Na Cimianto e da Novinco

O Estado tem de intervir

Exigir a intervenção do Governo através do IAPMEI, para impedir despedimentos e o fim da Cimianto e da Novinco foi o propósito da deslocação dos trabalhadores, dia 27, aos ministérios da Economia e do Trabalho, em Lisboa.

«Tudo faremos para garantir os empregos e as empresas»

Com os salários de Abril em atraso, sem saberem como e quando receberão os de Maio, e perante administrações que accionaram processos de insolvência em ambas as fábricas, cerca de 130 trabalhadores da fábrica de fibrocimento Cimianto, de Vila Franca de Xira, e da fábrica de materiais de construção Novinco, em Leça do Baldio, Matosinhos, deslocaram-se a Lisboa e obtiveram, daqueles ministérios, garantias de que o processo de viabilização de ambas as empresas está a ser acompanhado pelo Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas, IAPMEI.
Da acção, promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos e Similares do Sul e Regiões Autónomas, da CGTP-IN, que pretendeu repudiar a gestão praticada por ambas as administrações, resultou «um avanço que nunca tínhamos conseguido até aqui», salientou, diante do Ministério do Trabalho, o dirigente e porta-voz da delegação sindical, Augusto Nunes.
Há mais de dois meses que o sindicato solicitava ser recebido nos ministérios para abordar a situação real destas empresas, mas sem quaisquer resultados. Foi só graças à força do protesto que os representantes dos trabalhadores ficaram finalmente a saber como ambos os processos estão a ser avaliados no IAPMEI, tendo o sindicato exigido celeridade na resposta, face à grave situação social em que se encontram os trabalhadores.
Segundo o dirigente sindical, embora mantenha uma boa carteira de encomendas e todo o material produzido seja vendido, a administração da Cimianto nada fez para garantir a viabilidade da empresa e a manutenção dos postos de trabalho.
Segundo o membro da Direcção Executiva do Conselho Nacional da CGTP-IN, e dirigente da Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidros, Fátima Messias, está prevista, para breve, a tomada de uma decisão sobre a insolvência da Cimianto.
Desde Janeiro que os salários nesta empresa são pagos em três tranches, estando em atraso parte de Abril, a que acresce, agora, Maio, esclareceu o representante sindical, salientando a intenção da administração de suprimir, brevemente, 20 a 25 postos de trabalho, numa empresa que emprega 86 trabalhadores.
Na Novinco, também há encomendas e resultados que podem viabilizar a empresa, mas falta matéria-prima, por culpa da má gestão, garantiu Augusto Nunes, salientando que a empresa pretende despedir a totalidade dos 66 trabalhadores.
O sindicato exige a intervenção do Governo, «pois aqui está em causa a especulação imobiliária que a administração pretende fazer com os terrenos», considerou.
Ficou decidido agendar plenários, para breve, no propósito de informar os trabalhadores sobre o andamento do processo e para que decidam quais serão os próximos passos a dar na luta pelos seus direitos. «Tudo faremos em defesa dos postos de trabalho e das empresas», garantiu o dirigente sindical, salientando a necessidade de os trabalhadores se manterem unidos e vigilantes para impedirem a saída de dinheiros, materiais e de máquinas que sejam património das empresas.


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