Os festejos

José Casanova

No sábado, os culpados disto tudo, todos, festejaram os 25 anos da entrada para a CEE/União Europeia.

Há 35 anos, por esta altura, Portugal e os portugueses avançavam na construção de uma democracia económica, política, social, cultural, complementada nessas quatro vertentes essenciais por uma forte componente participativa e uma inequívoca afirmação da independência e soberania nacional.

Era o tempo dos governos provisórios dirigidos pelo Companheiro Vasco. Era o tempo em que a aliança do movimento operário e popular com os militares revolucionários fazia avançar impetuosamente a Revolução de Abril e as suas conquistas. Era o tempo em que os direitos e os interesses da imensa maioria dos portugueses eram respeitados. Era o tempo em que a acção das massas moldava o conteúdo da Constituição da República que meses depois seria aprovada. Era, enfim, um tempo novo, de liberdade, de justiça social, de paz, de solidariedade, de esperança num futuro de desenvolvimento e progresso para Portugal.

Era um tempo, também, em que as forças contra-revolucionárias – contando com os tradicionais apoios e obedecendo às tradicionais ordens do capitalismo internacional – multiplicavam esforços no sentido de travar o processo revolucionário. E que, para isso, procediam a uma acção caracterizada pelo recurso a todos os meios e a um despudorado vale-tudo, que ia desde a divisão (através de falsidades, calúnias e intrigas) das forças políticas e militares, às tentativas sucessivas de golpes reaccionários e à utilização do terrorismo bombista.

Uma acção que, sempre invocando a «democracia» e os «ideais de Abril», tinha como objectivo destruir a democracia inspirada nos ideais de Abril.

Uma acção integrando sempre – de frente, de lado ou de costas – os três partidos da contra-revolução: PS, PSD e CDS.

Uma acção que viria a desembocar no primeiro Governo PS, chefiado por Mário Soares, o qual, com a sua política de recuperação capitalista, latifundista e imperialista, se sagrou como pai da contra-revolução e depositário de Portugal nas garras do grande capital dono da CEE/União Europeia.

Uma acção que os culpados, todos, festejaram no sábado.



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