Provocações e Cia!
As várias direitas de todo o mundo andam numa azáfama sem precedentes para ver qual delas formula a acusação mais grave contra o líder do processo venezuelano. E até dá gosto ver como estão de afinadinhas! Agora a aldrabice partiu da Espanha monárquica pela boca de um juiz do partido de Aznar, o mesmo que, de mãos dadas com Tony Blair, jurou a pés juntos que Saddam Hussein tinha armas nucleares prontas para acabar com todos nós e uns quantos mais.
Eloy Velasco, este é o nome do tal juiz, demonstrou de forma admirável a sua condição de eco de Washington e de Bogotá e acusou o governo de Caracas de colaboração com as FARC. Mas, tratando-se de um eco com certa capacidade criativa, pôs algo da sua lavra e acrescentou que o governo de Hugo Chávez apoia igualmente a organização separatista ETA. Fonte da informação: o famoso portátil de Raul Reyes, que, para além de resistir a um bombardeamento sumamente destrutivo, deve ter um disco duro prodigioso porque, sempre que é necessário, vomita um documento ao gosto do piorzinho da reacção internacional. Já vimos muito coisa sair desse computador maravilha, mas ainda seremos testemunhas de muitas mais. É só virem a jeito...
Poucos dias depois desta «revelação» do juiz espanhol apareceu logo na ribalta um tal Arturo Valenzuela, nada mais nada menos do que o chefe da diplomacia de Washington para a América Latina, para pontificar que «há certos indícios de que tem havido algum tipo de assistência» de Caracas às FARC. Quem ousaria desmentir personagem de tão alta credibilidade? Um latino-americano? Nem pensar! Quem lhe corrigiu a estupidez foi um estado-unidense com nome saxónico. Um tal Douglas Fraser, de profissão general, mas não um general qualquer: é só o chefe do Comando Sul! Em que é que ficamos? Washington dirá, que isto do jogo do polícia bom e do polícia mau já o vimos em muitos filmes made in Hollywood!
Um juiz de má memória
Comecemos pela ETA. Um dos «argumentos» de Eloy Velasco é a presença em Caracas de Raul Cubillas. Estará realmente na Venezuela? Devemos «confessar» que sim, mas é necessário acrescentar que o provocador se «esqueceu» de referir que Cubillas – e alguns separatistas mais – está em Caracas desde 1989, vindo da Argélia, e devido a um acordo entre Felipe González, ex-primeiro ministro espanhol, e Carlos Andrés Pérez, ex-presidente venezuelano. De facto, este acordo González/Andrés Pérez incluiu igualmente a deslocação de membros da ETA para outros dois países: México e Cuba. Nesse momento, ninguém acusou o regime corrupto e repressivo de Pérez de conivência com as FARC.
Mas há mais. Tal como recordou recentemente o jornalista espanhol Pascual Serrano (Rebelião), Eloy Velasco, por muito aznarista que seja, sofre de amnésia quando lhe convém. Em Fevereiro de 2000, quando era director de justiça da Comunidade Autónoma de Valência, recebeu no Palácio da Generalitat, com passadeira vermelha e tudo a que o protocolo obriga e na presença do reaccionário Eduardo Zaplano, presidente da Comunidade, uma delegação das... FARC! Não uma delegação qualquer. Nela estavam, entre outros, Simón Trinidad e Raul Reyes. De acordo com o jornalista, «nunca uma delegação desse nível e tão numerosa teve encontros com o governo venezuelano». Serrano ilustra a sua informação com várias fotografias. Numa delas vê-se um aperto de mãos mais do que cordial entre o juiz e Raul Reyes e noutra, também durante o acto protocolar, aparece igualmente Zaplana no meio dos dois e por trás as bandeiras de Espanha e da Colômbia... para que não ficasse dúvida alguma de que se tratava de uma recepção oficial a uma delegação das FARC. Será que, a partir desta evidência com apoio visual, se deve entender que os aznaristas Zaplana e Velasco estão confabulados com a guerrilha colombiana e empenhados no assassinato de Uribe?
Dizer que o juiz Eloy Velasco não tem juízo não é verdade. O que ele não tem é vergonha nenhuma na cara, como a não têm os meios de comunicação da direita que multiplicam por esse mundo fora tantas mentiras e provocações como se fossem verdades indiscutíveis.
