Esclarecer e mobilizar trabalhadores e utentes

Privatização da <i>CP</i> é o fim da linha

O PCP promoveu, ontem, uma acção de esclarecimento da população sobre as consequências da privatização dos caminhos de ferro. À tarde, no Entroncamento, Jerónimo de Sousa encontrou-se com trabalhadores da EMEF e contactou com utentes na estação daquela cidade.

Manhã cedo, em centenas de estações da CP por todo o País, milhares de militantes comunistas distribuíram o documento do Partido no qual se apela aos trabalhadores e ao povo para que digam Não! ao ataque aos serviços públicos e façam ouvir o seu protesto contra a privatização do serviço ferroviário, decidida pelo Governo com o apoio do PSD.

Na estação da CP em Massamá, na Linha Suburbana de Sintra, o Avante! acompanhou uma dessas iniciativas que, simultaneamente, têm como objectivo alertar para os nefastos efeitos da entrega das linhas suburbanas, da EMEF e da CP Carga à exploração privada, e apelar à mobilização de utentes e trabalhadores, pois só com a luta é possível travar a ofensiva que PS e PSD pretendem impor.

 

Pretextos e consequências

 

Os pretextos invocados por Sócrates e Passos Coelho são o défice e a crise, mas a verdade é que tais são falsas desculpas para voltar a garantir privilégios aos grupos económicos nacionais e estrangeiros impondo novos sacrifícios aos trabalhadores e ao povo, refere-se no documento do PCP.

Depois do desmembramento da CP em várias empresas, da privatização da Travessia sobre o Tejo, do Metro do Porto e da Rede de Alta Velocidade, agora o alvo da gula do capital são as partes lucrativas do sector ferroviário. Nas mãos do Estado vão permanecer os segmentos que dão prejuízo, isto é, o que permanece público continuará a acumular dívida.

Acresce que a privatização dos caminhos de ferro ofende os interesses do País e do seu aparelho produtivo, e os trabalhadores do sector. A manutenção, reparação e modernização da frota circulante vai ficar na dependência dos privados, mais uma decisão criminosa e destrutiva da produção nacional que segue a orientação iniciada com a alienação da Sorefame. O transporte de mercadorias é abandonado pelo Estado prevendo-se a sua assimilação pelas multinacionais europeias (a alemã <i>DB</i> detém 75 por cento do sector ao nível europeu). Os trabalhadores ferroviários vão enfrentar despedimentos, precariedade das relações laborais e redução dos salários.

Para os utentes, às consequências que indirectamente vão enfrentar, juntam-se a degradação do serviço, o aumento do preço dos bilhetes e o encerramento de linhas.

«É preciso agir! É urgente dizer Basta!», conclui o texto amplamente distribuído pelo Partido que «apela aos trabalhadores e ao povo português para que façam ouvir a sua voz, para que façam sentir a sua força».

 

Fertagus

Exemplo ruinoso a reter

 

Se ainda restarem dúvidas sobre os efeito do processo de privatização do serviço ferroviário, o caso da Travessia sobre o Tejo é elucidativo do que pode vir a acontecer.

 

  • A infraestrutura e os comboios foram pagos pelo Estado e entregues à Fertagus.
  • A Fertagus ganhou o concurso depois do Governo impedir a CP de concorrer.
  • O Estado assegura à Fertagus compensações financeiras, e 168 milhões foram entregues nos últimos 5 anos.
  • O preço dos bilhetes é o dobro do praticado pela Cp para percursos semelhantes e não está integrada na Rede de Passe Social.
  • Os trabalhadores da Fertagus são pagos muito abaixo dos valores pagos pela CP, a empresa usa e abusa da precariedade, e nega os seus funcionários o direito à contratação colectiva.


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