Significado e funções do associativismo desportivo (1)
A crescente «terciarização» da população, a diminuição do tempo de trabalho transformando o tempo livre num tempo social cada vez mais longo, a precarização e dificuldade de acesso (jovens e desempregados), e a crise das relações do indivíduo com o Estado, colocaram novos problemas ao associativismo voluntário e fizeram com que o clube passasse a assumir uma nova importância na sociedade actual. Mas, como se sabe, por ser a lógica consumista e economicista a regular a intervenção dos actores associativos no interior da sociedade, o Movimento Associativo não viu, até agora, devidamente reconhecido o enorme contributo que fornece em diferentes planos: social, cultural, fomentador da democracia participativa, sociabilizador, expressão de solidariedades e de integração social e de luta contra a exclusão, enfim, factor contribuinte para a formação da nova cidadania tão reclamada, mais interventiva, mais dinamizadora do tecido social, mais estruturante de uma «nova sociedade».
A mercantilização das relações sociais, ou seja, a predominância da lógica mercantil em toda a sociedade, e o desejo de liquidar todas as organizações de carácter intermédio que podem colocar-se entre o Estado e o mundo do trabalho, estão na origem desta falta de reconhecimento e na enorme pauperização do associativismo, na medida em que àquela interessam somente as instituições lucrativas ou, pelo menos, auto-suficientes.
Apesar desta situação se viver em praticamente todos os países europeus, traduzindo-se pela existência de uma crise acima de tudo de meios que dificultam a acção dos seus dirigentes, todas as estatísticas demonstram o aumento constante, mais ou menos acelerado, do número de associações e a extensão dos seus campos de intervenção. Esta contradição nem sempre é correctamente compreendida, inclusive pelo próprio Movimento Associativo, mas surge com clareza quando se toma em consideração o choque, actualmente cada vez mais vivo e violento, entre a expressão mais ou menos clara das necessidades do indivíduo e os interesses económicos dominantes.
Para muitos daqueles que vêem no associativismo um factor indesejável de dinamismo social, esta contradição deve ser resolvida, no interior do próprio clube (ou colectividade, como se queira chamar) através da liquidação do «associativismo clássico» substituindo-o ou por uma «associação» profissionalizada que se deve transformar numa autêntica empresa, ou então por um novo tipo de associativismo de carácter muito menos estruturado e muito mais efémero («volatibilidade» do associativismo). Ao lado destes, os defensores de um processo de democratização plena e profunda da sociedade assente na participação alargada dos cidadãos na resolução das crescentes dificuldades sociais (culturais, formativas e económicas) afirmam a importância crescente do associativismo. Consolidada, quer como elemento estruturante da própria vida social quer porque o seu impacto sobre a vida económica e o seu interesse geral não cessa de aumentar, num mundo em que permanentemente se fala de falta de solidariedade, de individualismo exacerbado e de ausência de respostas aos problemas gerais (jovens, idosos, marginais, desintegrados, excluídos, etc.). A política dominante recusa-se a reconhecer a importância daquela segunda posição e a aceitar que, tendo mudado as condições de vida social, também as formas práticas de actuação têm de evoluir. Com esta recusa, muitos fenómenos negativos a que se assiste sofrem um sério agravamento e a vida social, no seu conjunto, não encontra soluções que só o trabalho voluntário, economicamente desinteressado de muitos milhares de cidadãos, pode fornecer.
Naturalmente tudo dependerá da tendência dominante que vier a assumir a evolução da dinâmica social e as formas concretas através das quais nela se vierem a exprimir as necessidades do indivíduo e dos grupos. Contudo, não é menos certo que não se está perante qualquer tipo de fatalidade a que o «homem moderno» está condenado. E não se está também a falar de qualquer tipo de utopia que, apesar de constituir um elemento dinâmico renovador essencial, é sempre apresentada como inatingível. Fala-se de uma realidade que é quotidianamente construída pelo esforço, a dedicação e a solidariedade viva de homens e mulheres que não deixam nunca de procurar melhores soluções para os seus problemas de vida, para as necessidades dos seus filhos e para a melhoria da qualidade da existência na comunidade.
A mercantilização das relações sociais, ou seja, a predominância da lógica mercantil em toda a sociedade, e o desejo de liquidar todas as organizações de carácter intermédio que podem colocar-se entre o Estado e o mundo do trabalho, estão na origem desta falta de reconhecimento e na enorme pauperização do associativismo, na medida em que àquela interessam somente as instituições lucrativas ou, pelo menos, auto-suficientes.
Apesar desta situação se viver em praticamente todos os países europeus, traduzindo-se pela existência de uma crise acima de tudo de meios que dificultam a acção dos seus dirigentes, todas as estatísticas demonstram o aumento constante, mais ou menos acelerado, do número de associações e a extensão dos seus campos de intervenção. Esta contradição nem sempre é correctamente compreendida, inclusive pelo próprio Movimento Associativo, mas surge com clareza quando se toma em consideração o choque, actualmente cada vez mais vivo e violento, entre a expressão mais ou menos clara das necessidades do indivíduo e os interesses económicos dominantes.
Para muitos daqueles que vêem no associativismo um factor indesejável de dinamismo social, esta contradição deve ser resolvida, no interior do próprio clube (ou colectividade, como se queira chamar) através da liquidação do «associativismo clássico» substituindo-o ou por uma «associação» profissionalizada que se deve transformar numa autêntica empresa, ou então por um novo tipo de associativismo de carácter muito menos estruturado e muito mais efémero («volatibilidade» do associativismo). Ao lado destes, os defensores de um processo de democratização plena e profunda da sociedade assente na participação alargada dos cidadãos na resolução das crescentes dificuldades sociais (culturais, formativas e económicas) afirmam a importância crescente do associativismo. Consolidada, quer como elemento estruturante da própria vida social quer porque o seu impacto sobre a vida económica e o seu interesse geral não cessa de aumentar, num mundo em que permanentemente se fala de falta de solidariedade, de individualismo exacerbado e de ausência de respostas aos problemas gerais (jovens, idosos, marginais, desintegrados, excluídos, etc.). A política dominante recusa-se a reconhecer a importância daquela segunda posição e a aceitar que, tendo mudado as condições de vida social, também as formas práticas de actuação têm de evoluir. Com esta recusa, muitos fenómenos negativos a que se assiste sofrem um sério agravamento e a vida social, no seu conjunto, não encontra soluções que só o trabalho voluntário, economicamente desinteressado de muitos milhares de cidadãos, pode fornecer.
Naturalmente tudo dependerá da tendência dominante que vier a assumir a evolução da dinâmica social e as formas concretas através das quais nela se vierem a exprimir as necessidades do indivíduo e dos grupos. Contudo, não é menos certo que não se está perante qualquer tipo de fatalidade a que o «homem moderno» está condenado. E não se está também a falar de qualquer tipo de utopia que, apesar de constituir um elemento dinâmico renovador essencial, é sempre apresentada como inatingível. Fala-se de uma realidade que é quotidianamente construída pelo esforço, a dedicação e a solidariedade viva de homens e mulheres que não deixam nunca de procurar melhores soluções para os seus problemas de vida, para as necessidades dos seus filhos e para a melhoria da qualidade da existência na comunidade.