Isto traz à memória aquelas fotografias que nenhum jornal de direita publica agora, quando Rumsfeld e Saddam Hussein apareciam muito felizes ao lado um do outro. Depois, parece que as coisas mudaram e o iraquiano passou a ser o mau da fita.
É mentir, vilanagem!
Eloy Velasco, este é o nome do tal juiz, demonstrou de forma admirável a sua condição de eco de Washington e de Bogotá e acusou o governo de Caracas de colaboração com as FARC. Mas, tratando-se de um eco com certa capacidade criativa, pôs algo da sua lavra e acrescentou que o governo de Hugo Chávez apoia igualmente a organização separatista ETA. Fonte da informação: o famoso portátil de Raul Reyes, que, para além de resistir a um bombardeamento sumamente destrutivo, deve ter um disco duro prodigioso porque, sempre que é necessário, vomita um documento ao gosto do piorzinho da reacção internacional. Já vimos muito coisa sair desse computador maravilha, mas ainda seremos testemunhas de muitas mais. É só virem a jeito...
Poucos dias depois desta «revelação» do juiz espanhol apareceu logo na ribalta um tal Arturo Valenzuela, nada mais nada menos do que o chefe da diplomacia de Washington para a América Latina, para pontificar que «há certos indícios de que tem havido algum tipo de assistência» de Caracas às FARC. Quem ousaria desmentir personagem de tão alta credibilidade? Um latino-americano? Nem pensar! Quem lhe corrigiu a estupidez foi um estado-unidense com nome saxónico. Um tal Douglas Fraser, de profissão general, mas não um general qualquer: é só o chefe do Comando Sul! Em que é que ficamos? Washington dirá, que isto do jogo do polícia bom e do polícia mau já o vimos em muitos filmes made in Hollywood!
Um juiz de má memória
Comecemos pela ETA. Um dos «argumentos» de Eloy Velasco é a presença em Caracas de Raul Cubillas. Estará realmente na Venezuela? Devemos «confessar» que sim, mas é necessário acrescentar que o provocador se «esqueceu» de referir que Cubillas – e alguns separatistas mais – está em Caracas desde 1989, vindo da Argélia, e devido a um acordo entre Felipe González, ex-primeiro ministro espanhol, e Carlos Andrés Pérez, ex-presidente venezuelano. De facto, este acordo González/Andrés Pérez incluiu igualmente a deslocação de membros da ETA para outros dois países: México e Cuba. Nesse momento, ninguém acusou o regime corrupto e repressivo de Pérez de conivência com as FARC.
Mas há mais. Tal como recordou recentemente o jornalista espanhol Pascual Serrano (Rebelião), Eloy Velasco, por muito aznarista que seja, sofre de amnésia quando lhe convém. Em Fevereiro de 2000, quando era director de justiça da Comunidade Autónoma de Valência, recebeu no Palácio da Generalitat, com passadeira vermelha e tudo a que o protocolo obriga e na presença do reaccionário Eduardo Zaplano, presidente da Comunidade, uma delegação das... FARC! Não uma delegação qualquer. Nela estavam, entre outros, Simón Trinidad e Raul Reyes. De acordo com o jornalista, «nunca uma delegação desse nível e tão numerosa teve encontros com o governo venezuelano». Serrano ilustra a sua informação com várias fotografias. Numa delas vê-se um aperto de mãos mais do que cordial entre o juiz e Raul Reyes e noutra, também durante o acto protocolar, aparece igualmente Zaplana no meio dos dois e por trás as bandeiras de Espanha e da Colômbia... para que não ficasse dúvida alguma de que se tratava de uma recepção oficial a uma delegação das FARC. Será que, a partir desta evidência com apoio visual, se deve entender que os aznaristas Zaplana e Velasco estão confabulados com a guerrilha colombiana e empenhados no assassinato de Uribe?
Dizer que o juiz Eloy Velasco não tem juízo não é verdade. O que ele não tem é vergonha nenhuma na cara, como a não têm os meios de comunicação da direita que multiplicam por esse mundo fora tantas mentiras e provocações como se fossem verdades indiscutíveis.
Isto traz à memória aquelas fotografias que nenhum jornal de direita publica agora, quando Rumsfeld e Saddam Hussein apareciam muito felizes ao lado um do outro. Depois, parece que as coisas mudaram e o iraquiano passou a ser o mau da fita.
É mentir, vilanagem!
