O capital e seus enxertos
Nos últimos decénios uma vulgata tendo como inspiração revelada o neoliberalismo promoveu uma grande «lavagem de cérebro» planetária. Essa lavagem criou uma inversão de conceitos para dificultar a compreensão das realidades sociais. De facto não é mais do que um enxerto na velha árvore do capital, que aproveitou o espaço deixado pela destruição (datada) dos regimes socialistas para sorver mais seiva do trabalho socialmente produzido à escala mundial.
A teologia neoliberal devorou os cérebros. Na palavra dos gurus do neoliberalismo as reivindicações populares foram apresentadas como «conservadorismo» e a flexibilização, a polivalência e a desregulamentação generalizada dos direitos sociais como «reformas para o progresso». Afirmações sumárias foram apresentadas e repisadas como «incontornáveis», «indiscutíveis». O mercado (entenda-se: capitalista) foi elevado a «condição da democracia», o individualismo identificado como dinamismo, autenticidade, futuro, e o socialismo como «ultrapassado, parado, autocrático, «totalitário».
Virando as realidades de pernas para o ar, o mundo foi distorcido, como as imagens dos espelhos deformantes das feiras. Só que estas imagens não são motivo de riso. Vale a pena recordar por exemplo que, no desabar da União Soviética, Boris Ieltsin era apresentado como representante da «esquerda», Gorbatchov era do «centro», e eram da «direita» todos aqueles que não apelavam à restauração de um mercado capitalista e à pilhagem dos bens do Estado.
O enxerto neoliberal foi bem profícuo à velha árvore do capital.
Foi um dos suportes de uma globalização feita a partir do topo, por um pequeno grupo de países imperialistas, que com a cruzada neoliberal reforçaram o seu domínio mundial, ao mesmo tempo que paradoxalmente multiplicaram as fronteiras ao pulverizar os Estados.
Com que resultados?
Segundo o relatório referente a 1999 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) a diferença de rendimentos entre os países mais ricos e os países mais pobres era de 30 para 1 em 1960, e passou em 1997 a ser de 74 para 1.
A crise actual é, como se diria antigamente, uma filha natural do enxerto neoliberal na árvore do capital.
Mas eis que agora já se fala num novo enxerto.
Começa a apregoar-se que vem aí um «novo capitalismo»: «social», «de rosto humano», solidário. E num mundo desvastado pelo capital ecoa o apelo: «salvemos o capitalismo»!
Um novo enxerto?
É caso para dizer: na primeira qualquer cai mas na terceira...
Com o capitalismo à solta, as desigualdades não param de aumentar no mundo e no interior das nações. O capitalismo é um sistema que cria um belo futuro para novas crises, quando provoca tensões sociais, motins raciais e outras guerras, civis ou não, mais ou menos larvares.
A teologia neoliberal devorou os cérebros. Na palavra dos gurus do neoliberalismo as reivindicações populares foram apresentadas como «conservadorismo» e a flexibilização, a polivalência e a desregulamentação generalizada dos direitos sociais como «reformas para o progresso». Afirmações sumárias foram apresentadas e repisadas como «incontornáveis», «indiscutíveis». O mercado (entenda-se: capitalista) foi elevado a «condição da democracia», o individualismo identificado como dinamismo, autenticidade, futuro, e o socialismo como «ultrapassado, parado, autocrático, «totalitário».
Virando as realidades de pernas para o ar, o mundo foi distorcido, como as imagens dos espelhos deformantes das feiras. Só que estas imagens não são motivo de riso. Vale a pena recordar por exemplo que, no desabar da União Soviética, Boris Ieltsin era apresentado como representante da «esquerda», Gorbatchov era do «centro», e eram da «direita» todos aqueles que não apelavam à restauração de um mercado capitalista e à pilhagem dos bens do Estado.
O enxerto neoliberal foi bem profícuo à velha árvore do capital.
Foi um dos suportes de uma globalização feita a partir do topo, por um pequeno grupo de países imperialistas, que com a cruzada neoliberal reforçaram o seu domínio mundial, ao mesmo tempo que paradoxalmente multiplicaram as fronteiras ao pulverizar os Estados.
Com que resultados?
Segundo o relatório referente a 1999 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) a diferença de rendimentos entre os países mais ricos e os países mais pobres era de 30 para 1 em 1960, e passou em 1997 a ser de 74 para 1.
A crise actual é, como se diria antigamente, uma filha natural do enxerto neoliberal na árvore do capital.
Mas eis que agora já se fala num novo enxerto.
Começa a apregoar-se que vem aí um «novo capitalismo»: «social», «de rosto humano», solidário. E num mundo desvastado pelo capital ecoa o apelo: «salvemos o capitalismo»!
Um novo enxerto?
É caso para dizer: na primeira qualquer cai mas na terceira...
Com o capitalismo à solta, as desigualdades não param de aumentar no mundo e no interior das nações. O capitalismo é um sistema que cria um belo futuro para novas crises, quando provoca tensões sociais, motins raciais e outras guerras, civis ou não, mais ou menos larvares.