Islândia

Accionistas usaram banco falido

Mais de três mil islandeses manifestaram-se, dia 13, frente ao parlamento nacional, o Althingi, recusando-se pagar as dívidas contraídas pela banca privada.

O governo islandês corta 30 por cento da despesa pública

Quando o Landsbanki foi à falência em Outubro de 2008, muitos britânicos e holandeses perderam os depósitos que tinham feito através da filial digital Icesave, entidade que pagava elevadas taxas de juro.
Agora sob pressão da Grã-Bretanha e da Holanda, o governo islandês mostra-se disposto a contrair novo empréstimo no valor de quatro mil milhões de euros (cerca de 13 200 euros por habitante) para cumprir as obrigações da instituição privada, entretanto nacionalizada.
O anúncio despertou a fúria da população, que está a ser fortemente penalizada pelos desmandos da banca privada, e colocou em pé de guerra o Partido da Independência, que ameaça derrubar o executivo de centro-direita e suspender o pedido de adesão do país à União Europeia.
Num contexto de profunda crise, o apoio à União Europeia está hoje em franco em declínio. Segundo uma sondagem publicada em 5 de Agosto, 48,5 por cento da população contra a entrada na UE e apenas 34,7 se manifesta a favor.


Escândalos acumulam-se

Neste pacato país de apenas 300 mil habitantes, a revolta da população cresce à medida que são anunciadas novas medidas de austeridade, sempre justificadas com a necessidade de pagar os compromissos da banca privada.
Recentemente, num artigo publicado no Financial Times, a primeira-ministra islandesa, Johanna Sigurdardottir, avisou que o seu governo planeia cortes de 30 por cento na despesa pública durante os próximos três anos. E acrescentou que só os depósitos estrangeiros do Icesave representam 50 por cento do Produto Interno Bruto.
Mas ao mesmo tempo que penaliza a generalidade da população, o governo tem protegido os banqueiros e especuladores que arrastaram a ilha para a bancarrota e cometeram actos fraudulentos como recentemente foi revelado pelo site wikileak.org.
Segundo este site, o maior banco islandês, Kaupthing Bank, emprestou avultadas somas a 205 entidades e particulares duas semanas antes de ter declarado falência, em 9 de Outubro de 2008. Na extensa lista encontram-se sobretudo os grandes accionistas da instituição, que receberam montantes entre os 45 milhões e 1,4 mil milhões de euros.
O grupo Exista, por exemplo, o maior accionista do banco, beneficiou de «empréstimo» de 1,42 mil milhões de euros, enquanto o grupo Skipti, detido em 99 por cento pelo primeiro e igualmente accionista do Kaupthing, foi presenteado com 320 milhões de euros. Altos quadros destes e de outros grupos figuram igualmente nesta lista com montantes de várias centenas de milhões de euros, concedidos sem qualquer garantia dias antes do anúncio da insolvência.
Sem desmentirem os factos, os advogados do «novo» Kaupthing, agora nacionalizado, evocaram o segredo bancário para proibir a divulgação do incómodo documento, intimando o site que o desvendou a retirá-lo da página.
Em 20 de Julho, o Estado islandês anunciou o financiamento com 1,5 mil milhões de euros dos três principais bancos do país, nacionalizados de urgência em Outubro, entre os quais está o New Kaupthing. Após semanas de negociações, o governo concluiu um acordo com os credores das instituições, que prevê a entrega da quase totalidade do capital de dois bancos (Islandsbanki e New Kaupthing) aos antigos accionistas.


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