Repor a verdade sobre o massacre de Kátine
Alertando para uma nova campanha anticomunista em torno do chamado «massacre de Kátine», o deputado do Partido Comunista da Federação Russa, Víktor Iliúkhine, numa intervenção na Duma feita na sessão de dia 12, e que aqui publicamos, exigiu o apuramento da verdade e o fim das falsificações da história da União Soviética.
A campanha anti-soviética lançada por Goebbels em 1943 para quebrar a aliança anti-fascista volta a ser hoje explorada pelo imperialismo na sua cruzada anticomunista
No próximo dia 5 de Maio terá lugar no Congresso dos EUA uma exposição dedicada ao fuzilamento dos oficiais polacos, feitos prisioneiros pelo Exército Vermelho em 1939, durante a incorporação da Bielorrússia ocidental e da Ucrânia ocidental na União Soviética.
Na cerimónia de inauguração prevê-se a participação da secretária de Estado, Hilary Clinton, de congressistas, senadores e eminentes políticos e historiadores.
A administração dos EUA tenciona apoiar a Polónia e a sua versão sobre o fuzilamento dos polacos na Primavera de 1940 pelas tropas do NKVD da URSS, e dessa forma agudizar mais uma vez as relações da Rússia com a Polónia.
A partir de Março próximo decorrerá na Polónia toda uma série de iniciativas relacionadas com a morte dos oficiais polacos, que terão novamente um carácter anti-russo.
Tais iniciativas estão programadas também no nosso país, nos arredores de Smolensk, onde os polacos foram eliminados.
O presidente do governo russo, Vladímir Pútine, convidou oficialmente o primeiro-ministro Donald Tusk a visitar a Rússia por ocasião do 70.º aniversário da tragédia.
Este facto não suscitaria qualquer repúdio ou objecção se não existisse uma série de outras circunstâncias.
Uma falsificação nazi
Em 1943, Goebbels, numa tentativa de criar diferendos que desfizessem a coligação antifascista, lançou uma repugnante campanha acusando a URSS de ter alegadamente ordenado o fuzilamento nos arredores de Smolensk de mais de dez mil oficiais polacos. Esta declaração foi apoiada pelo governo polaco no exílio, dominado pelo sentimento de vingança e animosidade contra a União Soviética devido à derrota do exército polaco na Bielorrússia ocidental e Ucrânia e à incorporação destes territórios na URSS.
Contudo, as calúnias de Goebbels foram então rejeitadas por todo o mundo e enquanto a União Soviética foi uma superpotência ninguém pôs em causa que os prisioneiros foram eliminados pelos fascistas. Todavia, nos finais dos anos 80 inícios de 90 do século passado, surgiram alegações – não num lugar qualquer mas no nosso próprio país – de que os polacos teriam sido fuzilados pelos Sovietes. Isto coincidiu com o processo de interdição do PCUS que foi iniciado por Iéltsine.
O sobejamente conhecido Aleksander Iákovlev bateu-se empenhadamente para comprometer dessa forma a URSS e torná-la alvo da condenação mundial. De seguida teve lugar uma gigantesca operação de adulteração e falsificação dos arquivos documentais do CC do PCUS. Mas a sua apresentação no Tribunal Constitucional da Federação Russa em 1992-93 foi um fiasco. Por falta de provas, Boris Iélstine e a sua equipa tiveram que desistir das acusações contra o PCUS e contra a URSS de fuzilamento dos polacos.
Não obstante, o antigo presidente da URSS, Mikhail Gorbatchov, sem ter estudado um só documento do arquivo histórico, apresentou desculpas à Polónia pelo fuzilamento dos polacos. De igual modo procedeu Boris Iéltsine. O segundo presidente da Rússia Vladímir Pútine não só se desculpou como entregou uma série de documentos ao governo polaco.
Falo disto com uma enorme preocupação, e não só porque é necessário restabelecer a justiça histórica. Hoje, no Tribunal Europeu existem 70 acções contra a Rússia interpostas por familiares dos oficiais assassinados que exigem ser indemnizados. Após ser examinadas pelo tribunal, a Polónia tenciona apresentar uma acção conjunta contra a Rússia pelo fuzilamento dos oficiais reclamando uma compensação no valor de aproximadamente 100 mil milhões de dólares. A indemnização terá de ser paga pela Rússia, pelos nossos filhos, e não pela URSS. Podemos afirmar com elevado grau de segurança que esta acção será decidida favoravelmente, e que as propriedades e contas bancárias russas no estrangeiro serão confiscadas de modo a satisfazer as pretensões polacas.
