O grande circo lusitano
O espectáculo de há muito está montado e a crise financeira é a sua vedeta principal. O grande truque que Sócrates esconde na manga é o dos seus apresentadores falarem alternadamente em penúria e em progresso no desenvolvimento. Não há dinheiro para o essencial mas ele corre como uma torrente para socorrer a banca e os seus agiotas ou para promover as iniciativas públicas faraónicas que sempre foram traços característico dos estados totalitários. Portugal é uma pirâmide doirada carregada às costas pelo povo português.
Um exemplo gritante e actual deste disparate intencional de critérios é o que se passa no sector da Saúde. São bem conhecidos os sucessivos «cortes» orçamentais que mais não representam que movimentos estratégicos destinados a acabar de vez com o Serviço Nacional de Saúde, uma conquista de Abril. Se não há dinheiro para financiar hospitais e outros serviços de saúde, a culpa é da crise financeira mundial clamam os capatazes de Sócrates. Num país que não sai da cauda da Europa, onde falham as redes sanitárias e os preços dos medicamentos são escandalosos, Sócrates nunca perde a ocasião para tirar dois coelhos de uma só cartola. Se o Estado deve (só a oito hospitais centrais) mais de 340 milhões de euros e não paga a dívida alegando o problema da dívida pública, o ilusionista surge, quase que de imediato, a anunciar com pompa e circunstância, a construção a curto prazo de 14 gigantescos hospitais implicando investimentos públicos de 2 mil milhões de euros. «Inaugurou» uma primeira maqueta e meteu-se à estrada, de regresso a Lisboa...
Uma para ti, a outra para mim!
É evidente que ninguém de boa fé acredita numa vírgula deste palavreado de hipnotizador. Sócrates e os seus declaram frequentemente que as grandes obras públicas (como é o caso dos hospitais) que o Governo diz lançar têm três objectivos principais: instalar novas infraestruturas e promover o desenvolvimento nacional, colocando-as ao serviço das populações; criar novos postos de trabalho, combatendo assim a pobreza e o desemprego; e aumentar a capacidade da vertente democrática do Estado, reforçando as suas instituições representativas (neste caso, o SNS).
Daqui decorrem, no caso dos hospitais e em muitas subsectores da Saúde, tremendas contradições. São os cuidados de saúde «tendencialmente gratuitos, gerais e universais», como o impõe a Constituição da República? Como se entenderá, então, que todas as novas unidades hospitalares a construir sejam de antemão classificadas como EPP (Empresas Público-Privadas)? A verdade é que nas EPP, as áreas não-lucrativas pertencem ao Estado que assume a responsabilidade da instalação e manutenção dos serviços são estatais, mas toda a gestão da organização é entregue aos interesses privados cujo objectivo último é a obtenção e a acumulação do lucro. Por outro lado, se vierem a ser efectivamente construídos os novos hospitais só dificilmente criarão mais emprego efectivo. Nos projectos em curso, fala-se inevitavelmente da criação de «parcerias» e na utilização temporária do gigantesco exército de desempregados que não cessa de crescer. E é evidente que se pode antecipar com que entidades conta Sócrates para constituir as suas parcerias: com as IPSS, com as ONG, com as Misericórdias, com as Ordens Religiosas, com as fundações públicas e privadas e com os banqueiros. Com a «sociedade civil católica», em suma.
Bem se poderia dizer que o governo de Sócrates «em tudo quanto toca transforma o metal velho em oiro». O oiro que depois fica com ele para o partilhar com os seus amigos de peito.
O panorama real do sector da Saúde é assustador. Há uma crise sectorial que encaixa noutra crise nacional a qual, finalmente se integra na crise mundial do capitalismo. Em três anos, por exemplo, os preços dos medicamentos aumentaram 95 milhões de euros e, sem sombra de dúvida, continuarão a crescer.
O que se passa na Saúde faz recordar panoramas da época feudal: o Trono ordena, a Nobreza serve o Trono, a Igreja apoia os ricos mas proclama a Caridade.
Quase se poderia dizer: «É o trio do Diabo»... Importa destruir este ciclo infernal.
Um exemplo gritante e actual deste disparate intencional de critérios é o que se passa no sector da Saúde. São bem conhecidos os sucessivos «cortes» orçamentais que mais não representam que movimentos estratégicos destinados a acabar de vez com o Serviço Nacional de Saúde, uma conquista de Abril. Se não há dinheiro para financiar hospitais e outros serviços de saúde, a culpa é da crise financeira mundial clamam os capatazes de Sócrates. Num país que não sai da cauda da Europa, onde falham as redes sanitárias e os preços dos medicamentos são escandalosos, Sócrates nunca perde a ocasião para tirar dois coelhos de uma só cartola. Se o Estado deve (só a oito hospitais centrais) mais de 340 milhões de euros e não paga a dívida alegando o problema da dívida pública, o ilusionista surge, quase que de imediato, a anunciar com pompa e circunstância, a construção a curto prazo de 14 gigantescos hospitais implicando investimentos públicos de 2 mil milhões de euros. «Inaugurou» uma primeira maqueta e meteu-se à estrada, de regresso a Lisboa...
Uma para ti, a outra para mim!
É evidente que ninguém de boa fé acredita numa vírgula deste palavreado de hipnotizador. Sócrates e os seus declaram frequentemente que as grandes obras públicas (como é o caso dos hospitais) que o Governo diz lançar têm três objectivos principais: instalar novas infraestruturas e promover o desenvolvimento nacional, colocando-as ao serviço das populações; criar novos postos de trabalho, combatendo assim a pobreza e o desemprego; e aumentar a capacidade da vertente democrática do Estado, reforçando as suas instituições representativas (neste caso, o SNS).
Daqui decorrem, no caso dos hospitais e em muitas subsectores da Saúde, tremendas contradições. São os cuidados de saúde «tendencialmente gratuitos, gerais e universais», como o impõe a Constituição da República? Como se entenderá, então, que todas as novas unidades hospitalares a construir sejam de antemão classificadas como EPP (Empresas Público-Privadas)? A verdade é que nas EPP, as áreas não-lucrativas pertencem ao Estado que assume a responsabilidade da instalação e manutenção dos serviços são estatais, mas toda a gestão da organização é entregue aos interesses privados cujo objectivo último é a obtenção e a acumulação do lucro. Por outro lado, se vierem a ser efectivamente construídos os novos hospitais só dificilmente criarão mais emprego efectivo. Nos projectos em curso, fala-se inevitavelmente da criação de «parcerias» e na utilização temporária do gigantesco exército de desempregados que não cessa de crescer. E é evidente que se pode antecipar com que entidades conta Sócrates para constituir as suas parcerias: com as IPSS, com as ONG, com as Misericórdias, com as Ordens Religiosas, com as fundações públicas e privadas e com os banqueiros. Com a «sociedade civil católica», em suma.
Bem se poderia dizer que o governo de Sócrates «em tudo quanto toca transforma o metal velho em oiro». O oiro que depois fica com ele para o partilhar com os seus amigos de peito.
O panorama real do sector da Saúde é assustador. Há uma crise sectorial que encaixa noutra crise nacional a qual, finalmente se integra na crise mundial do capitalismo. Em três anos, por exemplo, os preços dos medicamentos aumentaram 95 milhões de euros e, sem sombra de dúvida, continuarão a crescer.
O que se passa na Saúde faz recordar panoramas da época feudal: o Trono ordena, a Nobreza serve o Trono, a Igreja apoia os ricos mas proclama a Caridade.
Quase se poderia dizer: «É o trio do Diabo»... Importa destruir este ciclo infernal.