A luta vai impor a alternativa
«O reforço do PCP com a ampliação decisiva da sua influência social, política e eleitoral; o vigoroso desenvolvimento da luta de massas que, na base da articulação da luta a partir de objectivos concretos das várias organizações e movimentos de massas, conflua para a criação de uma vasta frente social que exija a ruptura com a política de direita e reclame uma política de esquerda ao serviço do povo e do país.» Estas são duas das condições que o XVIII congresso considerou como necessárias para a concretização de uma alternativa de esquerda no nosso País.
O reforço do Partido é ainda mais necessário
O intenso e alargado contacto feito com os trabalhadores e as populações durante a concretização da superior forma de luta e notável Greve Geral do dia 24, os seus positivos resultados e a sua dinâmica transformadora tornaram ainda mais visível o vasto descontentamento de variadas camadas sociais em relação à política do Governo e às profundas desigualdades na distribuição da riqueza nacional. Especialmente por parte daqueles que sentem a exploração de forma mais directa e têm como única riqueza a sua força de trabalho – os assalariados.
A reunião do Comité Central do dia 29 confirmou e concluiu no mesmo sentido. E concluiu também pela premência da construção da alternativa política que dê corpo a uma nova política ao serviço do povo e do País. Alternativa que se tornará quão mais próxima quanto se garanta o aprofundamento da luta de massas e o reforço do Partido. E estará tão mais próxima quanto em cada local de trabalho, empresa ou sector, em cada freguesia, concelho ou região, o reforço do Partido seja preocupação permanente e consequente e o aprofundamento da luta de massas a partir dos problemas concretos dos trabalhadores, das populações e de todas as camadas antimonopolistas, não seja apenas uma importante questão teórica mas uma prática diária por parte de todos os militantes e organizações do Partido, com as consequências que daí resultam no conteúdo da sua actividade e na sua ligação às massas.
Impor a alternativa
Esta conclusão, que não é nova e apenas reafirmada, coloca a todo o Partido e às suas organizações de forma particular uma profunda mas activa reflexão sobre o conteúdo da sua actividade e do seu trabalho de direcção. Já que, durante a preparação desta acção de luta, muitas foram muitas e diversificadas as situações em que só não fomos mais longe no esclarecimento, na mobilização e adesão dos trabalhadores à Greve Geral, devido a bloqueios e insuficiências de carácter subjectivo, que resultam, por isso, no essencial, do conteúdo de trabalho das nossas organizações e da prioridade dada à distribuição dos seus meios.
Ausência de militantes do Partido, e em muitos casos mesmo ausência de actividade sindical em empresas com centenas e mesmo milhares de trabalhadores; organizações locais do Partido com dificuldade em entender que a preparação de uma Greve Geral, sendo tarefa de todo o Partido é, por isso mesmo, tarefa de todos os militantes, todos os organismos e organizações, foram algumas das dificuldades identificadas.
O enunciar destes bloqueios pretende apenas mostrar que a capacidade transformadora da luta pode ser muito mais alargada e, sobretudo, ajudar a potenciar em luta, protesto e elevação da consciência social e política as larguíssimas condições existentes e extraordinariamente ampliadas com o trabalho realizado na concretização e no êxito da Greve Geral.
O ano de 2011 vai ser ainda mais difícil para os trabalhadores e o povo português: o desemprego vai continuar a subir; os salários reais vão diminuir; o número de portugueses a viver no limiar da pobreza e a passar fome vai crescer; a falência de micro empresas vai continuar a ser uma realidade.
Ao mesmo tempo, a política de direita continuará a defender os interesses de classe do grande capital, garantindo-lhe os níveis de lucro e de exploração. Os lucros dos banqueiros vão continuar a ser escandalosos e obscenos. O reforço do Partido é, por isso, ainda mais necessário e a sua ligação às massas aprofundando a sua luta uma exigência da situação social e política. A construção da vasta frente social de luta, a sua dinamização e alargamento acabarão por impor a alternativa tão necessária ao povo e ao País, a democracia avançada e o socialismo como alternativa ao capitalismo e ao seu carácter explorador, cruel e desumano.