que ali nasce e se produz –, e importantes depósitos de recursos naturais, nomeadamente combustíveis fósseis.
África e Ásia são os continentes mais atingidos pela desertificação, e os números das migrações forçadas que ocorrem em vastas regiões provam isso mesmo, defenderam especialistas reunidos pela ONU.
No arranque de mais uma campanha que se espera não venha a seguir o mesmo caminho da lançada em torno das alterações climáticas (cujo fracasso na recente cimeira de Cancún serve de exemplo), argumentou-se igualmente que o uso da terra tem, nesta matéria, crucial importância, uma vez que a sobre-exploração dos solos e o seu abandono quando deixam de ser rentáveis, bem como a concentração das populações em grandes metrópoles são dos principias responsáveis pelos danos provocados nos ecosistemas e pela sua consequente desertificação.