Enfermeiros «fartos» de discriminação

Impossível calar a revolta

No primeiro dia, a greve nacional dos enfermeiros registou uma adesão de 91 por cento, e a participação, anteontem, mantinha o mesmo vigor. A greve iniciada segunda-feira termina hoje.

Por salários e condições dignas de trabalho

Congratulando-se com a participação, nesta luta, de quase toda a classe de enfermagem, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN) anunciou que, no segundo de quatro dias de greve, a adesão mantinha uma elevadíssima adesão, situando-se nos 85 por cento. A luta pela equiparação salarial de todos estes trabalhadores aos restantes licenciados na Administração Pública, contra a precariedade de mais de cinco mil enfermeiros e o excesso de horas extraordinárias provocou o encerramento de hospitais e de centros de saúde por todo o País tendo sido assegurados todos os serviços mínimos. A forte participação também levou ao cancelamento de consultas externas, nos cuidados de saúde primários. Em Lisboa, Setúbal, Coimbra, no Porto, Faro e Chaves, o sindicato promoveu, anteontem, caravanas automóveis e «buzinões» em marcha lenta, sensibilizando a população para esta luta. Em Faro, para ontem, foi marcada uma manifestação, entre o Hospital e o Governo Civil, para entregarem os seus diplomas, como forma de protesto. Em declarações à Lusa, o presidente do SEP, José Carlos Martins, acusou o Ministério da Saúde de ter recorrido a «malabarismos para justificar a greve, por não conseguir calar a revolta da classe». Também as declarações do secretário de Estado, na segunda-feira, mereceram reparo do sindicato. Num comunicado, o SEP desmentiu o representante do Executivo PS, lembrando que o actual Governo faz agora «tábua rasa» de uma lei que publicou no mandato anterior, de maioria absoluta e do mesmo partido, quando afirma que tinha proposto uma revalorização faseada de salários, até 2013. Naquela lei, estava explícito que nenhuma entidade pública poderá oferecer menos de 1201 euros a um licenciado, recordou o sindicato, lembrando que, na proposta avançada pelo Ministério da Saúde, apenas um terço por ano, dos 6029 profissionais de enfermagem, com salários abaixo dos 1201,48 euros, seriam reposicionados naquele valor. Salientando que os enfermeiros estão «fartos de discriminação», o sindicato considerou que o aumento anunciado pelo Governo «só seria verdade se o início da carreira passasse a ser, de imediato, os 1201 euros», e desafiou o Governo a explicar por que pretende equiparar os salários, em 2013, no fim da legislatura do actual executivo, quando, «paralelamente, propõe que os prémios dos gestores públicos apenas sejam congelados até 2012». No dia 26, uma delegação de jovens enfermeiros entregou duas mil cartas, no Ministério da Saúde, onde constam as reivindicações da greve desta semana.


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