Venezuela responde à crise capitalista e avança

Emprego e progresso produtivo

A quebra do PIB e o desemprego na Venezuela estão a ser usados pelo grande capital nacional e estrangeiro para denegrir os avanços alcançados pelas políticas do governo bolivariano. A realidade dos factos é, porém, distinta da difundida pelos média dominantes, como frisaram os responsáveis do País.

«Nos últimos seis anos, o crescimento do PIB foi de 7,8 por cento»

Quanto à taxa de desemprego na Venezuela, em Abril fixou-se nos 8,2 por cento em resultado das políticas levadas a cabo pelo governo de Hugo Chávez, considerou o presidente do Instituto Nacional de Estatística, Elías Eljuri.

Na apreciação dos dados, o responsável sustentou que o número de desempregados diminuiu face ao anterior mês de Abril (menos 0,5 por cento). Considerando a actual situação de crise mundial e tendo em conta que entre 1999 e 2010 ingressaram no «mercado de trabalho» mais de três milhões de pessoas, tal representa uma grande vitória da revolução bolivariana, acrescentou.

Em 1999, antes da eleição de Chávez para a presidência da República, referiu Eljuri, o desemprego era de 14,6 por cento, atingindo um pico máximo de 19,1 por cento durante a sabotagem petrolífera movida pela burguesia em 2003. Desde então, continuou, a taxa diminuiu sempre até Abril do ano passado fruto das políticas patrióticas e ao serviços dos interesses populares seguidas, registando, no actual contexto de crise capitalista mundial, uma ligeira subida.

Outro factor destacado pelo máximo responsável do INE venezuelano foi a consolidação do emprego de qualidade no país. Durante os 11 anos de governo do presidente Chávez, o total de trabalhadores com vínculos e garantias laborais cresceu de 49 por cento em 1999 para 56,7 por cento em 2010. Quanto ao emprego informal, disse, diminuiu de 51 para 43,3 por cento no mesmo período, sendo que nesta categoria, independentemente do tipo de contrato, enquadram-se todas as empresas com cinco trabalhadores ou menos.

 

Crescimento económico

 

«Apesar de tudo não saímos do capitalismo: estamos em trânsito para o socialismo», começou por sublinhar Chávez ao intervir sobre os mais recentes dados que dão conta de uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) na Venezuela, desaceleração aproveitada pela burguesia para criticar o governo bolivariano.

Para Chávez, o que a burguesia pretende ocultar é, por exemplo, que em 11 anos e em resultado da nacionalização da exploração pública dos recursos naturais, a pobreza caiu de 70 por cento para 23,8 por cento. Antes da revolução bolivariana, sublinhou Chávez, nunca o PIB havia subido mais que 4 por cento. Nos últimos seis anos, a taxa média de crescimento do PIB foi de 7,8 por cento, crescimento só superado pelo da China.

Mais, referiu o presidente venezuelano em declarações recentes, se o crescimento do PIB for calculado em dólares, então terminamos 2009 com mais de 300 mil milhões de dólares, isto é, um crescimento de mais de 300 por cento face a 1999, quando o produto pouco passava os 90 mil milhões.

O que a burguesia mistifica, insistiu, é que a subida da inflação agora registada é incomparavelmente menor que a registada antes do início do processo de transformações políticas, económicas e sociais em curso. Aquele índice chegou a superar os 100 por cento e, em média, era de 53 por cento, quando actualmente não alcança os 23 por cento.

Para mais, sublinhou ainda o presidente venezuelano, de fora das estatísticas ficam programas como os de distribuição de alimentos ou a venda de géneros a preços populares, bem como a queda do preço do cimento ou das tarifas telefónicas em consequência da recuperação de empresas privatizadas.

A queda do PIB, explicou, tem na sua base a redução da produção de petróleo decidida no âmbito da OPEP, a descida do preço do «ouro negro» no mercado mundial e a seca, que obrigou a redução da produção eléctrica.

 

Desmontar o poder da burguesia

 

No actual contexto de crise capitalista, o governo da Venezuela, empenhado na consolidação do processo anti-imperialista e soberano e em abrir caminhos que permitam perspectivar a construção do socialismo, afirma como um dos seus principais objectivos retirar à burguesia a propriedade que sustenta o seu poder, nomeadamente a posse de grandes extensões de terra, o controlo de monopólios na produção e distribuição, e o domínio dos sectores financeiro e do comércio externo.

«Sobre estas ruínas devemos construir o socialismo. Uma terra produtiva e uma indústria ao serviço do povo. O desenvolvimento integral e o desenvolvimento humano», disse, aduzindo igualmente que um dos primeiros passos é intensificar a cultura da terra e, desta maneira, alcançar a soberania alimentar.

A questão a capacidade de produção e distribuição de géneros alimentares é, neste momento, premente no país, dadas as manobras contra-revolucionárias da burguesia quer através do açambarcamento de produtos, quer do incumprimento da legislação sobre preços, quer ainda através da especulação sobre as trocas comerciais e as importações, o abaixamento da capacidade produtiva ou o desvio de bens para o mercado paralelo vendendo-os a valores exorbitantes.

Uma das medidas de sucesso tomadas pelo executivo bolivariano em resposta à reacção da burguesia é a intervenção em empresas ligadas ao sector alimentar. A Diana, por exemplo, nacionalizada em 2008, aumentou substancialmente a sua produção, nomeadamente em bens essenciais como o azeite, a manteiga e o sabão. De 800 mil toneladas por mês quando era propriedade privada, a empresa, fruto da passagem a propriedade social, passou a produzir 4 750 toneladas. Parte dos produtos acabam nas redes de distribuição Mercal, a Pdval e Comerso, cujo objectivo é o fornecimento de géneros a preços populares.

Mas para além do impulso da produção, a Diana também contribuiu fortemente para a criação de postos de trabalho. De 420 trabalhadores, passou a contar com 580, os quais contam com todos os benefícios laborais nunca garantidos pelo anterior proprietário.



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