Egipto

Irregularidades marcam «eleições»

Cerca de 41 milhões de egípcios estavam habilitados para votar, domingo, nas «eleições» para a câmara baixa do parlamento do país. O processo ficou, no entanto, marcado por irregularidades.

Confrontos violentos com a polícia ocorreram em várias regiões durante toda a campanha. O filho de um dos candidatos, Omar Sayyed, de 24 anos, foi esfaqueado enquanto colava um cartaz. A família diz que o assassinato tem motivações políticas, mas fonte da polícia ouvida pela AFP alegou que o jovem habitante da capital, Cairo, foi atacado por ter tentado assediar a irmã de um dos agressores.

Testemunhos citados pela Dow Jones garantem, por seu lado, que no próprio dia do sufrágio, a polícia usou granadas de gás lacrimogéneo para reprimir uma insurreição na região do Delta do Nilo. Os manifestantes protestavam contra a proibição de entrada dos representantes dos «candidatos independentes» nas assembleias de voto.

No mesmo sentido, uma ONG e um dos partidos concorrentes – a Coligação Egípcia para o Acompanhamento das Eleições (CEAE) e a Coligação Independente –, garantem ter provas de agressões a candidatos, jornalistas e delegados eleitorais, bem como a proibição da fiscalização de várias assembleias de voto.

As irregularidades são evidentes desde o início da votação, conclui a CEAE.

 

Força ameaçadora

 

O Partido Nacional Democrata do presidente Hosni Mubarack deve garantir, tal como nos cinco anteriores sufrágios para a Assembleia, a esmagadora maioria dos 508 lugares no hemiciclo. A estes somam-se outros dez assentos reservados à nomeação presidencial. Mas em 2005, a Irmandade Muçulmana conquistou 20 por cento dos deputados, o que a torna numa força ameaçadora ao poder de Mubarack.

Apesar de proibida de, por esse motivo, apresentar-se às urnas em listas de «candidatos independentes», a organização política de cariz confessional tem um percurso ascendente aparentemente imparável, encontrando no descontentamento popular e na miséria generalizada pasto fértil para consolidar a sua influência social e eleitoral.

Ora foi precisamente a Irmandade Muçulmana uma das mais atingidas pela repressão pré-eleitoral, com mais de mil membros e apoiantes detidos e várias candidaturas anuladas.

No domingo, a página da IM na Internet foi mesmo suspensa e, de acordo com porta-vozes da organização, os seus delegados foram impedidos de estar presentes em mais de 70 por cento das assembleias de voto.

 

Justiça confirma

 

Entretanto, ao final do dia de domingo, diversos tribunais administrativos informaram da anulação do pleito em quase 10 por cento dos círculos devido a irregularidades comprovadas. A maioria dos casos ocorreu no Delta do Nilo, onde os protestos foram mais contundentes.

A estas anulações acrescem as decididas quarta-feira para 90 por cento das circunscrições de Alexandria, a segunda maior cidade do Egipto.



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