Testemunhas e balas alemãs
Há vários anos que existe no nosso país uma comissão de historiadores, deputados da Duma, cujo trabalho permitiu confirmar que os polacos foram fuzilados com armas alemãs depois de, no Verão-Outono de 1941, os fascistas terem ocupado Smolensk e os seus arredores, onde se situavam os campos em que estavam acantoados os oficiais polacos. Foram identificadas testemunhas do massacre, incluindo soldados alemães. Um conjunto de oficiais polacos, dados como fuzilados, na realidade permaneceu vivo. Estabeleceram-se provas que podem demonstrar a falsificação de documentos do CC do PCUS, que transitaram para o arquivo do presidente Iéltsine.
Todavia, ao tentar desenvolver o seu trabalho, a comissão tem encontrado uma resistência assinalável por parte de uma série de ministérios e departamentos.
Sob o pretexto de que tudo está já esclarecido recusam-lhe a consulta de documentos de arquivo, apesar de a parte polaca ter tido amplo acesso a eles.
A comissão está a ser impedida de aceder aos processos criminais que estão nos arquivos.
Neste sentido, o nosso grupo insiste na criação de uma comissão parlamentar para o apuramento de todas as circunstâncias da morte dos oficiais polacos, e solicita a reabertura da investigação criminal destes factos pela procuradoria geral. Em simultâneo insistimos na realização de uma investigação parlamentar sobre a morte de 80 a 120 mil oficiais do Exército Vermelho feitos prisioneiros pelos polacos em 1920.
É necessário que Vladímir Pútine evite repetir afirmações precipitadas e muito provavelmente erradas sobre a morte dos oficiais polacos.
Nós elaborámos um filme histórico-documental sobre o fuzilamento dos polacos, que dentro em breve poderá ser visto no site do PCFR.
Para terminar quero recordar uma citação de W. Churchill: «Ao lançarmos uma discussão entre o passado e o presente, descobriremos que perdemos o futuro». Nós queremos que o poder russo cesse de combater o nosso passado soviético, só então o país poderá ter um belo futuro.
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Tradução, título e subtítulos da responsabilidade da Redacção do Avante!. O original russo está disponível em http://kprf.ru/dep/75724.html
Na cerimónia de inauguração prevê-se a participação da secretária de Estado, Hilary Clinton, de congressistas, senadores e eminentes políticos e historiadores.
A administração dos EUA tenciona apoiar a Polónia e a sua versão sobre o fuzilamento dos polacos na Primavera de 1940 pelas tropas do NKVD da URSS, e dessa forma agudizar mais uma vez as relações da Rússia com a Polónia.
A partir de Março próximo decorrerá na Polónia toda uma série de iniciativas relacionadas com a morte dos oficiais polacos, que terão novamente um carácter anti-russo.
Tais iniciativas estão programadas também no nosso país, nos arredores de Smolensk, onde os polacos foram eliminados.
O presidente do governo russo, Vladímir Pútine, convidou oficialmente o primeiro-ministro Donald Tusk a visitar a Rússia por ocasião do 70.º aniversário da tragédia.
Este facto não suscitaria qualquer repúdio ou objecção se não existisse uma série de outras circunstâncias.
Uma falsificação nazi
Em 1943, Goebbels, numa tentativa de criar diferendos que desfizessem a coligação antifascista, lançou uma repugnante campanha acusando a URSS de ter alegadamente ordenado o fuzilamento nos arredores de Smolensk de mais de dez mil oficiais polacos. Esta declaração foi apoiada pelo governo polaco no exílio, dominado pelo sentimento de vingança e animosidade contra a União Soviética devido à derrota do exército polaco na Bielorrússia ocidental e Ucrânia e à incorporação destes territórios na URSS.
