Está nas nossas mãos!

Ângelo Alves
Um diário titulava no passado dia 17 de Maio que «2 em cada 3 elei­tores não votam nas eu­ro­peias», dando como certos os dados estimados numa sondagem, que vale o que vale. Já na passada terça-feira vários jornais noticiavam um estudo da revista The Eco­no­mist, titulando «Qua­li­dade da de­mo­cracia em Por­tugal está a pi­orar». Estes são apenas alguns exemplos das muitas notícias que nos últimos tempos têm abundado nos media em torno da velha e recorrente ideia da «crise dos políticos e da política».
Numa situação de profunda crise do capitalismo, de crise resultante das políticas que PS, PSD e CDS/PP têm defendido e executado, quer em Portugal quer na Europa, a campanha do «são todos iguais» ressurge, em plena campanha eleitoral, com toda a força. E não inocentemente. É que, face ao descrédito generalizado - embora longe de totalmente politizado - no sistema e nas políticas que estes partidos defendem, agora tudo serve para repartir por todos as responsabilidades pela situação em que se encontra o país e a Europa, nem que para isso se tenha que semear nas consciências a ideia de que não vale a pena votar, não vale a pena lutar, não vale a pena sequer pensar em alternativas. É assim, e por isso, que se assiste à deliberada valorização mediática do «fait divers», da trica política, do pequeno escândalo.
Tudo serve para afastar os portugueses da reflexão em torno das políticas (e não da política) e da prática política dos seus executores (e não dos políticos). Tudo serve para fugir à questão central: quais são as políticas que estão na origem desta situação, quem são os responsáveis e quais são as alternativas que as diferentes forças políticas preconizam. Tudo serve, desde o criterioso silenciamento da CDU, à mediatização de atitudes aberrantes. Os exemplos são muitos, mas a última tirada de Vital Moreira – que já nos vai habituando à sua «vozearia» - acusando os outros partidos de terem «listas fantasma» é um exemplo elucidativo de como se pode descer ao mais baixo nível possível da argumentação política. A Marcha do «protesto, confiança e luta» dará uma resposta exemplar àqueles que insistem pela sua prática em afastar os portugueses da política da participação democrática. Uma resposta daqueles que acreditaram, acreditam e irão continuar a acreditar que está nas nossas mãos transformar o País e o mundo em que vivemos!


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