Urgente romper com o declínio e o retrocesso
O desemprego continua a crescer. Com mais de 20 mil desempregados, o distrito de Coimbra bateu um recorde histórico. O aumento do desemprego ocorreu em todos os 17 concelhos, sendo Coimbra o que tem maior número de desempregados (6826), seguindo-se a Figueira da Foz (3637) e Cantanhede (1518). Situação que exige medidas urgentes de combate ao desemprego.
O aumento do desemprego ocorreu em todos os 17 concelhos do distrito
No entanto, o encerramento de empresas continua com maior incidência no que resta do sector produtivo do distrito. O processo de insolvência da POCERAM e as dificuldades da CERES, são os exemplos mais recentes da contínua sangria de empresas no distrito de Coimbra. Uma empresa cerâmica com cerca de 150 trabalhadores, a POCERAM, abre falência no concelho de Coimbra com contornos pouco claros. Após ter construído uma nova unidade na Figueira da Foz, para logo a vender, declara insolvência. Pelo meio, faz uma dação das instalações a uma entidade bancária que, como resultado, faz com que a empresa passe a pagar 49 mil euros/mês, por instalações que antes eram suas. Com estas duas medidas é posto em causa o património da empresa, que é sempre uma garantia para que os trabalhadores recebam aquilo a que têm direito. Todo este processo de alienação de património e de parte da empresa acontece sem qualquer fiscalização por parte do Governo, sem que ninguém seja responsabilizado. O PCP desde a primeira hora reivindicou a clarificação do processo, o apuramento de responsabilidades e a salvaguarda dos direitos dos trabalhadores. A CERES, outra empresa cerâmica importante, foi, durante muitos anos, uma referência no concelho de Coimbra. O desaparecimento desta empresa ficará a dever-se à incapacidade e má gestão das administrações da empresa e à falta de empenhamento do Governo PS na sua viabilização. O encerramento não poderá ser imputado à crise e muito menos aos seus trabalhadores. Foi notável o esforço e luta dos trabalhadores para que as diversas entidades e o Governo acelerassem todo o processo, de modo a que a empresa se pudesse candidatar a fundos para investimento. É conhecida a paciência e tolerância dos trabalhadores para com os sucessivos adiamentos da reabertura da empresa. Após a reabertura, os cerca de 50 trabalhadores demonstraram tolerância perante os incumprimentos da administração face aos vários meses de salários em atraso. Os trabalhadores e o seu sindicato tudo fizeram para que a empresa reabrisse e se salvaguardasse os seus postos de trabalho. A administração não cumpriu. Queimou prazo atrás de prazo, compromisso atrás de compromisso, e em vez de diminuir o passivo da empresa ainda o aumentou, hipotecando o seu património. Se o processo de reabertura desta empresa falhou fica a dever-se às administrações e à política deste Governo PS de delapidação do sector produtivo. Estes processos têm traços em comum: ambas as empresas tinham um importante património imobiliário. Património que, no caso da POCERAM, foi paulatinamente e metodicamente delapidado e alienado; ambas comprovam aquelas que têm sido as opções do Governo PS de favorecimento da especulação, dos grupos financeiros e de ausência de medidas de salvaguarda do aparelho produtivo do País e de defesa dos direitos dos trabalhadores. O PCP junto dos trabalhadores Desde a primeira hora o PCP solidarizou-se, apelou à luta, levantou questões na Assembleia da República e nos órgãos autárquicos. Foram vários comunicados, visitas de deputados, encontros com trabalhadores durante todo o processo. Os trabalhadores sabem que foi o PCP que esteve ao seu lado, não porque tenham visto na comunicação social mas porque o PCP esteve lá. Até porque a comunicação social pouco ou nenhum eco deu das posições e iniciativas do PCP. No mais recente contacto com os trabalhadores da POCERAM, a deputada do PCP Ilda Figueiredo dirigiu-se a 150 trabalhadores enquanto estes esperavam a realização da assembleia de credores à porta do tribunal. Solidarizou-se com a sua luta, anunciou que colocaria a situação da empresa no Parlamento Europeu e apelou à união e luta dos trabalhadores. Os trabalhadores ouviram e aplaudiram, mas este acontecimento não teve qualquer repercussão nos órgãos de comunicação social. O único jornal regional que deu nota da assembleia de credores apagou a presença de uma deputada do PCP, mas não conseguirá apagar da memória dos 150 trabalhadores a presença solidária do Partido. Ao tentarem apagar a presença do PCP tentam esconder que só a luta poderá derrotar estas políticas que tanto mal têm feito aos trabalhadores e ao País. Tentam esconder que há quem aponte outro caminho e que o rumo que o Governo PS propõe é mais do mesmo. Promete privatizações à gula dos grupos económicos, taxas de IRC mais baixas à Banca, não taxação das operações da bolsa aos especuladores, legislação laboral sem direitos aos patrões e promete ainda a destruição de serviços públicos e funções sociais do Estado aos grandes interesses. Por outro lado, propõe aumentos zero aos trabalhadores, redução nas pensões e reformas e menos comparticipação dos medicamentos aos reformados, diminuição da duração e abrangência do subsídio aos desempregados, diminuição drástica do investimento público às MPME's. Tentam apagar a acção e iniciativa do Partido. Mas o que é certo é que o PCP esteve lá e estará sempre ao lado dos trabalhadores.