Contudo, as calúnias de Goebbels foram então rejeitadas por todo o mundo e enquanto a União Soviética foi uma superpotência ninguém pôs em causa que os prisioneiros foram eliminados pelos fascistas. Todavia, nos finais dos anos 80 inícios de 90 do século passado, surgiram alegações – não num lugar qualquer mas no nosso próprio país – de que os polacos teriam sido fuzilados pelos Sovietes. Isto coincidiu com o processo de interdição do PCUS que foi iniciado por Iéltsine.
O sobejamente conhecido Aleksander Iákovlev bateu-se empenhadamente para comprometer dessa forma a URSS e torná-la alvo da condenação mundial. De seguida teve lugar uma gigantesca operação de adulteração e falsificação dos arquivos documentais do CC do PCUS. Mas a sua apresentação no Tribunal Constitucional da Federação Russa em 1992-93 foi um fiasco. Por falta de provas, Boris Iélstine e a sua equipa tiveram que desistir das acusações contra o PCUS e contra a URSS de fuzilamento dos polacos.
Não obstante, o antigo presidente da URSS, Mikhail Gorbatchov, sem ter estudado um só documento do arquivo histórico, apresentou desculpas à Polónia pelo fuzilamento dos polacos. De igual modo procedeu Boris Iéltsine. O segundo presidente da Rússia Vladímir Pútine não só se desculpou como entregou uma série de documentos ao governo polaco.
Falo disto com uma enorme preocupação, e não só porque é necessário restabelecer a justiça histórica. Hoje, no Tribunal Europeu existem 70 acções contra a Rússia interpostas por familiares dos oficiais assassinados que exigem ser indemnizados. Após ser examinadas pelo tribunal, a Polónia tenciona apresentar uma acção conjunta contra a Rússia pelo fuzilamento dos oficiais reclamando uma compensação no valor de aproximadamente 100 mil milhões de dólares. A indemnização terá de ser paga pela Rússia, pelos nossos filhos, e não pela URSS. Podemos afirmar com elevado grau de segurança que esta acção será decidida favoravelmente, e que as propriedades e contas bancárias russas no estrangeiro serão confiscadas de modo a satisfazer as pretensões polacas.
Testemunhas e balas alemãs
Há vários anos que existe no nosso país uma comissão de historiadores, deputados da Duma, cujo trabalho permitiu confirmar que os polacos foram fuzilados com armas alemãs depois de, no Verão-Outono de 1941, os fascistas terem ocupado Smolensk e os seus arredores, onde se situavam os campos em que estavam acantoados os oficiais polacos. Foram identificadas testemunhas do massacre, incluindo soldados alemães. Um conjunto de oficiais polacos, dados como fuzilados, na realidade permaneceu vivo. Estabeleceram-se provas que podem demonstrar a falsificação de documentos do CC do PCUS, que transitaram para o arquivo do presidente Iéltsine.
Todavia, ao tentar desenvolver o seu trabalho, a comissão tem encontrado uma resistência assinalável por parte de uma série de ministérios e departamentos.
Sob o pretexto de que tudo está já esclarecido recusam-lhe a consulta de documentos de arquivo, apesar de a parte polaca ter tido amplo acesso a eles.
A comissão está a ser impedida de aceder aos processos criminais que estão nos arquivos.
Neste sentido, o nosso grupo insiste na criação de uma comissão parlamentar para o apuramento de todas as circunstâncias da morte dos oficiais polacos, e solicita a reabertura da investigação criminal destes factos pela procuradoria geral. Em simultâneo insistimos na realização de uma investigação parlamentar sobre a morte de 80 a 120 mil oficiais do Exército Vermelho feitos prisioneiros pelos polacos em 1920.
É necessário que Vladímir Pútine evite repetir afirmações precipitadas e muito provavelmente erradas sobre a morte dos oficiais polacos.
Nós elaborámos um filme histórico-documental sobre o fuzilamento dos polacos, que dentro em breve poderá ser visto no site do PCFR.
Para terminar quero recordar uma citação de W. Churchill: «Ao lançarmos uma discussão entre o passado e o presente, descobriremos que perdemos o futuro». Nós queremos que o poder russo cesse de combater o nosso passado soviético, só então o país poderá ter um belo futuro.
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Tradução, título e subtítulos da responsabilidade da Redacção do Avante!. O original russo está disponível em http://kprf.ru/dep/75724.html