Ofensiva já faz vítimas civis
A maior ofensiva conjunta das forças da NATO e do exército afegão no território, invadido e ocupado em 2001, já provocou vítimas civis. A ONG italiana Emergency fala em crimes de guerra.
«As tropas assaltantes impedem a evacuação dos feridos»
O assalto à cidade de Marjah e outras localidades da província de Helmand, região considerada um bastião da resistência talibã, iniciou-se sexta-feira da semana passada e mobilizou cerca de 15 mil soldados, aviação e artilharia pesada. Dois dias depois, o presidente afegão, Hamid Karzai, admitiu que pelo menos doze pessoas morreram durante um bombardeamento com mísseis. Os civis encontravam-se em casa abrigando-se dos combates intensos quando as residências foram atingidas.
Mas estas não são as únicas vítimas civis da violenta campanha que os ocupantes promovem no Sul do Afeganistão. De acordo com testemunhos do hospital de emergência de Lashkargah, que se encontra a apenas 40 quilómetros do epicentro dos combates, as tropas assaltantes estão a impedir a evacuação dos feridos.
«No sábado a Cruz Vermelha Internacional telefonou-nos a dizer que no seu centro ambulatório de urgências havia 28 feridos graves a quem os marines não concediam livre trânsito», disse o responsável da unidade médica de Lashkargah, citado pelo rebelion .
«Já é domingo à tarde e os militares dos EUA continuam a obstruir a evacuação de feridos. A Cruz Vermelha tem esperança que os militares permitam a passagem para Marjah de um comboio humanitário proveniente de Kandahar. Seis dos 28 feridos já morreram por falta de assistência médica», acrescentou a mesma fonte, que precisou ainda que ao hospital que dirige haviam chegado, até aquele momento, cinco feridos, um dos quais uma criança de sete anos baleada no peito.
Chocadas com o recebimento de um menor baleado pelas forças da coligação, a ONG que dirige o hospital de Lashkargah, a italiana Emergency, difundiu um comunicado no qual «denuncia os graves crimes de guerra perpetrados pelas forças da coligação liderada pelos EUA», e solicita «a abertura imediata de um corredor humanitário que permita o socorro e a evacuação dos feridos».
Sucesso televisivo
A ofensiva em Helmand faz parte da chamada nova estratégia dos EUA para o Afeganistão. Nos últimos dias, a operação Moshtarak (juntos, no dialecto local), foi amplamente divulgada nos meios de comunicação social.
Segundo as altas chefias militares norte-americanas, nos primeiros dias de combate foram alcançados grandes sucessos, como o controle da maior cidade local e o bloqueio das rotas de fuga dos grupos armados. O comando disse também que três soldados norte-americanos e um britânico morreram, e que do lado dos resistentes, 20 perderam a vida e onze foram capturados.
Face a estes dados e à propaganda em torno da operação - consideravelmente superior à que foi feita aquando de outras ofensivas similares -, é justo questionar o sucesso militar da operação.
A NATO falava em mais de dois mil combatentes talibã que urgia combater na região. Mas são os próprios dados oficiais que demonstram que estes, na sua maioria, abandonaram antecipadamente as posições, e que, também na sua larga maioria, não foram capturados durante a fuga.
Neste contexto, e olhando para as reportagens que mostram, do lado dos ocupantes, o avanço bem sucedido, é justo questionar se o anúncio da operação e a ofensiva propriamente dita não será apenas um sucesso televisivo da propaganda dos EUA, cujo povo se posiciona maioritariamente pelo regresso dos soldados a casa.
Mas estas não são as únicas vítimas civis da violenta campanha que os ocupantes promovem no Sul do Afeganistão. De acordo com testemunhos do hospital de emergência de Lashkargah, que se encontra a apenas 40 quilómetros do epicentro dos combates, as tropas assaltantes estão a impedir a evacuação dos feridos.
«No sábado a Cruz Vermelha Internacional telefonou-nos a dizer que no seu centro ambulatório de urgências havia 28 feridos graves a quem os marines não concediam livre trânsito», disse o responsável da unidade médica de Lashkargah, citado pelo rebelion .
«Já é domingo à tarde e os militares dos EUA continuam a obstruir a evacuação de feridos. A Cruz Vermelha tem esperança que os militares permitam a passagem para Marjah de um comboio humanitário proveniente de Kandahar. Seis dos 28 feridos já morreram por falta de assistência médica», acrescentou a mesma fonte, que precisou ainda que ao hospital que dirige haviam chegado, até aquele momento, cinco feridos, um dos quais uma criança de sete anos baleada no peito.
Chocadas com o recebimento de um menor baleado pelas forças da coligação, a ONG que dirige o hospital de Lashkargah, a italiana Emergency, difundiu um comunicado no qual «denuncia os graves crimes de guerra perpetrados pelas forças da coligação liderada pelos EUA», e solicita «a abertura imediata de um corredor humanitário que permita o socorro e a evacuação dos feridos».
Sucesso televisivo
A ofensiva em Helmand faz parte da chamada nova estratégia dos EUA para o Afeganistão. Nos últimos dias, a operação Moshtarak (juntos, no dialecto local), foi amplamente divulgada nos meios de comunicação social.
Segundo as altas chefias militares norte-americanas, nos primeiros dias de combate foram alcançados grandes sucessos, como o controle da maior cidade local e o bloqueio das rotas de fuga dos grupos armados. O comando disse também que três soldados norte-americanos e um britânico morreram, e que do lado dos resistentes, 20 perderam a vida e onze foram capturados.
Face a estes dados e à propaganda em torno da operação - consideravelmente superior à que foi feita aquando de outras ofensivas similares -, é justo questionar o sucesso militar da operação.
A NATO falava em mais de dois mil combatentes talibã que urgia combater na região. Mas são os próprios dados oficiais que demonstram que estes, na sua maioria, abandonaram antecipadamente as posições, e que, também na sua larga maioria, não foram capturados durante a fuga.
Neste contexto, e olhando para as reportagens que mostram, do lado dos ocupantes, o avanço bem sucedido, é justo questionar se o anúncio da operação e a ofensiva propriamente dita não será apenas um sucesso televisivo da propaganda dos EUA, cujo povo se posiciona maioritariamente pelo regresso dos soldados a casa.