Polícia turca reprime protestos

DTP ilegalizado

Cerca de dez mil pessoas foram dispersas pela polícia na cidade de Diyarbakir, Sudoeste da Turquia, na segunda-feira, 14, quando se manifestavam contra a recente proibição do Partido da Sociedade Democrática (DTP).

O DTP conta com 21 deputados no Parlamento

A decisão de dissolver o DTP, anunciada, na sexta-feira, 11, pelo Tribunal Constitucional da Turquia, gerou de imediato protestos entre a população curda, que saiu para as ruas em vários pontos do país, incluindo a cidade mais populosa, Istambul, onde se registram confrontos violentos com a polícia.
Desde a sua fundação em 1963, o Tribunal da Turquia já ilegalizou 24 partidos, dos quais seis formações curdas.
O TC justificou a ordem de dissolução do DTP, adoptada por unanimidade, com as «suas ligações à organização terrorista», aludindo ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), e por considerar que aquela formação política se transformou «num centro de actividades prejudiciais à independência do Estado e à sua unidade indivisível».
A ilegalização do DTP, partido que obteve dois milhões de votos e conta com 21 deputados eleitos no parlamento, ocorre num momento em que as autoridades prometiam um processo de diálogo e pacificação com a minoria curda. Segundo declarou o presidente do DTP, Ahmet Türk, «esta decisão é desencorajante, mas acreditamos que a Turquia alcançará a paz um dia».
O DTP garante não manter relações com o PKK, mas recusa-se a qualificá-lo como organização terrorista e insiste na necessidade de o governo iniciar conversações de paz.
Em sinal de protesto, os 21 deputados do DTP anunciaram que abandonarão o parlamento, o que deveria obrigar à realização de eleições nos círculos pelos quais foram eleitos.

Tensão recrudesce

Esta nova ofensiva das autoridades turcas traduziu-se de imediato num aumento da tensão. Na semana passada, os guerrilheiros curdos reivindicaram um ataque contra uma patrulha militar no norte da Turquia, durante o qual foram mortos sete soldados turcos.
Em comunicado, o PKK afirmou que se tratou de uma resposta à intensificação das operações hostis do exército e ao agravamento das condições de vida do seu líder Abdullah Ocalan, encarcerado na ilha prisão de Imrali. Desde Abril que os guerrilheiros curdos tinham declarado «um período de tréguas».
Por seu lado, um porta-voz da União Europeia expressou, na segunda-feira, 14, o receio de que a ilegalização possa pôr em causa o «sucesso na abertura democrática», mas, hipocritamente, não deixou de «lamentar» que «o DTP tenha recusado, de forma contínua, afastar-se claramente do PKK e condenar o terrorismo».


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