Trabalhadores norte-americanos pagam a crise

Capital aumenta exploração

O desemprego nos EUA não pára de aumentar. Em Fevereiro, foram delapidados mais de 36 mil empregos, fixando a taxa admitida pelo Departamento de Trabalho em 9,7 por cento.
Estes dados indicam que cerca de 15 milhões de norte-americanos estão sem emprego, de entre os quais mais de 6 milhões encontram-se nesta situação à seis meses ou mais.
As informações difundidas pela comunicação social dominante têm veiculado a ideia de que os números actuais são inferiores às estimativas da administração Obama, promovendo, desta forma, a ideia de que a crise está no ponto de viragem e a bonança avizinha-se. Mas a realidade é bem diferente.
Segundo os mesmos dados, a percentagem dos que desistiram de procurar trabalho e os que, constrangidos pelo patronato, foram obrigados a laborar a tempo parcial, cresceu de 16,5 para 16,8 por cento entre Janeiro e Fevereiro deste ano. No total são já quase 9 milhões de pessoas.

Produzir mais e receber menos

Apesar de constar nas estatísticas de Washignton, pouco se fala, igualmente, do aumento da exploração sobre os trabalhadores, aqueles a quem o capital tem apresentado a factura de uma crise para a qual não contribuíram.
Enquanto no último trimestre de 2009 a produtividade cresceu 6,9 por cento - mais que os esperados 6,2 por cento –, no mesmo período o custo unitário do factor trabalho decresceu 5,9 por cento, superando mesmo as expectativas que indicavam um declínio deste em 4,4 por cento. No terceiro trimestre de 2009 o custo do trabalho havia já caído 2,8 por cento, facto que demonstra que, à boleia da crise, o capital está a impor aos trabalhadores remunerações mais baixas agravando a extorsão da mais-valia, elemento fulcral na apropriação privada da produção social por parte das classes dominantes e na acumulação de capital.
Neste contexto de crise para quem trabalha, não é de estranhar que os indicadores sociais sofram um agravamento. Números recentes indicam que, em Nova Iorque, por exemplo, o total dos que vivem na rua supera já os 40 mil. Destes, apenas 8 mil têm abrigo em centros de acolhimento, os quais, por sua vez, se debatem com sérias dificuldades para se manterem abertos em resultado dos cortes nas subvenções estatais.

Falências em catadupa

Entretanto, os dados oficiais mostram ainda que o total das bancarrotas entre os cidadãos norte-americanos aumentou, em Fevereiro, 9 por cento face ao primeiro mês deste ano. Em comparação com o mesmo mês de 2009, o crescimento foi de 14 por cento, cifra que ilustra de forma contundente o galopante empobrecimento de camadas com capacidade de consumo no contexto de uma crise sistémica.
Ao nível das empresas, só o ano passado os pedidos de falência nos EUA subiram 32 por cento, atingindo quase 1,5 milhões, tantos quantos os esperados apenas para o início deste ano.
Instituições bancárias executadas em 2010 contabilizam-se até ao momento 26. A semana passada, o banco Centennial, do estado do Utah, e o Waterfield Bank, do Maryland, foram ao fundo, ao passo que Sun American Bank, da Flórida, e Bank of Illinois, foram absorvidos por instituições maiores com a ajuda do governo, algo que no actual quadro também não causa estupefacção.


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